Cristina Ferreira: “Pior do que ir e voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar”

O silêncio de Cristina Ferreira, 40 anos, sobre a sua própria transferência milionária – da TVI para a SIC – vai sendo quebrado aos bocadinhos e enquanto não terminam as negociações já longas com Queluz de Baixo e tendo em vista a rescisão. Na noite de quinta-feira, 23 de agosto, a apresentadora, voltou a escrever um post na sua conta de Instagram e na qual republica um excerto da sua autobiografia Sentir que, de alguma forma, vem já explicar a surpreendente e bombástica decisão que tomou.

“Não gosto de demorar muito tempo a tomar decisões. Deixo à sorte, muitas vezes, o papel de boa conselheira. ‘Quem muda, Deus ajuda.’ O ditado é antigo e confio nessa sabedoria para fazer o meu caminho”, lê-se no início da mensagem. E, na verdade, as negociações para a ida para a SIC em janeiro de 2019 duraram cerca de um mês, no âmbito de um contrato cujo salário irá ter uma parcela variável e ligada diretamente ao auditório e à vitória sobre o rival Manuel Luís Goucha nas manhãs, tal como o Delas.pt tinha avançado ontem ao início da manhã.

Na hora que a empurrou para a mudança, Cristina recuperou uma história do livro que publicou em 2016 e que agora ganha novo sentido. “Há pouco tempo, um primo dizia-me que aos 40 não se muda. Que um emprego de 18 anos se mantém, mesmo que não nos dê felicidade. ‘Talvez até nem saiba fazer mais nada.’ Este conformismo deixou-me a pensar. Sabemos nós desta vida que a outra ninguém ainda conseguiu provar. Porque nos habituamos a uma vida que não é a nossa quando podemos escrever a nossa própria história e emprestar-lhe vários capítulos? Talvez seja loucura o risco. Talvez os filhos nos acrescentem medo ao futuro. Mas é preciso ultrapassar esse medo”, escreve a apresentadora, que tem um filho de dez anos, Tiago.

Cristina Ferreira deixa a TVI e vai para as manhãs da SIC em janeiro de 2019

E, no momento em que se despede, a apresentadora escreve ainda: “Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar”. Ainda no mesmo texto admite que “talvez seja esta a mais dura batalha da vida. Nos últimos tempos tenho pensado muito nisso. Têm-me assaltado os medos de uma escolha difícil. E, ao mesmo tempo, tenho a certeza de que, aconteça o que acontecer, fui. Há dúvidas que me assombram. Mas estou certa de que não me perdoaria”.

“Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar”

Na galeria acima conheça duas dezenas de dados e factos que tem de conhecer sobre Cristina Ferreira, a mulher de quem se fala e que tem em mãos a difícil missão de devolver o élan de outrora à SIC e de reconquistar as audiências matutinas e não só, recuperando a herança de outros tempos de vitória.

Imagem de destaque: Instagram

Leia abaixo o post na íntegra:

SENTIR, página 193, escrito há dois anos ESCOLHAS Todos nós fazemos escolhas diárias. Mas há umas tão importantes que sabemos que nos podem mudar a vida ou o seu rumo. Não gosto de demorar muito tempo a tomar decisões. Deixo à sorte, muitas vezes, o papel de boa conselheira. «Quem muda, Deus ajuda.» O ditado é antigo e confio nessa sabedoria para fazer o meu caminho. Não costumo olhar para trás depois de decidir. E volto a uma frase do meu pai que me estruturou o pensamento: «A cama que fizeres, nela te deitarás.» Ainda que o destino possa ter alguns planos, somos nós que optamos. Há sempre uma esquerda e uma direita. E eu acredito que, mesmo escolhendo a direcção errada, há sempre maneira de chegar ao destino final. Costumo dizer que até os becos sem saída permitem uma alternativa: voltar atrás. Essa segurança, ou forma de ver as coisas, tem-me ajudado a serenar na hora de escolher. Talvez ainda não tenha passado por uma decisão realmente difícil. Ou, então, não lhe dei a devida importância. Talvez seja a idade a trazer esse peso – ou essa leveza. Há pouco tempo, um primo dizia-me que aos 40 não se muda. Que um emprego de 18 anos se mantém, mesmo que não nos dê felicidade. «Talvez até nem saiba fazer mais nada.» Este conformismo deixou-me a pensar. Sabemos nós desta vida que a outra ninguém ainda conseguiu provar. Porque nos habituamos a uma vida que não é a nossa quando podemos escrever a nossa própria história e emprestar-lhe vários capítulos? Talvez seja loucura o risco. Talvez os filhos nos acrescentem medo ao futuro. Mas é preciso ultrapassar esse medo. Talvez seja esta a mais dura batalha da vida. Nos últimos tempos tenho pensado muito nisso. Têm-me assaltado os medos de uma escolha difícil. E, ao mesmo tempo, tenho a certeza de que, aconteça o que acontecer, fui. Há dúvidas que me assombram. Mas estou certa de que não me perdoaria. Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar.

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SENTIR, página 193, escrito há dois anos

ESCOLHAS

Todos nós fazemos escolhas diárias. Mas há umas tão importantes que sabemos que nos podem mudar a vida ou o seu rumo.

Não gosto de demorar muito tempo a tomar decisões. Deixo à sorte, muitas vezes, o papel de boa conselheira. «Quem muda, Deus ajuda.» O ditado é antigo e confio nessa sabedoria para fazer o meu caminho. Não costumo olhar para trás depois de decidir. E volto a uma frase do meu pai que me estruturou o pensamento: «A cama que fizeres, nela te deitarás.» Ainda que o destino possa ter alguns planos, somos nós que optamos. Há sempre uma esquerda e uma direita. E eu acredito que, mesmo escolhendo a direcção errada, há sempre maneira de chegar ao destino final. Costumo dizer que até os becos sem saída permitem uma alternativa: voltar atrás. Essa segurança, ou forma de ver as coisas, tem-me ajudado a serenar na hora de escolher. Talvez ainda não tenha passado por uma decisão realmente difícil. Ou, então, não lhe dei a devida importância. Talvez seja a idade a trazer esse peso – ou essa leveza. Há pouco tempo, um primo dizia-me que aos 40 não se muda. Que um emprego de 18 anos se mantém, mesmo que não nos dê felicidade. «Talvez até nem saiba fazer mais nada.» Este conformismo deixou-me a pensar. Sabemos nós desta vida que a outra ninguém ainda conseguiu provar. Porque nos habituamos a uma vida que não é a nossa quando podemos escrever a nossa própria história e emprestar-lhe vários capítulos? Talvez seja loucura o risco. Talvez os filhos nos acrescentem medo ao futuro. Mas é preciso ultrapassar esse medo. Talvez seja esta a mais dura batalha da vida. Nos últimos tempos tenho pensado muito nisso. Têm-me assaltado os medos de uma escolha difícil. E, ao mesmo tempo, tenho a certeza de que, aconteça o que acontecer, fui. Há dúvidas que me assombram. Mas estou certa de que não me perdoaria. Pior do que ir e ter que voltar é não ir e nunca saber onde se podia chegar.