Conheça as lutas de Narges Mohammadi, ativista iraniana que venceu Nobel da Paz 2023

FILES-NOBEL-PEACE-NORWAY-IRAN-WOMEN-RIGHTS-MOHAMMADI
Narges Mohammadi, fotografia cedida pela fundação homónima [Fotografia: NARGES MOHAMMADI FOUNDATION / AFP]

O Prémio Nobel da Paz foi concedido esta sexta-feira, 6 de outubro, à ativista iraniana dos direitos das mulheres, Narges Mohammadi, que está atualmente presa.

O galardão foi entregue em nome “da luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos e a liberdade para todos”, justificou Berit Reiss-Andersen, responsável do Comité Norueguês do Nobel, em Oslo.

Escritora, jornalista e ativista pelos direitos humanos e das mulheres, Narges Mohammadi esteve detida 13 vezes e foi condenada cinco pela sua luta pelo ativismo no Irão e por se “reunir e conspirar com a intenção de prejudicar a segurança nacional”, “espalhar propaganda contra o sistema” e “fundar e dirigir uma organização ilegal” pelo seu trabalho com a Campanha pelo Passo a Passo Abolição da Pena de Morte”, como informou a associação PEN Internacional, que alertou para os perigos e más condições a que Narges Mohammadi estava a ser sujeita na prisão.

Em 2019, foi transferida para a prisão de Zanjan, a cerca de 300 quilómetros de Teerão, depois de ter organizado protestos contra as condições prisionais e os assassinatos de centenas de manifestantes, tendo ficado ferida e sujeita a castigos na prisão, como revelou, então, a Amnistia Internacional. Em outubro de 2020, a PEN Internacional revelava que Mohammadi tinha sido libertada, após cinco anos presa.

Em maio deste ano voltou a ser detida, onde está na prisão de Evin. As associações internacionais e a academia alertam para o facto de o governo iraniano a estar a fazer cumprir sentença original de seis anos e a negar-lhe tratamento médico adequado e contacto com a família, em particular os dois filhos.

Nascida em 1972, Narges Mohammadi estudou Física na Universidade de Qazvin e envolveu-se em vários movimentos estudantis, tendo fundado o grupo político juvenil Tashakkol Daaneshjooei Roshangaraan [Grupo Estudantil Iluminado, em tradução literal]. Durante o tempo em que foi estudante, Narges foi detida pelas autoridades iranianas por duas vezes.

Defensora dos direitos das mulheres no Irão, foi jornalista na, posteriormente proíbida, revista iraniana Payam-e Haajarkm uma publicação histórica que analisou e debateu os direitos das mulheres, a igualdade e o papel das mulheres na Revolução Islâmica, como revela a academia sueca da biografia da laureada.

A ativista integrou depois o Centro para Defensores dos Direitos Humanos (CHRD), tendo trabalhado com Shirin Ebadi, a primeira mulher do mundo islâmico e advogada a receber o prémio Nobel da Paz, em 2003, há precisamente duas décadas.

Em 122 anos de prémio, Narges Mohammadi é a 19ª mulher a a receber o Nobel da Paz e dois anos após o último: A Maria Ressa das Filipinas a par com Dimity Muatov, em 2021.