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Lembra-se dos anos 90? Eles estão de volta

1. Frame do vídeo Kiss them for me, por Siouxie and the Banshees, em 1991.
2. Banco Sweet Jane, por Charlie Davidson, inspirado num corpete/espartilho, forrado a cabedal pespontado, edição quase única, mais info no site do autor.
3. Poltrona Crunk, por Charlie Davidson, estrutura oculta em mdf forrada com folha de alumínio preto moldada à vontade do usador. Mais info no site do autor.
4. Abatjour Fade Maxi, franjado e tingido ombré, 61 cm de franja, para teto ou candeeiro de chão, da Belle&Vidére.
5. Modelo de Gareth Pugh, apresentado na London Fashion Week Spring 2017.
6. Candeeiro de teto Black Light, por Charlie Davidson, estrutura oculta em fio metálico forrada com folha de alumínio preto moldada à vontade do usador. Mais info no site do autor.
7. Mosaico Black Keops, cerâmica vidrada a alto brilho, 30x60cm, da Dune, €34,93 cada peça na Gama Uno.
8. Vaso Sakura, por Nendo, porcelana biscuit, 30cm de altura, protótipo realizado para a Sèvres.
9. Candeeiro de teto 85 Lamps, por Rody Graumans, €2.695 na Droog.
10. Mesa de apoio The Circus Revisited, por Matteo Cibic, Ø69,5x50cm, mdf, multiestrato de madeira e insertos de resina, a partir de €2.095 na Scarlet Splendour.
11. Chaise longue Terminal 1, por Jean-Marie Massaud, casco exterior em poliuretano rígido e interior em espuma de poliuretano e Bayfit® moldados a frio e forrados a cabedal, €8.050 da B&B Italia.
12. Candeeiro de teto Kepler, por Arihiro Miyake, eluminio lacado a epoxy, Ø110cm, da Nemo, €1.820 na Volumes Puros.
13. Perfume Sarrasins, à base de jasmim branco, €175/75ml, na Serge Lutens.
14. Papel de parede Pink Affection, medidas a la carte, €49/m2 na Mr. Perwall.
15. Candeeiro de chão Yukiko, por Roderick Vos, preço sob consulta no online do autor.

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Kiss them for me: quando Siouxie e o design perderam a estrica.

No início da década de 90, Siouxie, com os Banshees, cantava isto num vídeo em que a tinham obrigado a trocar a linha pura e dura de punk maluca destrambelhada por um look normal e adoçado e, de longe, muito mais politicamente correto. E tenho a certeza que ela estava com o ar mais triste e conformado que lhe vi desde sempre.

Em 90 o design de interiores fez a mesma coisa às casas que o produtor fez a Siouxie: normalizou-as e adoçou-as. O crescendo criativo que vinha desde há centenas de anos no desenho das coisas, em 90, foi freado e adequado, seja lá adequado o que for, mas coisa boa não foi.

Os anos 90 fizeram-nos isso a todos, acabaram com o carnaval de vida que fora a década de 80 e obrigaram toda a gente a pôr os pés no chão. A alguns, os joelhos mesmo.

Não gosto daquela década, nunca gostei, deve ser pessoal. Mas em termos de design foi a última, verdadeiramente, com alguma réstia de carácter e originalidade, mesmo que por maus motivos. E com peso suficiente para ter dado já a volta e regressar, de há muito pouco tempo para cá, como tendência dos gostos do público.

Se calhar o mundo está a passar pelo mesmo sem se dar conta, mas quem desenha as coisas já deu, e foi buscar a 90 – com as tendências – a mesma receita para a mesma ‘maleita’. Apesar de não haver, aparentemente, nos últimos anos nenhum carnaval de que tenhamos que nos despedir, as diretrizes gerais da década estão aí todas outra vez. Antes do mais, preto como cor base de trabalho. Ou, se para si for demais, os amigos do preto: antracite, ardósia, azuis-noite, ultramarino profundo ou beringela. A cor que melhor casa com eles é branco, mas nunca branco ótico, esse é declaradamente propriedade da década anterior, os anos 80. Tem que ser sempre sujo ou amarelado, numa espécie de patine para que os pretos não fiquem aos gritos no meio da cena.

O acabamento ideal para o gosto de uma década de luto chique é o lustro, a patine exagerada, e pelos mesmos motivos, as matérias-primas favorita são as peles e os cabedais, se possível mesmo couro, que acolhe da melhor forma aquele ar partido e usado de que tanto gostavam os anos 90.

As flores são o estampado favorito daquela década, e todas, desde a representação quase fotográfica até aos delírios que o uso cada vez mais divulgado da intervenção digital permitia. E desde 90 as flores são presença assídua, tanto na moda como na deco, estação após estação.

Por tudo isto aquela década merece mesmo um beijinho na testa, de obrigado – e descarreguemos todos para o iPod esta faixa da Siouxie e dos Banshees, que ainda por cima é ótima para andar no paredão com o passo estugado de Júlia Schoenberg num desfile de Lacroix, à época: