A 53.ª edição da ModaLisboa começou na quinta-feira, dia 10 de outubro e prolonga-se até ao dia 13 de outubro, domingo. Este é um dos mais aguardados fins de semana da moda e tem como objetivo a apresentação das propostas nacionais para a primavera/verão 2020.
Um dos grandes destaques deste sábado, dia 10 de outubro, foi o desfile apresentado pelo designer de moda Nuno Gama, que consistiu numa encenação do livro “O Principezinho”, de Saint-Exupéry, através da qual deixou um alerta enquanto mostrou peças únicas que não estão incluídas em nenhuma coleção sazonal.
Na 53.ª edição da ModaLisboa, a decorrer nas Antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, na zona do Campo de Santa Clara, estão a ser apresentadas as coleções para a primavera/verão do próximo ano, mas Nuno Gama optou por não o fazer.
“Esta é apenas uma encenação de ‘O Principezinho’, a coleção vai ser lançada apenas em março”, explicou o criador de moda, em declarações à Lusa.
Para Nuno Gama, esta forma é a que faz sentido numa altura em que “as pessoas não estão para estar à espera seis meses para adquirirem qualquer coisa, querem carregar com o dedo no telemóvel e aceder automaticamente às coisas”. Por isso, a coleção para a primavera/verão do próximo ano será apresentada em março.
Na encenação do clássico “O Principezinho”, do francês Antoine de Saint-Exupéry, publicado originalmente em 1943, e que foi “um dos primeiros livros” de Nuno Gama, foram mostradas “peças únicas, que não serão reproduzidas nunca em quantidade”.
Optar pela encenação de “O Principezinho”, em vez da habitual apresentação de uma coleção, “faz” para Nuno Gama, e “sobretudo neste momento”, também pelo planeta que imagina e deseja às gerações futuras.
“Acho que é uma responsabilidade minha fazê-lo e dizer ‘eu acho desta maneira’ e é um bocadinho com a esperança de que cada um encontre em si o que nos cativa, somos responsáveis por quê, que herança é que vamos deixar, de alguma forma”, defendeu.
O criador de moda sente-se “deveras preocupado” com a Terra e com “a indiferença e, de certa forma, ausência de responsabilidade que cada um tem”.
“Trazer esta história aqui desta maneira era exatamente isto: vamos pensar nisto e depois cada um decide o que quer fazer”, afirmou.
Na passerelle que tem acolhido a maior dos desfiles, Nuno Gama criou vários quadros, que remetiam para momentos do livro, cada um dos quais ‘batizado’ com palavras como gula, imaginação, responsabilidade, poder, vaidade, avareza, cativação e vergonha.
A encenação, que incluía vários manequins vestidos à imagem e até parecidos fisicamente com a personagem Principezinho, foi musicada ao vivo por um grupo de músicos que incluía violinistas e um cantor.
JC com Lusa