Igualdade racial e LGBT em noite de vitória de ‘Succession’, ‘Rixa’ e ‘The Bear’ nos Emmy

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[Fotografia: Instagram/Succession/HBO]

Chegou com quatro meses de atraso, devido à greve de guionistas e atores, mas veio com força e com mensagens. A 75ª gala dos Emmy Awards distinguiu as melhores produções de 2023, mas foi palco de mensagens claras: a igualdade racial, os direitos LGBT e a necessidade da representação de todos na ficção.

“Se uma ‘drag queen’ quiser ler-vos uma história numa biblioteca ouçam-na, porque o conhecimento é poder”, disse o cantor e apresentador RuPaul, que venceu dois prémios pelo programa de competição “RuPaul’s Drag Race”. “Se alguém tenta restringir o vosso acesso ao poder, estão a tentar assustar-vos. Por isso, ouçam a ‘drag queen’”, acrescentou.

O discurso de RuPaul foi uma alusão à legislação que tem sido passada em vários estados norte-americanos, incluindo na Florida, que proíbe ou restringeo acesso a espetáculos envolvendo ‘drag queens’.

Outro momento relevante no palco da 75.ª edição dos prémios Emmys foi o discurso de Niecy Nash-Betts, que venceu a estatueta de Melhor Atriz Secundária pelo papel na série “Monstro: A história de Jeffrey Dahmer”, da Netflix.

Depois de um discurso inicial entusiasmado, em que agradeceu a si própria, a atriz assumiu uma postura mais sóbria. “Aceito este prémio em nome de todas as mulheres negras e morenas que não foram ouvidas mas sofreram excesso de policiamento, como a Glenda Cleveland, como a Sandra Bland, como a Breonna Taylor”, disse a atriz. “Como artista, o meu trabalho é dizer a verdade a quem tem poder, e vou fazê-lo até morrer”.

Glenda Cleveland foi a mulher que a atriz interpretou na série sobre a história verdadeira de Dahmer, uma afro-americana que fez queixas repetidas sobre o assassino em série Jeffrey Dahmer e foi ignorada pelas autoridades. Sandra Bland morreu sob custódia policial no Texas, em 2015, e Breonna Taylor foi morta por polícias à paisana que forçaram a entrada no apartamento onde vivia, em 2020.

A cerimónia ficou ainda marcada pela entrega do Prémio dos Governadores à GLAAD (Gay and Lesbian Alliance Against Defamation), pelo trabalho que a organização sem fins lucrativos tem feito em prol da comunidade LGBTQ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Queer)

Os prémios Emmy pela Academia de Televisão, cuja cerimónia decorreu no Peacock Theater, em Los Angeles, esta madrugada de terça-feira, 16 de janeiro, coroou a quarta e última temporada de Succession como Melhor Série Dramática e trouxe a The Bear e Rixa com múltiplas estatuetas.

A série da HBO tinha 27 nomeações e venceu seis das principais categorias de drama, incluindo Melhor Série, Melhor Atriz para Sarah Snook, Melhor Ator para Kieran Culkin, Melhor Ator Secundário para Matthew Macfadyen, Melhor Realização para Mark Mylod e Melhor Escrita para Jesse Armstrong. “Esta é uma série sobre família e também sobre o que acontece quanto política partidária e cobertura noticiosa se misturam com política divisionista de direita”, disse o criador Jesse Armstrong. “Depois de quatro anos de sátira, este é um problema que creio que resolvemos”, ironizou.

Rixa, da plataforma rival Netflix, foi outra das grandes vencedoras da noite. Levou quase tudo o que importava na categoria de Minissérie ou Série de Antologia: Melhor Série, Melhor Atriz para Ali Wong, Melhor Ator para Steven Yeun, Melhor Realização e Melhor Escrita para Lee Sung Jin. “Quando me mudei para LA, a minha conta bancária ficou negativa em 63 cêntimos e tive de depositar um dólar para evitar ficar a descoberto”, contou Lee Sung Jin, lembrando que o sucesso que conquistou não estava garantido.

Quando voltou a subir ao palco, agradeceu aos fãs que partilharam com ele histórias pessoais, inspirados pela série que criou. “Vivemos num mundo desenhado para nos manter separados”, afirmou. “Quando vivemos num mundo assim, alguns de nós começam a pensar que não há maneira de alguém nos entender, gostar de nós, ou sermos amados”, continuou. “A maior alegria de fazer ‘Rixa’ foi trabalhar com estas pessoas que amaram tão incondicionalmente”.

Foi também de amor e família que falaram os protagonistas de “The Bear”, a série que varreu múltiplos prémios na categoria de comédia. Foi a Melhor Série, deu a Jeremy Allen White o prémio de Melhor Ator, rendeu a Ayo Edebiri a Melhor Atriz Secundária e a Ebon Moss-Bachrach Melhor Ator Secundário.

Chris Storer também foi distinguido pelo trabalho na série da FX com Melhor Escrita e Melhor Realização, elevando para seis os Emmys atribuídos esta noite.

“Esta é uma série sobre a família que se encontra e também a família real”, disse Ayo Edebiri, agradecendo a presença dos pais na cerimónia. “Obrigada por me amarem e me deixarem sentir linda e negra e tudo isso”.

Apesar do domínio destas três séries, houve prémios individuais que distinguiram os trabalhos noutros títulos. Ainda em comédia, Quinta Brunson quebrou a espiral de vitória de “The Bear” ao vencer o Emmy de Melhor Atriz, pelo papel em “Abbott Elementary”.

Em drama, Jennifer Coolidge foi a Melhor Atriz Secundária por “The White Lotus”, uma vitória consecutiva para o papel de Tanya McQuoid.

“Eu tinha um sonho na minha pequena cidade que todos me disseram ser impraticável”, disse Coolidge no discurso de aceitação. “Mas aconteceu, por isso não desistam dos vossos sonhos”.

Na categoria de minissérie ou antologia, foi Niecy Nash-Betts quem levou o Emmy de Melhor Atriz Secundária, pelo papel na série “Monstro: A história de Jeffrey Dahmer”, da Netflix.

“Quero agradecer a mim própria por acreditar em mim e fazer o que disseram que eu não podia fazer”, afirmou Nash-Betts num discurso de aceitação entusiasmado, em que gritou “Sou uma vencedora, baby!”.

Também nesta categoria, Paul Walter Hauser venceu o seu primeiro Emmy ao ser distinguido como Melhor Ator Secundário por “Black Bird”, da Apple TV+.

A 75.ª cerimónia de entrega dos prémios Emmy pela Academia de Televisão decorreu no Peacock Theater, em Los Angeles, esta madrugada. Tinha sido adiada em setembro passado devido às greves dos argumentistas e dos atores.

Lista dos vencedores nas principais categorias:

Melhor série dramática: Succession, HBO
Melhor atriz em série dramática: Sarah Snook, Succession, HBO
Melhor ator em série dramática: Kieran Culkin, Succession, HBO
Melhor atriz secundária em série dramática: Jennifer Coolidge, The White Lotus, Netflix
Melhor ator secundário em série dramática: Matthew Macfadyen, Succession, HBO
Melhor série de comédia: The Bear, FX
Melhor atriz em série de comédia: Quinta Brunson, Abbott Elementary, ABC
Melhor ator em série de comédia: Jeremy Allen White, The Bear, FX
Melhor atriz secundária em série de comédia: Ayo Edebiri, The Bear, FX
Melhor ator secundário em série de comédia: Ebon Moss-Bachrach, The Bear, FX
Melhor minissérie ou série de antologia: Rixa, Netflix
Melhor atriz em minissérie, série de antologia ou filme: Ali Wong, Rixa, Netflix
Melhor ator em minissérie, série de antologia ou filme: Steven Yeun, Rixa, Netflix
Melhor atriz secundária em minissérie, antologia ou filme para televisão: Niecy Nash-Betts, Monstro: A história de Jeffrey Dahmer, Netflix
Melhor ator secundário em minissérie, antologia ou filme para televisão: Paul Walter Hauser, Black Bird, Apple TV+
Melhor realização em série dramática: Mark Mylod, Succession, HBO
Melhor realização em série de comédia: Christopher Storer, The Bear, FX
Melhor realização em minissérie: Lee Sung Jin, Rixa, Netflix
Melhor escrita para série dramática: Jesse Armstrong, Succession, HBO
Melhor escrita para série de comédia: Christopher Storer, The Bear, FX
Melhor escrita para minissérie: Lee Sung Jin, Rixa, Netflix
Melhor série de Variedades: Last Week Tonight With John Oliver, HBO
Melhor série de Variedades, talk show: The daily show with Trevor Noah, Comedy Central
Melhor Especial de Variedades: Elton John Live: Farewell From Dodger Stadium, Disney+

Lusa