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Concentração de espermatozoides nos homens ocidentais reduz para metade em 38 anos

Percorra a galeria e fique a conhecer alguns dos hábitos do quotidiano que podem prejudicar a fertilidade masculina. Conheça algumas das causas que têm vindo a ser academicamente investigação, mas também recomendações que têm sido dadas em consultas de apoio à fertilidade. [Fotografia: Shutterstock]
Portáteis e celulares: as radiações destes aparelhos também podem deixar marcas, não só a homens, mas também a mulheres. Por isso, recomendam os médicos especialistas em fertilidade, que deve evitar-se usar computadores portáteis no colo. [Fotografia: Shutterstock]
Micro-ondas: Esta é uma das recomendações que é deixada aos homens – mas também às mulheres – nas consultas de apoio à fertilidade. As radiações geradas por este eletrodoméstico podem provocar danos ao nível da produção de gâmetas, sobretudo porque é muito comum os micro-ondas estarem dispostos nas bancadas das cozinhas, ao nível da cintura.[Fotografia: Shutterstock]
Obesidade e vida sedentária: Um estilo de vida mais sentado também tem sido apontado pelos investigadores como uma das razões para a quebra de fertilidade nos homens. O exercício e a perda de peso podem, dizem os especialistas, ajudar a inverter esta tendência. [Fotografia: Shutterstock]
Tabaco: as grávidas de rapazes que fumam podem estar a contribuir para o decréscimo de fertilidade dos filhos, de acordo com algumas investigações levadas a cabo recentemente. Porém, um estudo dinamarquês de 2004 constatou que, apesar de as taxas de consumo de tabaco estarem a decrescer, não se tem verificado um aumento na contagem de esperma. [Fotografia: Shutterstock]
Momentos difíceis e stressantes: O desemprego, uma mudança de trabalho ou mesmo um divórcio são episódios de angústia que podem contribuir para a diminuição que agora se assinala, refere Shanna Swan, endocrinologista para o sistema reprodutor e professora no Escola de Medicina Ichan, em Nova Iorque. [Fotografia: Shutterstock]
Pesticidas: se uma alimentação equilibrada, variada, com consumo de frutas e legumes poderá melhorar as contagens de gâmetas masculinos, estudiosos dizem que os produtos químicos que são usados nesses mesmos produtos alimentares podem estar o provocar precisamente o efeito contrário e alarmante de que falam os investigadores. Quem o diz é Hagai Levine, epidemiologista e médico em saúde pública da Universidade Hebraica - Hadassah Braun School of Public Health, em Jerusalém. [Fotografia: Shutterstock]
Idade: com as mulheres e os homens a serem pais progressivamente mais tarde, sobretudo nos países desenvolvidos, tal também acarreta problemas em matéria de fertilidade. Se para o sexo feminino esta questão é absolutamente decisiva, tal também se verifica nos homens. Há cinco vezes menos probabilidades de engravidar se o parceiro tiver menos de 45 anos; o mesmo sucede nas fertilizações 'in vitro', em que o risco de não conseguir ter um filho se torna cinco vezes maior se o homem tiver mais de 41 anos. Quanto ao volume e à motilidade (a capacidade que o espermatozóide tem de chegar ao óvulo) do sémen decresce continuadamente entre os 20 e os 80 anos. [Fotografia: Shutterstock]

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A concentração de espermatozoides nos homens dos países ocidentais diminui para metade em 38 anos, revela um estudo internacional, coordenado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.

A investigação, publicada no jornal ‘Human Reproduction Update’, foi feita a partir de 185 estudos que recolheram amostras de sémen de 42 935 homens de países ocidentaisAustrália, Nova Zelândia, América do Norte e Europa –, entre 1973 e 2011. Os resultados mostraram que, nos países dessas regiões, houve uma redução de 52,4% na concentração de espermatozoides e uma diminuição de 59,3% na contagem total das células reprodutivas no esperma.

Apesar de não ser o primeiro a mostrar um declínio na concentração de espermatozoides, as suas conclusões deixaram Hagai Levine, epidemiologista e coordenador da investigação, alarmado.

“Os resultados são bastante chocantes”, afirma o investigador, citado pelo ‘The Guardian’, acrescentando que esta é uma área que tem sido negligenciada e que pode refletir uma deterioração do estado de saúde do sexo masculino no geral.

“Isto é o clássico grande problema de saúde pública que passa despercebido e que tem sido negligenciado”, sublinha. Levine sublinha que os tratamentos de infertilidade têm obtido soluções através da Fertilização In Vitro mas que pouco tem sido feito na origem das situações.

Os números e as limitações dos estudos
O estudo agora publicado põe em contraste as amostras recolhidas nos homens dos chamados países ocidentais, com as de homens de outras regiões do globo, como a América do Sul, Ásia e África. Nestas zonas, não se verificou a mesma tendência de redução de espermatozoides, mas os investigadores advertem que daí não se pode concluir imediatamente uma exclusão do problema, já estudos feitos nessas áreas são em muito menor número.

Parte da comunidade científica questiona, de resto, a forma como algumas investigações do género têm sido desenvolvidas e os respetivos resultados, referindo que a diminuição apontada pode dever-se a alterações nos métodos dos laboratórios, ao facto de as amostras serem pequenas ou de serem feitas com homens que recorreram a clínicas de fertilidade.

Segundo Levine, a investigação que liderou levou em conta essas limitações e focou-se apenas em estudos que usassem o mesmo método de contabilização dos espermatozoides, com uma amostra de tamanho razoável e que envolvessem homens sem problemas de infertilidade conhecidos ou outras doenças.

Causas difíceis de apurar

Mais difícil parece ser encontrar as causas que expliquem essa queda acentuada. Ao facto de a saúde reprodutiva masculina ser ainda uma área pouco analisada, juntam-se várias causas possíveis que podem contribuir para o declínio na concentração de espermatozoides, mas que não o explicam na totalidade.


Veja na fotogaleria, em cima, algumas das causas apontadas para o problema


A idade, a obesidade, o tabaco, a falta de atividade física e do stress e a exposição a pesticidas e químicos presentes em diversos produtos são algumas das que têm vindo a ser apontadas, sem que no entanto tenha havido evidências concretas que mostrem uma correlação definitiva.

Levine afirma que é urgente descobrir a razão para esta queda continuada do número de espermatozoides para se inverter a tendência e enquanto isso não acontece manter os esforços de combate ao sedentarismo, à obesidade e ao tabaco.