Paquistão suspende série com violação de uma mulher para não “manchar” imagem do país

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Imagem de lançamento da série paquistanesa 'Hadsa' que mostra a violação de uma mulher [Fotografia: Divulgação]

Em setembro de 2020, uma mulher franco-paquistanesa foi violada diante dos filhos depois o carro ter ficado sem gasolina numa estrada perto de Lahore, leste do Paquistão.

A agência reguladora estatal dos meios de comunicação (Pemra) anunciou esta semana que a série Hadsa, exibida há uma semana, seria retirada do ar por ter sido inspirada neste caso real. “A representação de um ato tão hediondo não só reviverá o trauma da vítima, mas também manchará a imagem do país”, justificou a Pemra.

As violações raramente são denunciadas no Paquistão e a palavra das vítimas tem um valor relativo, já que grande parte do país vive sob um código patriarcal de “honra” que sistematiza a opressão às mulheres. Segundo dados oficiais, apenas 0,3% dos casos resultam em condenação.

Pemra estimou que “os espectadores no exterior perceberiam o Paquistão como um lugar arriscado para as mulheres” ao assistirem à série, que “não representa a sociedade paquistanesa”.

O caso gerou manifestações em várias cidades para exigir maior proteção às mulheres e para denunciar as palavras de um chefe de polícia de Lahore, que indicou a responsabilização a vítima.

Considerou, então, que a condução à noite sem a presença de um homem e a crença de que a sociedade paquistanesa era tão segura como a francesa poderiam ter levado a que isto acontecesse. Os protestos levaram-no a ser forçado a pedir desculpa pelas declarações.

Os episódios 4, a partir do minuto 35, e 5 de Hadsa mostram o rapto e agressão de uma mulher e o filho quando enfrentam problemas com o carro.

Mais tarde é revelado que a mulher é violada.

Com agências