Publicidade Continue a leitura a seguir

Fotos dos filhos na praia? Pense bem antes de partilhar nas redes sociais

O consentimento é a primeira regra a ter em conta, diz a lista feita pelo jornal britânico 'Independent'. Se o fazemos com colegas e amigos quando publicamos fotos suas, não há razão para não aplicar o mesmo princípio às crianças, zelando pelo seu interesse, presente e futuro, em termos de privacidade (Imagem de Mila May/Shutterstock)
Vulnerabilidade: se o cyberbullying consegue destruir a vida de um adulto, imagine-se o que ele não fará a crianças ou adolescentes. Os pais devem, por isso, avaliar bem a exposição online a que submetem os filhos. (Imagem de Marcos Mesa Sam Wordley/Shutterstock)
Lições de vida: os seus filhos estão lindos e maravilhosos naquela foto e, por isso, decide publicá-la. Mas, se o faz com muita frequência, pense que mensagem lhes está a enviar, enquanto educadora? Não estará a passar-lhes uma excessiva importância da imagem em relação a outros valores importantes? (Imagem de Deviant/Shutterstock)
Segurança: enquanto as opções de privacidade das redes sociais são amplamente ignoradas, as informações pessoais e detalhadas são partilhadas na proporção inversa. As crianças são particularmente vulneráveis e a sua exposição, nas redes, pode colocá-las em situações de grande risco (Imagem de Kylie Walls/Shutterstock)
Futuro: a internet só existe há 25 anos e, durante algum tempo, a sua evolução foi gradual. A maioria dos adultos e jovens adultos não cresceu, por isso, com internet e redes sociais e desconhece o impacto e a consequência que um crescimento constantemente documentado online pode ter na vida de uma pessoa. (Imagem de Photographee.eu/Shutterstock)

Publicidade Continue a leitura a seguir

Os tradicionais álbuns de fotografia deixaram o formato de livro para estar cada vez mais em suporte digital e partilhável. Em vez da folha de cartão, ou até da moldura na sala, as imagens dos momentos em família, com os filhos e com os amigos estão no Instagram, no Facebook ou no Whatsapp.

Em época de férias de verão e de praia, onde o corpo aparece mais exposto, as imagens de biquíni, fatos e calções de banho dominam as redes sociais e os pais, adverte a psicóloga Bárbara Ramos Dias, devem ter especiais cuidados com o que partilham dos filhos e, nalguns casos evitar mesmo fazê-lo.

O recado vai para os progenitores, mas também para os próprios adolescentes, que frequentemente publicam fotografias suas mais ousadas e sexualizadas.


Leia também: Deve ser amigo dos professores dos seus filhos no Facebook?


Bárbara Ramos Dias dá como exemplo imagens que viu recentemente publicadas nas redes sociais “de miúdas de 11, 12 anos em fio dental”. Segundo a psicóloga, especialista em comportamento adolescente, o perigo a que se sujeitam ao publicar esse tipo de imagens.

Raptos, agressões ou até violações são perigos que podem correr ao exporem a sua imagem sem um limite seguro de privacidade.

Bárbara Ramos Dias afirma que pode ser menos arriscado se a partilha for feita “para os amigos que são mesmo amigos”. “Às vezes o problema é que nós no Facebook, ou no Instagram, temos amigos que, de facto, não conhecemos, que não são realmente amigos.”. A esses somam-se os amigos dos amigos e “aí é que está o perigo”, diz a psicóloga.

Por isso, a recomendação vale para todos: “Se for restrita a um grupo, à família, porque quando publicamos podemos escolher as pessoas que podem ver a publicação, os perigos diminuem drasticamente”.

Mas há um conselho que é especialmente dirigido aos pais e que tem a ver com o respeito pela imagem e o direito à privacidade dos filhos, mesmo que estes sejam menores. Para a psicóloga é importante que os pais perguntem sempre aos filhos se podem ou não publicar fotografias suas.

“Deve-se respeitar a opinião dos filhos, até porque há miúdos que são mais tímidos do que outros e que não gostam de ser expostos e têm todo o direito a decidir”, defende.


Na fotogaleria, em cima, veja alguns cuidados que deve ter com os seus filhos em relação à internet.


Por outro lado, quando são as crianças ou adolescentes a quererem partilhar imagens pessoais, sem tomarem as devidas precauções, os pais devem aconselhá-los “a restringir essa partilha às pessoas que são mesmo amigas, e não amigas de rede social”, alertando-os para os perigos de se estarem a expor demasiado, sobretudo com imagens sexualizadas.

“Embora seja uma coisa inconsciente pode afetar, desde logo, a imagem perante os outros colegas, e depois é estar a chamar a atenção de pessoas que não deveria.”

A especialista em psicologia adolescente refere que o que os pais podem fazer “é tentar explicar-lhes isso e, uma vez que eles precisam mesmo desse reconhecimento público, dos likes, fazer-lhes perceber que pessoas é que eles querem chamar, se são as pessoas que põem likes porque eles estão despidos ou que põem likes porque fizeram uma coisa bem feita.”

Maior exposição, maior risco de bullying
Ainda que se consigam reduzir dos perigos assinalados, a partilha deste tipo de fotos, mais frequentes no verão, pode aumentar o risco de bullying nos jovens, por parte dos colegas.

“Se essas fotografias tiverem fácil acesso, se não forem publicadas com cuidado, quem as tiver, cria grupos no Whatsapp, como fazem eles nas escolas, para gozar uns com os outros.”

E desiluda-se quem pense que só é alvo de gozo quem exibe um corpo fora dos padrões de beleza convencionais. A psicóloga salienta que se uns acham que é perfeitamente normal aparecer em biquíni e de fio dental, outros não. E assim que as imagens são publicadas, são partilhadas naqueles grupos e a partir daí tanto podem ser alvo de elogios, como de troça ou crítica social.

“Mesmo os que têm um corpo ‘bem feito’ são gozados por porem esse tipo de fotografia”, conclui Bárbara Ramos Dias.

 

Imagens: Shutterstock