
A atriz Regina Duarte, conhecida pelas participação em muitas novelas famosas produzidas no Brasil, assumiu esta quarta-feira, 4 de março, o cargo de secretária da Cultura do país e, no discurso de posse, ofereceu-se para “pacificar” a relação do Governo com o setor.
“Meu objetivo aqui é a pacificação e o diálogo permanente”, declarou Regina Duarte, na cerimónia de tomada de posse, comprometendo-se também a “promover a cultura, que é um dever do Estado”, e a fortalecer o setor cultural brasileiro, transformando-o num pilar de desenvolvimento económico e social.
A relação entre agentes e pessoas ligadas à cultura com o Governo brasileiro tem sido difícil desde o início da gestão de Jair Bolsonaro, um crítico feroz do chamado “marxismo cultural”.
Na cerimónia da tomada de posse da nova secretária da Cultura, Bolsonaro afirmou que muitos acreditam que é uma pessoa longe de amar a cultura, mas isto não é verdade.
O Presidente brasileiro disse que não é contra a cultura, mas sim da gestão do setor nas últimas décadas, porque na sua avaliação “o que a cultura representava não era o que a maioria das pessoas queria” e o setor era “usado para interesses políticos”.
Regina Duarte, de 73 anos, substituiu o encenador Roberto Alvim, demitido em janeiro depois que citar um discurso proferido pelo ministro nazi da Propaganda, Joseph Goebbels.
A nova secretária da Cultura do Brasil não tem experiência em administração pública e, antes de assumir o cargo, foi forçada a rescindir o contrato que tinha com a rede de televisão Globo, onde trabalhou por cinco décadas.
Entre os seus papéis mais reconhecidos como atriz estão o da viúva Porcina, em “Roque Santeiro” (1985), e a jornalista Malu, da série “Malu Mulher” (1979), um enredo feminista que abordava questões como sexo, aborto e drogas.
Embora suas ideias conservadoras coincidam muito com as promovidas por Jair Bolsonaro, Regina Duarte é vista pela grande maioria da classe artística como uma pessoa conciliadora, que pode ajudar a construir pontes de diálogo entre o Governo e o setor.
A primeira pista dada pela nova secretária foram as demissões anunciadas pouco antes da posse de uma dúzia de diretores de institutos culturais públicos que eram considerados radicais.
Entre eles está o ex-diretor da Fundação Nacional de Artes, Dante Mantovani, que no ano passado chegou a dizer que “o rock leva ao satanismo, ao aborto e às drogas”.