De formigas a elefantes, vem aí a série que dá palco às fêmeas: ‘Rainhas do Reino Animal’

formigas rainhas National Geographic
[Fotografia: Captura de ecrã/Rainhas do Reino Animal/National Geographic]

A nova série da National Geographic Rainhas do Reino Animal, com narração e produção executiva de Angela Bassett, é a primeira de sempre sobre sociedades matriarcais no mundo selvagem, partindo o teto de vidro deste género televisivo.

“É pioneira. Vai abrir as portas. Vai mudar o jogo”, disse Sophie Darlington, uma das diretoras de fotografia da série, numa mesa redonda em Los Angeles em que a Lusa participou. “Isto está a abanar tudo”, acrescentou.

A série estreia em Portugal na terça-feira, 5 de março, e no Disney+ em 10 de março no canal National Geographic Wild, sendo uma produção Wildstar Films para a NatGeo.

Rainhas do Reino Animal demorou quatro anos a fazer e teve um processo completamente distinto dos outros programas de vida selvagem. A começar não apenas no tema – fêmeas que lideram, da savana africana até à floresta tropical – mas também pela presença de mulheres atrás das câmaras, nas equipas de produção, fotografia e realização.

“Lembro-me de dizer que isto de certeza já tinha sido feito. Liderança feminina no mundo animal é uma coisa tão óbvia”, afirmou Vanessa Berlowitz, cofundadora da Wildstar Films e autora da ideia inicial. “Pesquisámos e percebemos que não”, recordou.

“Por isso lançámo-nos a fazer algo que ia ser uma área de conteúdo fresca e inovadora. E no processo, decidimos usá-la para destacar talento feminino”, acrescentou.

Foi assim que Sophie Darlington, Justine Evans e outras veteranas entraram no projeto, mas rapidamente a equipa percebeu que não havia mulheres suficientes para um programa desta dimensão e orçamento.

“Percebemos que tínhamos que fazer mentoria e dar treino a mulheres para estas posições”, disse Vanessa Berlowitz. Faith Musembi foi uma delas, com enorme impacto: tornou-se a primeira mulher queniana a produzir um episódio de uma série de história natural.

Erin Murphy foi outra. “Os grandes sistemas gimbal [estabilizadores] são bastante caros e é preciso muito para conseguir que nos deixem trabalhar neles”, exemplificou a jovem cinematógrafa. “Poder aprender com os melhores e receber treino foi incrível, algo que normalmente não se consegue”, acrescentou.

A equipa teve de recorrer a homens veteranos da indústria que aceitaram ser mentores de jovens operadoras de câmara, por exemplo, algo muito raro neste género de produções.

O resultado é uma série que tem uma tonalidade visual, banda sonora e narrativa distintas do habitual. A estrutura dos episódios é diferente e a audiência é levada numa espécie de “drama animal”, com heroínas, vilãs e personagens bem delineadas, além do estilo de narração de Angela Bassett.

A produtora executiva descreve as rainhas como exemplos do que é preciso “para ser uma verdadeira grande líder” e a série como uma história sobre “assumir e manter o poder”.

Depois de filmar seis episódios com matriarcas – de hienas e formigas a chimpazés-pigmeus e elefantes – a equipa decidiu adicionar um sétimo episódio, contando as histórias das mulheres por detrás da série.

Uma “mensagem de coragem e esperança”, segundo Angela Bassett, com mulheres que não pouparam esforços “para documentar e proteger as vidas das rainhas animais”.

LUSA