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Filme ‘Fátima’ chega a França

Ana Maria (Rita Blanco): "É uma mulher de Trás-os-Montes, que nasceu e foi criada lá, apesar de ter um percurso em que teve de sair, em busca de outras coisas, mas depois voltou. É uma mulher casada, com filhos, que é uma crente e para quem a peregrinação é um momento extraordinário. É um momento, provavelmente, de escape na vida dela, em que ela sai da rotina, até porque ela gosta imenso da Nossa Senhora de Fátima. E é uma mulher tesa, como, eu diria, têm de ser todas as mulheres de Trás-os-Montes, até porque não têm outra hipótese."
Maria do Céu (Anabela Moreira): "A Maria do Céu é uma mulher que se ressente facilmente, até porque o caminho é muito doloroso e ela sente-se, a partir de determinada altura, com pouco apoio e começa a criar suscetibilidades em tudo o que lhe está a acontecer. Ela acaba por servir de catalisador do próprio grupo, por não ser auto suficiente."
Nazaré (Íris Macedo): “É a menina mais novinha do grupo, tem 20 anos, mas até ela já tem motivo para ir a Fátima. É um caminho muito difícil para toda a gente e acho que sendo a mais novinha, ela não tem tanta aprendizagem de vida para lhe dar forças para fazer um caminho tão duro. Mas tem que as ter.”
Maria de Fátima (Cleia Almeida): “É uma rapariga muito extrovertida, muito divertida que não procura propriamente olhar pelos outros, mas sim mais para o seu umbigo e para os seus dilemas. Tem uma amizade maternal com a personagem Ana Maria [interpretada por Rita Blanco]. Ela está numa fase da vida em que pouco lhe importam os outros e em que está mais preocupada com a filha e com o marido, com a construção da família dela, que descambou bastante no último ano.”
Carla (Sara Norte): “Ela vai acompanhar a avó, interpretada pela Márcia Breia. Ela não é de Vinhais, é uma rapariga que teve um problema familiar, uma vida um pouco atribulada até que vai para casa da avó para se “tratar” como pessoa. Então ela faz as peregrinações, mas odeia, odeia a religião, as pessoas que se dizem beatas, odeia missas. Odeia tudo isso. E é engraçado porque é o balanço. Mas há uma mudança. Eu acho que a Carla ao ver aquelas mulheres, não se torna crente, mas começa a respeitar um bocadinho mais o esforço delas. E é uma personagem gira, é muito bruta, diz muitas asneiras, mas no fundo também é quem presta apoio quando vê aquelas pessoas completamente desesperadas.”
Rosário (Alexandra Rosa): “Ela é peregrina, só que tem como profissão ser enfermeira, não é uma enfermeira que vai ajudar o grupo. Embora para o grupo seja muito bom, porque vai haver muitos problemas de pés. Praticamente todos os dias, quando as outras já estão a descansar, a Rosário ainda trata dos pés das peregrinas todas. Ela é cunhada da Amparo [Ana Bustorff], que já vai há muitos anos. A Amparo está doente e há uma história por detrás: o sobrinho pediu-lhe que fosse acompanhar a mãe. Esse é um dos motivos. Depois ela tem um motivo secreto, que tem a ver com a saúde dela."
São (Teresa Tavares): “Ela é de Vinhais, mas esteve vários anos fora. Foi estudar, depois emigrou, depois teve de voltar. Portanto, ela é um bocadinho uma estrangeira naquela terra, porque saiu e voltou e a adaptação não é necessariamente fácil ou pacífica. É também uma coisa que se reflete na relação dela com o grupo. Ela observa muito, há muitas coisas que lhe fazem confusão, é muito crítica em relação a muitas coisas. De qualquer maneira vai fazer esta caminhada por causa de uma promessa muito importante, uma questão de vida ou de morte, por isso é-lhe impensável parar, aconteça o que acontecer.”
Amparo (Ana Bustorff): “É muito silenciosa, digamos que ela é uma 'não-existência', uma espécie de fantasma, de uma aparição que ali paira. A Amparo é um espírito que vai seguindo aquele caminho e ultrapassar aquelas montanhas é que o seu grande ato de fé. O lado sagrado, para ela, está na montanha, não está em Fátima. Mais do que a transcendência física, é a luta interior que é brutal.”
Nanda (Vera Barreto): “É uma personagem muito engraçada, dá para brincar com muitas coisas diferentes. Tanto é uma figura que se ri muito e de riso fácil, como de repente também é muito teimosa, determinada mas com mau feitio. Embora isso não esteja no filme, ela faz esta caminhada porque a mãe não pode fazer. Não é uma promessa dela, mas da mãe, que não está em condições físicas de fazer. Então vai ela, para que a promessa fique mesmo cumprida. Essa é a grande motivação dela para fazer a peregrinação. Não significa que não seja uma pessoa de fé – é católica –, mas a Nanda não se meteria numa coisa destas neste momento da sua vida se não fosse uma por uma pessoa muito importante.”

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O filme ‘Fátima’, do realizador português João Canijo e com Rita Blanco, no papel principal estreia-se esta quarta-feira, 12 de junho, em várias salas de cinema francesas. A longa-metragem vai ter exibição em 21 cidades, segundo revelou a produtora Midas Filmes.

A estreia acontece em Paris, e em simultâneo com cidades como Lyon, Estrasburgo, Toulouse ou Grenoble. Antes disso, o filme teve direito a cinco antestreias, ao longo da última semana, com a presença do realizador e da atriz Rita Blanco.

‘Fátima’, que passou nos cinemas portugueses em 2017, é a história de um grupo de mulheres que faz a habitual peregrinação anual ao Santuário de Fátima. João Canijo rodou com 11 atrizes portuguesas que recriaram na rodagem o percurso mais longo (400 quilómetros) dessa peregrinação: entre Vinhais, no distrito de Bragança e Fátima. É nessa localidade transmontana que também começa a narrativa ficcional de João Canijo, centrada na convivência entre 11 mulheres a caminho do santuário, a propósito das celebrações do 13 de maio.

‘Fátima’ conta com a participação das atrizes Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Vera Barreto, Teresa Madruga, Ana Bustorff, Teresa Tavares, Alexandra Rosa, Íris Macedo, Sara Norte e Márcia Breia.

Quando da estreia em Portugal, as atrizes falaram com o Delas.pt sobre as suas personagens, como pode ver na galeria acima, bem como sobre o processo criativo do filme, que implicou uma espécie de estágio junta nas comunidades onde o ‘Fátima’ foi rodado.

AT com Lusa

“Escolhi para a minha personagem não ter nenhuma promessa a cumprir”

Um teste à fé e aos limites de 11 mulheres