O psicólogo, professor e escritor Daniel Kahneman, que em 2002 ganhou o Prémio Nobel de Economia sem ter formação na área, morreu esta quarta-feira, 27 de março, aos 90 anos, revelou a sua mulher, a também psicóloga Barbara Tversy.
Barbara Tversy relatou ao New York Times a morte de Daniel Kahneman, sem indicar o local. Kahneman (Israel, 1934), que dividiu o Prémio Nobel com Vernon Smith, destacou-se por demonstrar como o ser humano toma decisões, principalmente em situações de incerteza, o que pode ser observado no fenómeno da aversão à perda.
O psicólogo, que morava em Manhattan, Nova Iorque, aproveitou a sua formação como psicólogo para avançar no que se chamava economia comportamental.
O seu trabalho, que realizou principalmente durante a década de 1970, levou a repensar questões como a negligência médica e as negociações políticas internacionais, que analisou, principalmente ao lado de Amos Tversky, psicólogo cognitivo da Universidade de Stanford, com quem trabalhou grande parte da sua carreira.
A sua investigação ajudou a estabelecer o campo da economia comportamental, que aplica conhecimentos psicológicos ao estudo da tomada de decisões económicas, mas também teve um efeito de longo alcance fora da academia, apontou o The Washington Post.
Kahneman, que passou a infância em França, onde os seus pais chegaram na década de 1920, descobriu que as pessoas recorrem a atalhos intelectuais que muitas vezes levam a decisões erradas que vão contra os seus próprios interesses e que essas decisões ocorrem porque os humanos “são demasiado influenciados pelos acontecimentos recentes”.
O seu reconhecimento público baseou-se em grande parte no seu livro ‘Thinking, Fast and Slow’ [‘Pensar, Depressa e Devagar’, em português], publicado em 2011 e colocado em listas de ‘best-sellers’ em ciência e negócios, no qual explicou as suas descobertas num estilo de escrita envolvente, utilizando ilustrações com as quais até leitores não profissionais poderiam interagir, realçou o New York Times.
Grande parte do seu trabalho baseia-se na noção (que ele não criou, mas sim organizou e avançou) de que a mente opera em dois modos: rápido e intuitivo (atividades mentais com as quais nascemos mais ou menos, chamadas de Sistema Um), ou lento e analítico, um modo mais complexo que envolve experiência e exige esforço (Sistema Dois), detalhou ainda o jornal.
“Sou o avô da economia comportamental”, destacou o próprio ao Times em 2016, quando o entrevistaram para este obituário, destacou também o jornal.
Kahmenan, que em 2002 ganhou o Prémio de Ciências Económicas do Banco da Suécia em memória de Alfred Nobel, lecionou na Universidade Hebraica de Jerusalém, na Universidade da Colúmbia Britânica, na Universidade da Califórnia em Berkeley e na Universidade de Princeton.
LUSA