Mulheres jornalistas impedidas de cobrir a visita de Pence ao Muro das Lamentações

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Mike Pence está de visita oficial a Jerusalém. O vice-Presidente dos Estados Unidos visitou o lado ocidental do Muro das Lamentações sob o olhar atentos dos jornalistas. Mas as jornalistas mulheres tiveram de ficar na fila de trás.

Israel, 2018: homens e mulheres vão à tropa, obedecendo à lei da recruta universal, certo? Certo. E em que homens e mulheres exercem a profissão de jornalista na nação mais ocidentalizada do Médio Oriente com os mesmos direitos, verdade? Mentira. Na visita do vice-Presidente dos Estados Unidos da América àquele país ficou visível a diferença de género ainda existente, por razões religiosas. Mike Pence visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, e as mulheres que acompanhavam a visita foram impedidas de passar a barreira que divide o recinto em dois: metade para eles, metade para elas e por isso ficaram impedidas de fazer o trabalho de cobertura jornalística.

“As mulheres estão presas em isolamento e não conseguem fotografar, trabalhar,” escreveu no Twitter a jornalista israelita Tal Schneider. “as mulheres jornalistas são cidadãs de segunda. ” Mas tarde acrescentaria ainda, num novo tweet “Todos os homens da comitiva de imprensa estão de costas para nós, e não podiam importar-se menos, estão livres e não querem saber desta separação.”

O Business Insider avança que os assistentes de Mike Pence tentaram minimizar as dificuldades das mulheres jornalistas, oferendo-lhes cadeiras a que pudessem subir para ver o evento e chegaram a retirar a tenda que cobria o lugar onde as profissionais deviam estar para facilitar a tomada de fotografias. Mas por mais que se fizessem ouvir os protestos, as mulheres jornalistas não conseguiram ultrapassar a barreira do género e ficaram com coberturas do evento de segunda linha.

Judeus divididos

A barreira de género no recinto do Muro das Lamentações há muito que divide os judeus. Este espaço religioso é controlado por judeus ortodoxos que, além da separação dos sexos nas orações, não permite que as mulheres leiam o livro sagrado Tora em voz alta, nem cantar. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu terá tentado em 2017 que a utilização do recinto religioso fosse igualitária, mas rapidamente andou para trás com as negociações.