Há um ano, a 7 de janeiro de 2019, Cristina Ferreira abria as portas das manhãs da SIC, mudava, para sempre, a história das transferências televisivas e ajudava a quebrar um jejum de liderança de audiências do canal de 15 anos.
Esta terça-feira, 7, é dia de celebrar. Cristina Ferreira vai assegurar a emissão da manhã, mas também a da tarde, num dia de festa que se vai estender até às 19.00 horas e com prémio especial de cem mil euros em cartão.
A vida de Cristina ferreira também mudou. Em dia de festa, recorde o detalhe que mudou na forma de comunicar da apresentadora que saiu da TVI e se mudou para a estação de Paço de Arcos.
Falamos, claro, do timbre. Escapando às análises de vitória incontestada nas audiências, à nova atitude e estilo que a apresentadora da SIC trouxe e às mudanças radicais nos cenários que ela imprimiu daqui para a frente nos programas matutinos, o Delas.pt foi ouvir Cristina. E pediu ajuda a um especialista para o efeito.
“Há uma diferença de colocação da voz. O timbre é o mesmo, um médio agudo, mas ela agora na SIC baixa mais no fim das frases do que na TVI”. A análise é a de um engenheiro de som, Paulo Medeira, que aceitou analisar o tom de voz de Cristina na estreia na SIC, a 7 de janeiro de 2019, comparando-o com um ano antes: a 8 de janeiro de 2018, em Você na TV, na TVI, e ainda longe da possibilidade de protagonizar a mais audível mudança de estação. Frases de arranque em ambos programas e que pode ver no vídeo abaixo.
Medeira, engenheiro de som na RTP, escutou ao detalhes as duas frases de ambos formatos e analisou, ao computador, o espectro da voz de Cristina Ferreira nas duas ocasiões distintas.
Para o especialista, não há dúvidas: “A frase ‘estamos à sua espera’, dita de forma mais baixa na TVI, tem as mesmas características da frase mais festiva e mais alta que Cristina disse no arranque do programa da SIC. Ela depois respira e baixa o tom. Portanto, podemos analisar que ela baixou ligeiramente”, refere.
Olhando para as imagens, as curvas são até parecidas. Porém, é aqui que o engenheiro de som da estação pública estabelece a distinção. “O som da TVI é muito mais esmagado do que o da SIC, uma primeira voz surge ligeiramente suavizado”, refere. Assim, as curvas da TVI surgem naturalmente mais abaixo do que as de Carnaxide. Daí, dever distinguir-se ambos.
Mas Medeira acrescenta que esta alteração registada em Cristina Ferreira também deve ter em conta o facto de estar sozinha em cena. “Muitas vezes, tendemos a subir o tom quando estamos a dialogar com alguém, que era o que acontecia no Você na TV. Aqui, ela está sozinha, pode gerir tudo isso melhor”, admite, ainda assim, “mesmo baixando o som no final das frases na TVI, fá-lo agora mais” no novo canal, observa.
Elogiando a ‘inteligibilidade’ do timbre da apresentadora, Paulo Medeira explica o porquê. “Porque ela consegue furar muito facilmente o som de qualquer televisor e é muito identitário. E sabemos que o ouvido humano é muito mais sensível aos médios agudos e agudos do que aos graves. Portanto, ela sobressai”, explica o engenheiro de som.
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TV: programas da manhã estão a alimentar o regresso ao Estado Novo?