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Como as redes sociais mudaram as relações amorosas

Percorra a galeria de imagens para saber quais são os vários tipos de homens de que Helena Magalhães fala no livro 'Diz-lhe que não'. O primeiro tipo é o sem cojones: "Ninguém gosta para sempre. É o curso natural das relações humanas e não podemos ficar magoados com a outra pessoa por se desencantar por nós. Mas podemos ficar se ela simplesmente desaparecer para fazer uma viagem espiritual aos Alpes que, afinal, foi só até ao Rádio Hotel em Alcântara"
Os homens mais novos: "Eles continuam a beijar-se e toda a gente fica em silêncio, de olhos no prato, a mastigar silenciosamente. Os beijos tornam-se mais intensos. E as pessoas já não sabem o que hão-de fazer porque se sentem constrangidas. Que nojo, arranjem um quarto. Só que o casal somos mesmo nós e eu estou a fazer estas figuras. Mas como não? Ele tem 24 anos"
O pila pequena: "Tirei-lhe a camisa, deixei-o despir-me no seu jeito e, embora com alguma confusão de pernas, a coisa lá se proporcionou. Não houve preliminares e ele não me deixou fazer nada, entrou simplesmente no jogo. Se era sexo, era sexo. Parecia correr tudo bem, até, trinta segundos depois, o sentir arquejar, tremer e parar. Ficou parado em cima de mim sem eu entender muito bem o que se tinha passado"
O primeiro amor: "A razão por que os primeiros amores são tão intensos é porque as experiências de amor jovem são poderosas. Os nossos corações são inocentes – ainda não fomos presenteadas com uma fotografia de um pénis no nosso telefone – mas, acima de tudo, as memórias ganham um poder arrebatador dentro de nós com o passar dos anos"
O velho: "Mas quem pede um tempo, quer um tempo para quê? Para a outra pessoa voltar mais daqui a um bocado? Pede um tempo para ir dar uma volta ao bilhar grande enquanto areja as ideias? Pede um tempo e anota no calendário quando é que vai voltar a telefonar? Pedir um tempo é uma desculpa cobarde de quem não tem coragem para dizer que quer, na verdade, um fim, uma conclusão, um remate, um termo. Pedir um tempo não é saudável nem reversível"
O poeta: "Era um tipo que apenas queria uma companhia que afastasse a solidão. Foi essa a conclusão a que chegámos. E nem o condeno por isso – vivermos demasiado tempo na nossa própria companhia, por vezes, pode cansar. Queremos ter alguém com quem falar. Alguém sempre disponível para nós. Que goste de nós. E era exatamente isso que o poeta fazia: ele sabia dizer as coisas certas, nos momentos certos, e da forma certa"
O telecomunicações: "Sou obrigada a conseguir interpretar todos estes sinais confusos que este telecomunicações me manda: as palavras que usa, as perguntas que faz e, oh meu Deus!, ele usou um ponto de exclamação. Estará a brincar ou a falar a sério? Quer mesmo ir ao cinema? Ele colocou um emoticon de uma macaco a tapar os olhos, estará envergonhado por me ter convidado?"
O flash: "Fez todas as coisas certas nos momentos certos. E eu devia ter desconfiado porque quem sabe fazer tudo é porque já praticou demasiadas vezes"
O sailor man: "O coração precisa de ser partido em mil bocados para aprender a colar-se e a renascer. Se não sofrêssemos, se não chorássemos, se não caíssemos de cara no chão, não íamos saber viver em felicidade. Porque não a iríamos saber identificar"
O amor da nossa vida: "O amor é sentirmo-nos em casa com alguém ao lado. É sermos nós próprias com alguém ao lado. É fazermos o que quisermos com alguém ao lado. É sermos independentes com alguém ao lado. É partirmos para o mundo com alguém ao lado. É vivermos a nossa vida exatamente da forma como a queremos viver... com alguém ao lado. Alguém que a quer viver da mesma forma. Este é o amor que é realmente outra coisa"

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A escritora e jornalista Helena Magalhães tem 31 anos, cresceu numa época em que não existiam redes sociais como o Facebook, o Instagram e o Tinder, mas hoje dá por si a interpretar emojis, a falar com as amigas em chats e a ser “engatada” por homens no WhatsApp. Por toda esta nova realidade, em que se vê inserida, decidiu escrever Diz-lhe que não, um livro que reflete sobre as relações amorosas atuais.

“As relações por si só, no início, já são muito frágeis. Estamos a conhecer as pessoas e as redes sociais permitem-nos ter muita informação sobre todos de uma forma impessoal e em muito pouco tempo. Acaba por destruir aquela fantasia que é preciso existir em todos nós quando nos estamos a conhecer”, explica ao Delas.pt Helena Magalhães.

Numa altura em que as juras de amor são feitas no WhatsApp, as declarações surgem em forma de fotografias no Instagram e os ex-companheiros convivem no Facebook, a escritora ainda acredita que as redes sociais não estão a mudar o conceito de amor.

“Não estão a mudar porque no final do dia todos queremos a mesma coisa: encontrar outra pessoa. Ninguém quer ficar sozinho. As redes sociais estão a ajustar a forma de nos relacionarmos com os outros. Mudar o amor nunca vão mudar. É preciso que, acima de tudo, nós nos saibamos encaixar em tudo o que está a acontecer à nossa volta e não percamos o foco das coisas que queremos”, clarifica a escritora.


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Uma jura de amor no WhatsApp vale menos do que uma carta apaixonada?

A autora acredita que não. Defende que as demonstrações de amor virtuais não têm menos valor do que tinham as cartas trocadas antigamente entre os apaixonados ou as declarações feitas cara a cara.

“Não valem menos, obviamente, mas as pessoas perdem a capacidade de falar. Perdemos tanto tempo a falar virtualmente que quando estamos cara a cara não há nada para dizer, não sabemos o que dizer. Acabamos por ter muito menos coragem de falar o que queremos falar pessoalmente por passamos o tempo a falar por WhatsApp e a trocar mensagens”, acrescenta Helena Magalhães.

Em Diz-lhe que não, Helena Magalhães fala também de uma geração de amores fast-food cada vez mais difícil de definir, com elementos que vão desde os 13 anos 50 anos, da forma como a solidão afeta ainda mais quem está conectado a milhares de pessoas durante 24 horas por dia e da ligação que algumas pessoas mantêm com os ex-companheiros, continuando a acompanhar toda a sua vida online como se de uma novela se tratasse.

Ao longo dos vários capítulos do livro, a autora conta histórias pessoais carregadas de ironia, que tornam o livro bastante divertido, e vai definindo os tipos de homens com quem as mulheres se costumam cruzar ao longo da vida (pode ver que tipos de homens são esses na galeria de imagens acima).

Ficha técnica do livro:

Diz-lhe que não, Helena Magalhães. A Esfera dos Livros, 15 euros