O sexo feminino têm um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior ao dos homens, em todo o mundo, segundo um relatório da ONU apresentado esta terça-feira, 21 de março, e que coloca a igualdade de género como fator fundamental para o desenvolvimento humano universal.
“A igualdade de género e o empoderamento das mulheres são dimensões fundamentais do desenvolvimento humano. Enquanto metade da humanidade não desfrutar dos progressos realizados em matéria de desenvolvimento humano, este desenvolvimento não é universal”, afirma o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) relativo a 2016, apresentado em Estocolmo, Suécia.
O índice de desigualdade de género é liderado pela Suíça, como o país que tem menos casos, enquanto o Iémen surge na última posição (159.º). Neste aspeto, Portugal está em 17.º lugar.
Mulheres com mais anos de vida, mas com menos oportunidades
Segundo o documento, em todas as regiões, as mulheres têm uma esperança de vida superior aos homens e, na maioria das regiões, espera-se que a escolaridade das meninas seja semelhante à dos meninos.
“No entanto, em todas as regiões as mulheres registam um Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo que os homens”, indica o estudo.
A diferença mais gritante é na Ásia meridional, onde o valor do IDH feminino é 20% inferior ao masculino.
As mulheres sofrem discriminações, sendo privadas de oportunidades ou impedidas de possuir bens produtivos, como terras, uma realidade que é preciso inverter.
O relatório realça que o investimento nas raparigas e nas mulheres tem “benefícios multidimensionais” e defende um apoio específico para que elas consigam realizar estudos superiores, principalmente em áreas como as ciências, tecnologia, engenharia e matemáticas, que terão uma maior procura para trabalho de alto nível no futuro.
Além disso, tem de se permitir que as mulheres compaginem o trabalho fora do lar com o trabalho não remunerado em casa, bem como equilibrar as suas funções ao nível laboral e a forma como as concilia ao nível da maternidade.
“Estabelecer modalidades de trabalho flexíveis, aumentar as opções de cuidados, incluindo as creches, os programas de atividades extraescolares, as residências de idosos e os centros de cuidados de longa duração podem ajudar as mulheres a ampliar as suas possibilidades”, diz a ONU.
Por outro lado, os critérios para promover homens e mulheres a cargos superiores “devem ser idênticos e basear-se no princípio de igual salário por um trabalho igual”.
15 milhões de raparigas casam-se antes dos 18 anos
O relatório inclui outros dados: uma em cada nove pessoas em todo o mundo sofre de fome e um terço da população mundial tem má nutrição.
Todos os anos, cerca de 15 milhões de raparigas casam-se antes dos 18 anos e, por dia, morrem 18 mil pessoas devido a contaminação atmosférica. O HIV infeta dois milhões de pessoas por ano.
“Carências básicas” que são comuns entre diversos grupos: mulheres e raparigas, minorias étnicas, povos indígenas, pessoas incapacitadas e migrantes “veem-se privados das dimensões básicas do desenvolvimento humano”, alerta o PNUD.
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