Cancro de mama. Aumento na comparência nos rastreios faz subir novos casos

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[Fotografia: pexels/Klaus NIelsen]

Nos primeiros seis meses do ano, quase meio milhão de mulheres portuguesas entre os 50 e os 69 anos (489 485) foi convidada pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) para rastreio do Cancro da Mama, das quais 43% aderiu a rastreio de primeira vez, o que totaliza 212 003 comparência. Uma participação que se aproxima a passos largos, em apenas um semestre, dos valores totais de 2022 (381 204 malograrias realizadas), e suplanta largamente o volume da adesão do ano passado ao exame de prevenção de 23%. “Há um crescimento dessa taxa e acreditamos que vai subir exponencialmente este ano porque se deve ao facto de Lisboa ter iniciado o rastreio no ano passado”, justifica Vítor Veloso, a propósito do dia em que se evoca a Prevenção do cancro da mama, esta segunda-feira, 30 de outubro. O presidente do núcleo regional do Norte da LPCC não duvida que, “em três ou quatro anos, será possível atingir taxas de 60 a 70% das mulheres rastreadas, o que é considerado nível de qualidade segundo padrões da comunidade europeia”.

Um crescimento na adesão que está a conduzir a um incremento no número de novos casos de cancro de mama, mas se estes são ou não proporcionais aos aumentos dos rastreios, o responsável da LPCC não avança, para já, números. Revela, contudo, que “nestes primeiros meses de 2023, encontrámos muitos mais cancros de mama”. “Não direi que tenha aumentado na mesma proporção do rastreio, mas subiu de modo visível e o encaminhamento para os hospitais de referência e para tratamento foi maior do que outros anos, disso não temos dúvidas”, afirma.

Emília Vieira, presidente da Associação Amigas do Peito, entidade de apoio a utentes oncológicos sediada no Campus do Hospital Santa Maria, em Lisboa, corrobora estes dados. “Houve mais casos logo no fim da pandemia e alguns deles em fase muito avançada”, refere, alertando para o facto de estarem a surgir em “mulheres muito jovens, abaixo dos 40 anos, a partir dos 30” e também “acima dos 80”. “Há um grande incremento de doenças oncológicas em todo o território nacional, sobretudo em mulheres mais jovens e com cancros mais agressivos”, sublinha.

Mais de metade ainda escapa ao radar

Apesar de os resultados estarem a subir, mais de metade das mulheres ainda não está a responder à convocatória. Para Vítor Veloso, entre as razões que justificam esta ausência aponta as utentes que já fazem os exames de prevenção pelo “Centro de Saúde, pelo médico privado e até muito por subsistemas de saúde, consequentemente não temos maneira de as ir sensibilizando a comparecerem”. O presidente do núcleo Norte da LPCC pede, por isso, “mais esclarecimento, mais sensibilização e mais diagnóstico precoce”. “É preciso que as nossas mulheres e os nossos homens façam deteção precoce e é fundamental que isso represente uma cura, uma sobrevivência com qualidade de vida e retoma no que estavam a fazer anteriormente”, reitera Vítor Veloso.