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Saiba o que as mulheres portuguesas esperam de 2017

Teolinda Gersão, escritora: "Se esperavam por grande optimismo da minha parte, desenganem-se. Em Portugal, será positivo se a justiça melhorar e, por consequência, a corrupção diminuir. Essa esperança, pelo menos, eu tenho. Sobre a Europa e o mundo, não faço previsões. A crise civilizacional é profunda. Veremos. Um dia de cada vez." (Fotografia: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens)
Alice Vieira, escritora: “Na minha infância, o último dia do ano era irmos todos para a janela bater panelas, para que todo o mal desaparecesse…Quem me dera que essa ingenuidade continuasse… O ano de 2016 foi tão mau, mas tão mau, que qualquer pequena expectativa me parece extraordinária. O que mais gostava que acontecesse era que houvesse sorrisos nas bocas que os sabem distribuir e sabem para o que eles servem, e dinheiro nos bolsos daqueles que lhe dão bom uso e que, por isso, têm sempre pouco. Nestas alturas recordo sempre as sábias palavras da minha avó Gertrudes: 'alguns tostões, saúde e paz—que o resto a gente faz.'” (Fotografia: Paulo Spranger/Global Imagens)
Mitó, vocalista das Señoritas: "2017 será um ano de inícios, em Portugal, no mundo e nas nossas vidas. É possível que alguns destes inícios não perspectivem coisas boas, tendo em conta o caráter de alguns líderes mundiais recentemente eleitos, mas olhando para o meu país tenho esperanças. Esperança no fim da demagogia, no dia em que toda a gente assuma a sua responsabilidade pelo estado das coisas. Não sendo isto uma declaração de intenções mas sim uma perspectiva, tenho de referir o quanto me assusta o rumo que tomam as lideranças dos mais influentes países do mundo. E tenho de voltar a ter esperança em milagres. O fim dos conflitos armados na Siria e o apoio do mundo à sua reconstrução seria um bom começo." (Fotografia: Paulo Spranger/Global Imagens)
Ana Galvão, locutora de rádio: "2017 será um ano de muitas mudanças na política. Reparem que poderá ser o ano em que Angela Merkel, essa figura mítica da Europa, poderá deixar o seu cargo. No âmbito das grandes decisões, as questões climáticas terão que estar, obrigatoriamente, de novo em cima da mesa. Em Portugal será, segundo imprensa internacional, um ano explosivo em termos turísticos, portanto, temos que nos preparar para comunicar em várias línguas. E claro, termos o Sporting como grande campeão de futebol (esta é desejo, não previsão). No nosso dia-a-dia, iremos conviver, cada vez mais, com a internet das coisas: Frigoríficos, carros, candeeiros ou até porta-chaves, com acesso a redes web, com uma espécie de vida própria." (Fotografia: Filipe Amorim / Global Imagens)
Simone Fragoso, nadadora paralímpica: "Em termos de inclusão, que é um assunto que me toca diretamente, estamos a evoluir bastante. Já saiu o decreto de lei da prioridade para as grávidas, idosos e pessoas com mobilidade reduzida, que é o meu caso. Neste momento, os prémios olímpicos e paralímpicos para o ano olímpico também estão equiparados, o que é bastante bom porque até agora isto não acontecia. Ainda temos o desfazamento das bolsas mensais, mas em termos de bolsa de prémio, quando ganhas uma medalha e sobes ao pódio, está igual aos olímpicos. Vamos evoluir neste campo em 2017. Estamos a preparar o terreno para 2020, altura dos próximos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em Tóquio. Em termos mundiais só espero que não morram mais artistas, estamos a perder o património cultural." (Fotografia: Jorge Amaral/Global Imagens)
Renata Gomes, cientista e investigadora no King's College Hospital, em Londres, embaixadora da British Heart Foundation: "O mundo está cheio de Corações Partidos, prontos a despontar! Temos esperança de encontrar terapias mais eficientes, com ênfase para medicamentos inteligentes que apontam para um alvo específico da doença para minimizarmos os efeitos secundários - esta é uma área que vai florescer em 2017. No entanto, ainda há muitos corações partidos por remendar... a população em geral ainda não dá importância à medicina preventiva. Mas vamos ver o aumento da introdução de robots na medicina e vai ser revolucionário. Se 2016 foi difícil, 2017 vai ser explosivo! O Médio Oriente está exponencialmente explosivo, precisamos de reconstruir, de educar... A guerra é a opção fácil... Quanto ao Reino Unido, onde vivo, o país parece estar convencido que pode sair da União Europeia sem nenhum dano, mas eu não estou tão otimista quanto a isso, e eu sou uma pessoa otimista por natureza." (Fotografia: DR)
Catarina Marcelino, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade: "“Espero que 2017 nos traga novos contributos para uma sociedade mais decente, onde a igualdade e o exercício pleno da cidadania se tornem mais efetivos, através de mecanismos e políticas públicas que criem equilíbrio de género na sociedade portuguesa, nomeadamente através da implementação do limiar de paridade nas empresas públicas e nas empresas cotadas em bolsa. Espero também que as eleições autárquicas tragam mais mulheres à participação política e ao exercício de poder e tomada de decisão, em particular na Presidência de Câmaras Municipais, que a Concertação Social assuma uma agenda para a igualdade no mercado de trabalho com compromissos no combate às desigualdades salariais, segregação profissional, conciliação da vida familiar e profissional e na parentalidade, e que a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania se torne uma realidade em todas as escolas públicas do nosso país.É ainda meu desejo que, no ano novo, haja uma nova Lei da Identidade de Género que vá mais longe nos direitos das pessoas LGBTI. Por fim, espero uma política europeia mais próxima das pessoas refugiadas, que abra as portas da Europa a quem precisa de acolhimento, mas que essa política seja uma verdadeira política de integração que inclua os imigrantes, que se torne um símbolo de afirmação dos valores europeus através da ação, para que ninguém fique para trás.” (Fotografia: DR)
Paula Cosme Pinto, feminista e autora do blogue do expresso 'A vida em saltos altos': "A luta contra a discriminação de género entrou na agenda e 2017 deverá afirmar esta necessidade de igualdade de oportunidades, liberdade e dignidade entre homens e mulheres. A paridade já não é uma miragem, mas está longe de ser uma realidade. A discriminação contra meninas e mulheres continuará de diferentes formas: violência, assédio, abuso sexual, tráfico humano, gap salarial, sexualização da imagem feminina, body shaming, entres outras. Mas a forma como o mundo olha para isto continuará a mudar. O tema suscitará cada vez mais atenção, surgirão mais denúncias às autoridades, haverá mais discussão pública, maior responsabilidade política e uma maior tomada de consciência geral para a necessidade de mudança de mentalidades, começando pela educação. Não vejo 2017 como o grande ano da mudança – dizem as previsões que só alcançaremos igualdade de género mundial em 2186. Mas poderá ser o ano em que muitas pessoas, homens e mulheres, deixam de dizer “eu não sou feminista, mas”, para passarem a compreender e abraçar a palavra. Tendo noção que o feminismo não defende a supremacia da mulher sobre o homem, mas sim um mundo mais igualitário e equilibrado entre géneros. E que no fim, é o coletivo que ganha." (Fotografia: DR)
Raquel Rodrigues, coordenadora da Plataforma Femafro: "O grande desafio para este novo ano será agir na contramão do retrocesso dos direitos humanos. Como mulher negra, feminista e activista, considero que o ano de 2016 foi fundamental para ganhar espaço e ampliar o discurso do feminismo negro em Portugal numa altura em que vivenciamos a Década da Mulher Africana (2010-2020) e a Década dos Afrodescendentes (2015-2024) respectivamente. Em 2017, serão necessárias mais mudanças, um olhar progressista e multicultural nas questões de género, críticas construtivas e pressão às entidades competentes para combater o machismo, o racismo, a xenofobia e LGBTIfobia. O caminho será longo, mas não podemos ceder às opressões que põem em causa as liberdades humanas". (Fotografia: Gerardo Santos/Global Imagens)
Rubina Berardi, deputada na Assembleia da República, pelo PSD-Madeira: "É fácil sentirmo-nos impotentes perante os desafios que 2017 herda de 2016: Síria, refugiados, Brexit, Trump, a lista é estonteante. Os resultados eleitorais que favorecem os populistas são fruto do fomento do sistema intuitivo e emocional. Logo, é importante perceber que o antídoto ao populismo reside em cada cidadão. É no seu círculo de influência social que se trava a defesa do esclarecimento e da democracia. Não ceder a populismos significa também ser mais criterioso na leitura e partilha das notícias que nos chegam, especialmente nas redes sociais. Em 2017 começa em cada um de nós a batalha contra a pós-verdade." (Fotografia: DR)
Ana Elisabete Ferreira, advogada e investigadora do Centro de Direito Biomédico da Universidade de Coimbra: “No geral, desejo que 2017 seja um grande ano para a investigação, para a tecnologia e para o reconhecimento dos talentos científicos das portuguesas e dos portugueses, no mundo global. Em Portugal, espero que se incrementem as políticas públicas e as parcerias entre público e privado que favoreçam uma visão holística da investigação em tecnologia, investindo mais nos estudos que privilegiem a articulação das ciências naturais com as ciências sociais. Em muitas áreas científicas verifica-se um grande desnível entre os postulados científicos e a sua integração filosófica, bioética, social e jurídica, e é urgente atenuá-lo. Isso só se fará quando as ciências sociais deixarem de ser “o parente pobre” na família da investigação pós-graduada. Já no mundo, em geral, espero que se aprofunde a consciência ética no uso da tecnologia mais avançada, particularmente, que a inteligência artificial seja cada vez mais utilizada com o fim específico da diminuição dos danos em seres humanos, tanto no seu uso bélico como no quotidiano." (Fotografia: DR)
Mafalda Ribeiro, escritora e oradora motivacional: "A minha perspectiva será sempre de baixo para cima ou não estivesse eu sempre na condição de sentada, numa cadeira de rodas, e dona da altura de 97 cm. Mas isso nunca me fez sentir diminuída. Pelo contrário, no alto dos meus 33 anos sei que sou bem aventurada por olhar para a vida assim: ensina-me a ser mais paciente, generosa, lúcida e grata. Se perspectiva significa previsão, acrescento o meu optimismo incorrigível. Porque eu mesma não só contrariei todas as previsões da minha própria existência como prefiro ainda hoje dar espaço à vida para me surpreender e cooperar com ela a partir daí. Mesmo quando se fala na vinda de um 2017 perigoso no que concerne às grandes tragédias humanitárias e situações de guerra, eu conto com a Esperança e coloco os meus olhos naquilo que ainda não vejo. O que aconteceu em 2016 não pode paralisar-nos de medo, até porque ele é o principal inimigo da fé. Portanto, olho para a frente com Entusiasmo porque acredito que é possível regressar ao essencial da Criação e nele mudarmos todas as perspectivas desta realidade." (Fotografia: DR)
Fausta Cardoso Pereira, escritora: "O ano de 2016 lança a 2017 vários desafios. A minha perspectiva é de que, ao enfrentá-los, não nos esqueçamos, em Portugal e no mundo, que somos pessoas dotadas de capacidade de raciocínio e valores que nos distinguem enquanto seres humanos. Espero que em 2017 a criação de todos os muros anunciados seja interrompida. Bruscamente. Posso estar a ser pouco razoável mas a realidade também o tem sido. Se os extremos estão a proliferar, a minha perspectiva é de que os possamos ver, claramente. E então, desejo que surjam movimentos cívicos capazes de encontrar o equilíbrio, o respeito pela diferença do outro e a sua integração." (Fotografia: DR)
Sofia Branco, Sindicato dos Jornalistas: "Infelizmente, não auguro nada de muito bom para o mundo em 2017. Penso que vamos assistir ao agravamento das condições de vida de milhões de pessoas e a fluxos migratórios cada vez mais desesperados e ingovernáveis, devido à total ausência de vontade política e concertação de posições para lidar, humanisticamente, com o assunto. Será igualmente um mundo com trumps e putins, em tudo o que isso comporta de extremismos – do machismo ao racismo. Em Portugal, a geringonça continuará a funcionar, repondo alguma justiça social, mas, espero, já sem o período de graça e mais sujeita ao escrutínio público. Temos, todos, de exigir mais no que diz respeito às desigualdades, à pobreza, à exclusão e à discriminação. Não são previsões luminosas, bem sei. E, por isso, deixo aqui o que gostava de ver em 2017. Gostava de ver os direitos das mulheres garantidos em paridade com os dos homens, gostava que elas ganhassem o mesmo por trabalho igual, que subissem na carreira a passo com eles, que assumissem mais posições de liderança, que fossem mais ouvidas sobre o que pensam, que pudessem contar com uma verdadeira partilha de tarefas familiares e domésticas, que o Estado provasse que apoia, verdadeiramente a maternidade e, já agora, a paternidade. Sendo jornalista, gostava de ver um maior reconhecimento do que este representa para a democracia e o bem-estar social. E de poder dizer que os/as jornalistas do meu país não prescindem do dever de informar a sociedade por medo de represálias." (Fotografia: Sara Matos/ «Global Imagens)
Rita Redshoes, cantora: "Um dos desejos que consta sempre da minha lista de desejos para o ano seguinte, é o de ser e fazer pessoas felizes e que tenhamos a capacidade para ouvir o nosso coração e compreensão e tempo para ouvir o coração dos outros. Gostaria muito que o valor da Cultura fosse cada vez mais presente nas políticas do nosso país e ao nível mundial que os conflitos sangrentos, travados numa série de países neste momento e aos quais assistimos à distância e talvez dormentes, tivessem um fim." (Fotografia: Gustavo Bom/Global Imagens )
Maria Teresa Horta, poetisa: "No final deste ano de 2016, confesso não ver nenhum motivo evidente, que me leve a encontrar motivos de esperança no ano de 2017, que desgraçadamente começa com a ameaça constante do terrorismo, da guerra, da fome, do desemprego; com o retrocesso clamoroso da luta das mulheres pela igualdade na diferença, pelo seu direito à felicidade; com o ferrete de irmos ter Trump como presidente dos Estados Unidos da América! Claro que a criatividade irá persistir, apesar da sua constante secundarização... No entanto a arte permanecerá como resistência primeira, que sempre nos levará, sobretudo a poesia, até ao coração do sonho, sem o qual o ser humano jamais poderia resistir." (Fotografia: Facebook)
Joana Calado, nadadora paralímpica: "Desconexão: com o número de dispositivos ligados à iInternet quase a ultrapassar os 28 biliões, será que a vida 'inteligente' cada vez mais nos afasta do presente? O ano onde começamos a desconectar do mundo virtual e a viver mais no momento? Já em Portugal, 2017 será o ano onde os feitos desportivos serão celebrados invés de retratados como 'falha medalhas'!"
Ana Mota Veiga, atleta paralímpica de paradressage: "A nível desportivo espero que se comece a notar uma maior aproximação entre a forma como são tratados os atletas paralímpicos e olímpicos. A nível nacional espero que continue a tendência para sair da crise e consequente melhoria da qualidade de vida." Fotografia de Jorge Amaral
Mariana Moura Santos, fundadora das Chicas Poderosas:"As minhas previsões para 2017 assentam em que não será um ano fácil, mas será com certeza melhor que 2016. Os meus pensamentos e projecções dedicam-se não exclusivamente a Portugal mas ao resto do mundo, com o meu foco a recair sobre América Latina e o meu receio nos Estados Unidos como foco de muitos desenvolvimentos políticos, sociais e estratégicos para a Europa em particular. Escusado será dizer que me assusta o Trump estar à frente de uma das maiores potências mundiais, não apenas pelo personagem que ele representa - realmente, custa-me a acreditar, apesar de todas as razões dadas para a sua maioria, como é que os cidadãos americanos chegaram a tal desespero - as pela raiva, racismo e rejeição pela diversidade que ele trouxe para cima da mesa, não só nos Estados Unidos, como pela Europa fora... Gostaria de acreditar que somos mais inteligentes do que isso. Com a esperança no nosso querido António Guterres na liderança das ‘forças do bem’, espero que Europa, EUA e o resto do mundo cheguem à conclusão que a chave para conseguirmos todos viver em harmonia passa pela aceitação e celebração da diversidade. Pelas mulheres, em particular pelas latino americanas, sinto que ainda há muito caminho a percorrer, e eu pessoalmente continuarei a encabeçar essa "jornada". Onde mais jornalismo de investigação, activismo social e treino digital é necessário que se faça chegar a mulheres e homens da América Latina, para manter cidadãos informados e ‘engaged’, e manter os governos responsáveis, para que a corrupção e má gestão de países e pessoas maravilhosas, não destrua a riqueza dessa parte do mundo que lidera a tantos níveis face às grandes dificuldades que enfrentam desde sempre. O meu sonho é que consigamos juntar-nos para ter um mundo mais receptivo a todos aqueles que nascem, e que não continuemos a matar-nos uns aos outros por falta de amor e compaixão. Gostava de acreditar que os egos não fizessem parte deste novo ciclo que acredito que vai ser um grande ciclo!" (Fotografia:DR)
Sara Falcão Casaca, professora no ISEG e ex-Presidente da CIG – Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género: “A época convida à regeneração de ideais, convicções e projetos de organização social. Detenho-me aqui, em poucos caracteres, nas expetativas de igualdade no plano profissional. Que 2017 permita a desconstrução mais efetiva dos estereótipos de género, desafiando a concentração de mulheres e homens em áreas de formação, atividade e profissões distintas e o desmantelamento do resistente “teto de vidro” (dessegregação sexual horizontal e vertical). Que o novo Ano revele uma redistribuição mais justa do trabalho pago e não pago, uma maior simetria nas remunerações, aspirações e oportunidades profissionais. Que seja um Ano atento à voz das mulheres, à sua presença e visibilidade nos lugares estratégicos e de decisão. Que sejam dias de aprofundamento da autonomia de todas nós, em plenas condições de igualdade, reconhecimento e dignidade.” (Fotografia:Reinaldo Rodrigues/Global Imagens)

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“É chocante que jornais e revistas ouçam exclusivamente figuras masculinas sobre o futuro, mas não me surpreende”. As palavras são de Sofia Branco, presidente do Sindicato dos Jornalistas, que comenta desta forma ao Delas o espaço mediático que foi dado, nesta altura de balanços e antevisões, a homens e mulheres, na comunicação social portuguesa.

Para a responsável da entidade que representa os jornalistas, “o jornalismo português, como a sociedade onde se insere, é ainda profundamente machista e conservador (também não ouve jovens nem minorias) e reproduz estereótipos de género todos os dias. A responsabilidade social do jornalismo impõe outro comportamento”, defende.

Mas Sofia Branco considera também que a discussão sobre aquelas opções editoriais revela que as questões de género já não passam tão despercebidas. “É um bom sinal que a sociedade esteja hoje, pelo menos aparentemente, mais alerta e exigente.”

Em jeito de contrabalanço, apresentamos as expectativas e perspetivas de várias mulheres portuguesas para 2017. Das mais variadas áreas profissionais e quadrantes, de diferentes idades e exemplos de diversidade, as personalidades ouvidas pelo Delas mostram-se atentas às evoluções do mundo e do país, e a herança dos acontecimentos de 2016 não lhes deixa grande margem para otimismos.

Mas o ano que agora acaba também abriu caminhos de esperança, que estas mulheres esperam que sejam continuados e desenvolvidos. Entre receios fundamentados, sobram, apesar de tudo, o otimismo, o desejo e a esperança de que o ser humano não se esqueça daquilo que o torna especial: a capacidade de mudar.

Além da presidente do Sindicato dos Jornalistas, também a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, as escritoras Alice Vieira e Teolinda Gersão, a desportista Simone Fragoso, as cantoras Rita Redshoes e Mitó, a coordenadora da plataforma Femafro, Raquel Rodrigues, e a feminista e autora do blogue ‘A Vida em Saltos Altos’, Paula Cosme Pinto, entre outras personalidades, partilharam aquilo que anteveem para os próximos 12 meses, em Portugal e no mundo.

Para saber o que pensam, veja a nossa fotogaleria.