Mulheres gostam menos de andar de trotinetes do que os homens. Estas são as três razões

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[Fotografia: Carlos Pimentel/Global Imagens]

A escolha de usar trotinetes no dia-a-dia cativa mais os homens do que as mulheres. Segundo um inquérito elaborado pela Bolt e que auscultou a opinião de 6500 utilizadores, apenas 31% destes são mulheres, os restantes 69% são homens.

Mas, afinal, o que afasta o sexo feminino do uso deste tipo de transportes? Em resposta à delas.pt, Frederico Venâncio, responsável de micromobilidade da Bolt em Portugal, explica que “as respostas associadas ao género feminino relacionaram-se com a insegurança sentida nas condições para a circulação, nomeadamente ao nível da partilha de faixas de rodagem com automóveis, ou pela insuficiência de infraestruturas dedicadas para este tipo de mobilidade, como ciclovias”.

Para o responsável, “trata-se de argumentos que “são desafios com os quais se deparam frequentemente na operação”. O que, prossegue, “valida e reforça o esforço que temos vindo a fazer para um estreitamento de relações com os municípios, por forma a tornarmos a micromobilidade acessível e segura para todos”.

O estudo agora revelado pretende traçar o perfil do utilizador português de trotinetes, colocava uma questão aberta se o utilizador dissesse que não usava o nosso serviço”, de onde são retiradas as respostas pronunciadas pelas mulheres inquiridas.

Apesar da ideia associada de que é um serviço usado por turistas, Frederico Venâncio sublinhou, em declarações à agência Lusa, que 89% das respostas são de utilizadores nacionais, que têm entre 18 e 34 anos. “O facto de a faixa etária ter aumentado é um sinal positivo e mostra que a mobilidade está a ser adotada por muito mais pessoas”, frisou o responsável, adiantando que 48% recorre às trotinetes para se deslocar para o trabalho e/ou faculdade, enquanto 31 % utiliza-as como complemento aos transportes públicos, ou seja, para as “deslocações prioritárias ou realmente necessárias para a sua vida profissional”.

Viagens são cada vez mais longas

De acordo com o estudo, 38% dos utilizadores revelam que a facilidade de acesso às trotinetes é “determinante na escolha” deste tipo transporte. Segundo Frederico Venâncio, um outro dado do estudo que trouxe “alguma surpresa” foi o facto de as viagens realizadas através da trotinete serem cada vez mais longas e não seguirem o conceito de ‘last mile transportation’ (última parte do trajeto para o trabalho ou escola).

“Não é que deixe de existir o conceito, mas percebemos que as viagens de ‘last mile’ passaram a ser de ‘media mile’, já são viagens ligeiramente mais longas, entre dois a cinco quilómetros mas, mais surpreendente, é que percebemos que 14% são de viagens entre cinco a 10 km”, acrescentou o responsável.

Ainda segundo Frederico Venâncio, os dados “demonstram claramente que há uma evolução e implementação do serviço”, já que as pessoas utilizam as trotinetes para se deslocar no seu dia-a-dia, sublinhando que as cidades estão a trabalhar no sentido de proporcionar “todas as infraestruturas necessárias”.

Contudo, 70% dos utilizadores considera que há escassez de zonas de estacionamento e falta de trotinetes disponíveis, ou seja, esse “é um dos desafios” de futuro devido à existência de limite de frota, tanto na cidade de Lisboa (onde operam cinco operadores) e no Porto (onde existem dois), acrescentou o responsável.

Desta forma, o estudo conclui que 58% dos utilizadores de trotinetes considera importante que sejam disponibilizadas trotinetes em mais localizações nas cidades, aumentando os pontos de partilha.

Cerca de cinco anos depois de chegarem a Portugal, existem em Lisboa cinco operadores com licença – Bird, Lime, Link, Whoosh e Bolt -, que assinaram, no início do ano, um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa.

No documento, entre outras medidas, está a obrigatoriedade de pontos de estacionamento próprios para acabar com o “caos” causado pelo “abandono” das trotinetes nos passeios.

Está ainda acordado um limite de velocidade de 20 quilómetros por hora, além de um contingente máximo de veículos em circulação, que será de 1.500 por operador no inverno e que poderá ir até aos 1.750 na primavera e no verão.

com Lusa