Marta: rainha de futebol brasileiro e mundial que concentra todas as expectativas

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[Fotografia:DENIS CHARLET / AFP]

Marta surpreendeu o mundo em 2019 num campo distinto do que lhe é reconhecido: a atleta deu que falar por ter pisado o relvado com um fulgurante batom, entre o vermelho e o arroxeado, que tanto deu que falar no Mundial de França em 2019.

Uma estratégia de marketing que, apesar disso, cumpriu uma função que Marta parece gostar de protagonizar, a de anular barreiras e preconceitos. Com esta postura, a goleadora brasileira deitou por terra ideias feitas sobre o futebol feminino.

Mas esta é apenas uma curiosidade daquela que é a atleta que detém um recorde na mão: está no sexto mundial da sua carreira e, se marcar, será a primeira futebolista a conquistar pontos em seis campeonatos desta dimensão.

Esta segunda-feira, 24 de julho, quando ecoarem os hinos, às 12.00 horas, Marta estará no banco – tem vindo a lidar com uma lesão no joelho – dos suplentes no jogo de estreia da seleção frente ao Panamá, mas tal não quer dizer que assim permaneça nos seguintes 90 minutos de jogo ou nos próximos dois encontros do grupo F.

Marta, que acumula títulos como “a rainha Marta” ou “a Pelé de saia”, tem 37 anos e diz que este Mundial será “sem dúvida” a última aparição. “É de se esperar que não seja a Marta de há 20 anos, mas fisicamente sinto-me bem e mentalmente estou ainda melhor”, referiu. Tem, pela frente, o obstáculo da lesão e a possibilidade de segurar o recorde mundial. De momento carrega a proeza de ter sido eleita por seis vezes a melhor jogadora do ano pela FIFA.

Numa longa carreira, Marta Vieira da Silva superou as origens pobres e uma infância difícil em Dois Riachos, Alagoas, no nordeste brasileiro. Filha de pais separados quando ela tinha ainda menos de um ano idade – nasceu a 19 de fevereiro de 1986 -, a mãe ficou com ela e com os irmãos a cargo.

A falta de recursos fez com que só começasse a estudar aos nove anos, e foi nessa altura que o futebol escolar entrou na vida da atleta. Cinco anos depois, prestou provas no Rio de Janeiro e iniciava aí a carreira fulgurante que a colocou, aos 17 anos, a jogar pela seleção brasileira no Mundial de 2003, nos Estados Unidos da América. Meses depois integrava o clube sueco Umea. Atualmente, e desde abril de 2017, a futebolista joga pela equipa norte-americana Orlando Pride.

Um caminho desportivo fulgurante dentro e fora de portas no Brasil. No país natal, a “rainha Marta” detém um recorde feminino e masculino de 122 golos pela seleção, superando Pelé e Neymar, que estão empatados no recorde masculino com 77 cada.

Hoje, Marta é também embaixadora da ONU para a igualdade de género e dá a cara e trabalha numa modalidade que ainda tem muito preconceito por debelar.