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Metade dos brasileiros pensa que mulheres que abortam devem ser presas

Percorra a galeria e saiba o que pensam os brasileiros sobre a interrupção da gravidez [Fotografias: Shuttesrtock]
50% dos brasileiros concordam que uma mulher que faça um aborto seja presa. Mas só 7% admite que denunciaria alguém próximo que o tivesse feito
43% dos brasileiros considera que o aborto é considerado um tema de saúde pública contra 13% que o classifica como um caso de polícia.
51% das mulheres entrevistadas diz que nunca realizaria um aborto
43% dos brasileiros considera que o aborto é considerado um tema de saúde pública contra 13% que o classifica como um caso de polícia
Menos de metade, 37%, concorda com a interrupção da gravidez para raparigas com idades até aos 14 anos
67% dos entrevistados são a favor do aborto em caso de violação. E 61% no caso de a mãe correr risco de vida.
No caso de o feto ser diagnosticado com alguma doença grave e incurável, a percentagem desce para os 50%
25% é a favor do aborto quando a mulher não tem condições financeiras e familiares para prosseguir com a gestação
67% dos entrevistados com instrução primária completa é contra a autonomia da mulher para decidir a interrupção da gravidez
48% dos homens afirmam que não permitiriam que a parceira interrompesse a gravidez de um filho seu
16% concorda com a interrupção da gravidez se esta não foi planeada

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Enquanto o Brasil aguarda os resultados da análise da comissão da Câmara dos Deputados Proposta sobre a Emenda à Constituição (PEC) 181 – que pode vir a proibir o aborto em quaisquer circunstâncias – o país vai conhecendo o que a população pensa sobre a interrupção da gravidez.

Os resultados de um estudo inédito sobre o aborto no Brasil, realizado pelo Instituto Locomotiva e a Agência Patrícia Galvão e divulgado no início desta semana, mostram que metade dos brasileiros concorda com a prisão das mulheres que abortam voluntariamente.

Divididas estão também as opiniões em relação a algumas das situações nas quais o aborto é permitido no país: violação, risco de vida para a mãe, ou se o feto tem anencefalia, uma má formação congénita do sistema nervoso.

São 50% aqueles que são favoráveis ao aborto no caso de o feto ser diagnosticado com doença grave e incurável. As percentagens sobem no caso de risco de vida para a gestante (61%) e de violação (67%).

Na fotogaleria, em cima, pode ver outras conclusões da pesquisa para qual foram entrevistadas 1600 pessoas, representando uma amostra de mulheres e homens com mais de 16 anos, e que abrangeu 12 regiões metropolitanas do Brasil.

PEC 181, uma faca de dois gumes

O texto inicial desta proposta de emenda constitucional, da autoria do senador Aécio Neves (PSDB), tinha como objetivo ampliar a licença maternidade de mães de bebés prematuros para 240 dias, refere o ‘Correio Braziliense’, que analisou o estudo e tratou os dados.

Mas se por um lado, essa seria uma boa notícia para os defensores dos direitos das mulheres, a introdução de duas alterações noutros artigos da Constituição, pelo deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), relator da proposta, pode condicionar o direito ao aborto mesmo nas condições em que este é atualmente legal, levando a um retrocesso naqueles mesmos direitos. Em causa está a introdução, nos artigos, de o princípio da dignidade da pessoa humana e de garantia de inviolabilidade do direito à vida serem respeitados desde a conceção.

São precisamente estas alterações em concreto que poderão depois afetar a legislação que regulamente as situações de interrupção da gravidez e são também elas que têm atrasado as conclusões das votações.

A comissão criada especialmente para analisar a PEC181 não concluiu a votação do relatório, esta terça-feira, 5 de dezembro, marcando uma nova reunião para quarta-feira, 6 de dezembro, às 11h. Depois de essa análise ser concluída pela Câmara de Deputados a proposta segue para votação no Senado, onde precisa de obter, pelo menos, 308 votos, para ser aprovada.

Protesto em Portugal

No próximo domingo, 10 de dezembro, a Casa do Brasil e o movimento feminista Por Todas Nós organizam um ‘Ato Público de Repúdio ao PEC 181’, às 15h, na Praça da Figueira, em Lisboa.

Recorde-se que algumas figuras públicas brasileiras, como Camila Pitanga, Alinne Moraes e, mais recentemente, a antiga presidente do Brasil, Dilma Roussef, também já vieram a público opor-se à proposta e apelar aos prostestos.

 

Imagem de destaque: REUTERS/Ricardo Moraes