Portuguesa ganha segundo lugar no Prémio Jovens Inventores

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DR / Instituto Europeu de Patentes

Filipa de Sousa Rocha é engenheira informática e professora assistente no Instituto Superior Técnico de Lisboa (IST). A jovem ganhou destaque internacional pela sua invenção que lhe valeu o segundo lugar do Prémio Jovens Inventores 2023 do Instituto Europeu de Patentes, anunciado esta terça-feira em Valência, Espanha.

Filipa desenvolveu o Sistema de Programação Tangível Acessível Baseado em Blocos (conhecido como BATS), um sistema com blocos físicos e um programa de computador que garante que crianças com deficiência visual possam ter uma educação digital inclusiva, ou seja, permite aprender competências digitais de forma adaptada.

O projeto da jovem, de 27 anos, recebeu o prémio no valor de dez mil euros para dar continuidade ao desenvolvimento do sistema.

“Em Portugal, existem crianças com deficiências visuais que estão em escolas de referência, mas estão inseridas em turma de crianças normovisuais. Portanto, podem não ter o mesmo acesso à educação que os seus colegas”, disse Filipa em entrevista ao “Jornal de Notícias”. Foi essa a sua motivação para contribuir para uma educação mais inclusiva.

DR / Instituto Europeu de Patentes

Os blocos utilizados no projeto são parecidos ao LEGO: tangíveis, coloridos e com ícones de espuma, permitindo identificar com o toque. Cada bloco representa uma ação ou comportamento, como, por exemplo, dançar. Os códigos das peças são lidos por uma aplicação própria no telemóvel e, assim, as crianças podem controlar o robô como que fosse um jogo.

Com a pandemia, a fase de testes foi complicada, mas sem desistências. Foram usadas cinco famílias com crianças com deficiência visual entre os seis e os 12 anos que receberam em casa um kit do BATS para experimentar.

Atualmente, Filipa visa o alargamento do projeto também para as salas de aula. “Como é que realmente um sistema destes, tangível e com sons, poderia funcionar nas salas de aula? Envolver vários sistemas no mesmo espaço é capaz de ser confuso. Queremos perceber como é que podemos chegar a uma situação que funcione para todos”, afirma.

DR / Instituto Europeu de Patentes

O prémio recebido pela jovem agregou “uma ótima motivação e valor” à invenção e ao desenvolvimento dos últimos quatro anos.

“Às vezes não temos noção de uma realidade que não vivemos, mas é importante continuar a olhar à nossa volta para descobrir de que maneira é que podemos fazer a diferença”, confessa.