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Doenças cardiovasculares: faça um check-up antes de ir de férias

Veja alguns dos conselhos da médica Joana Feliciano para a prevenção e controlo de alguns fatores de risco.
Tabagismo. "Esta é a maior causa de mortes evitáveis no mundo".
"Há quem também fale muito do sedentarismo, que é um dos grande malefícios... eu não vou muito por aí, acho claro que o sedentarismo não é bom, mas também não quer dizer que agora todas as pessoas tenham que ingressar num treino com um personal trainer. Não é esse o objetivo. O objetivo é que as pessoas se mexam durante a vida, tenham gosto em ir passear, em dar uma volta, passear o cão, os netos, os filhos, o que seja. E andar ao ar livre"
"Não se deixar engordar. A obesidade é uma tragédia. E a maioria das doenças que daí decorrem, e que a maioria das pessoas não as entende, é diebetes, tensão arterial,... Tudo isto fica mais difícil de controlar nas pessoas obesas, e as pessoas acabam por ter que tomar três ou quatro medicações para cada uma destas doenças, ficando com um total de 10 medicamentos, que se perdessem peso poderiam nem ser necessários".
"Não desvincular do médico de família e continuar a visitá-lo, mesmo que esteja tudo bem. Porque é quando “está tudo bem” que temos tempo para prevenir e fazer com que não esteja tudo mal no futuro".
"Tentar ir pelo menos uma vez ao ano a um médico que faça umas rotinas como deve ser, cujo exemplo podem ser as rotinas aqui na Cruz Vermelha"
"Socializar e não ficar em casa, até porque se diz que as pessoas com amigos vivem mais"

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Uma das doenças mais responsáveis pela mortalidade e incapacidade da população está ligada aos diabetes e às doenças cardiovasculares. Por este mesmo motivo, a prevenção é uma das grandes prioridades para o Plano Nacional de Saúde. O Delas.pt falou com a médica cardiologista do Heart Center do Hospital Cruz Vermelha, Joana Feliciano, sobre as diferenças entre homens e mulheres no que respeita ao diagnóstico de um enfarte ou AVC [Acidente Vascular Cerebral].

“Se um homem com 60 anos chegar ao serviço de urgência com dor no peito, é um enfarte até que provem o contrário”, começa por afirmar a especialista, acrescentando que “uma senhora de 60 anos que se dirija a um serviço de urgência com queixas de dor precordial, muitas vezes, a dor é desvalorizada e arranja-se mil e um motivos para não ser um enfarte“, continua a médica, que já trabalha há 18 anos como cardiologista.

As mulheres correm mais riscos e têm maior taxa de mortalidade

No que diz respeito às doenças cardiovasculares, a mortalidade por AVC na mulher acima dos 75 anos é superior à do homem e, a partir dos 40, a atenção ao sexo feminino deve ser redobrada e a prevenção, através de check-ups, constantes. Tudo isto porque ainda existe um grande estigma face às mulheres que se queixam com dor no peito, embora, segundo afirma Joana Feliciano, é algo que “está a mudar aos poucos”.

“A doença nas mulheres é mais difícil de diagnosticar e passa muitas vezes despercebida, é descontextualizada. Embora reconheça que este paradigma já esteja a mudar, Joana Feliciano continua a defender a ideia de que, uma mulher, ao entrar num serviço de urgências com dor no peito, acaba por não ter um diagnóstico tão rápido e eficiente porque se colocam outras questões em cima da mesa: como ansiedade ou até depressão.

Esta é uma das grandes razões que leva a especialista a afirmar que o prognóstico nas mulheres é pior: “este tipo de situações é tratada de maneira diferente nas mulheres, que têm um prognóstico pior porque, lá está, não somos tratadas atempadamente ou com tudo o que deveríamos ser tratadas logo de início porque o diagnóstico é primeiramente outro“, continua a explicar a médica ao Delas.pt.

Os alertas entre homens e mulheres podem ser diferentes, mas na maioria são os mesmos

Ainda que possam existir alguns sintomas divergentes entre os homens e as mulheres no que respeita a um AVC ou enfarte, a especialista avança que, na maioria das vezes, “as queixas são iguais, mas são desvalorizadas nas mulheres“.

Dor precordial, irradiação à mandíbula, ao braço e às costas, acompanhada com falta de ar e palpitações são alguns dos sintomas apontados pela médica em casos de acontecimentos cardiovasculares.

A importância dos check-ups na prevenção

O Hospital Cruz Vermelha tem vários programas de check-up completos e de avaliação de risco cardiovascular em função das necessidades especificas da idade e do género: homem ou mulher. A médica Joana Feliciano explicou as razões pelas quais é fundamental que existe esta preocupação, por parte de toda a população, em realizar check-ups pelo menos uma vez por ano.

“Os eventos cardiovasculares acontecem, obviamente, com mais frequência, nas pessoas que têm doença coronária conhecida e estabelecida”, começa por explicar a cardiologista. Quem já teve um enfarte tem mais probabilidade de ter um segundo do que alguém que nunca teve nenhum ter o seu primeiro. “No entanto, o enfarte pode ser a primeira manifestação de uma doença coronária que existe e que ainda não está diagnosticada nem conhecida”, continua Joana Feliciano.

Uma das grandes prioridades e importância em realizar um check-up é precisamente avaliar e controlar os fatores de risco de cada pessoa. “Por exemplo, uma pessoa pode ser hipertensa, mas se a tensão estiver controlada e bem controlada, o fator de risco é atenuado. Se for uma pessoa hipertensa mal medicada e mal controlada, o fator de risco tem outro impacto”, remata a médica da Cruz Vermelha.

O check-up permite não apenas controlar doenças já conhecidas como também estar alerta para fatores de risco que as pessoas nem sequer sabem que têm. O importante é “diagnosticar, referenciar uma consulta com o especialista, dar seguimento ao problema, medicar e orientar a terapêutica”, diz Joana Feliciano. Tudo isto com estes tais chamados de ‘exames de rotina’ que podem dar continuidade a uma problemática que não se sabia que existia.

Percorra ainda a galeria de imagens acima e conheça, segundo a cardiologista Joana Feliciano, quais os principais cuidados a ter para prevenir um evento cardiovascular, sempre tendo em mente que estes acontecimentos podem suceder-se a qualquer pessoa.

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