Publicidade Continue a leitura a seguir

Tirar ‘selfies’ já é uma doença mental

Percorra a galeria, fique a conhecer as principais conclusões do estudo em torno das 'selfies' e fotografe a sua saúde mental [Fotografias: Shutterstock]
Selfitis é considerado um desejo obsessivo-compulsivo de tirar fotografias de si própria
As 'selfies' pode ser uma forma de mascarar a falta de autoestima
Há três níveis de patologia, segundo os investigadores. O comportamento de risco revela-se no facto de serem tiradas três imagens de si própria por dia, mas não publicar nenhuma nas redes sociais
Tirar pelo menos três 'selfies' diariamente e partilhá-las nas redes sociais revela um estado agudo da doença
Por fim, no estado crónico da selfitis, são tiradas pelo menos seis fotografias por dia, todas elas publicadas nas redes sociais

Publicidade Continue a leitura a seguir

Antes de começar a ler este artigo, nada mais importante do que responder à pergunta: Tira mais de três selfies por dia? E dessas, quantas publica nas redes sociais? Agora que já respondeu mentalmente à pergunta, tem mesmo de ler o resto…

Porquê? Porque estar e ser adicto de selfies parece ser prenúncio de um transtorno mental e quem o diz são os especialistas. Estes defendem que as pessoas que se sentem, inconscientemente, compelidas a tirar e publicar continuadamente imagens suas nas redes sociais podem mesmo precisar de ajuda. O problema até já tem nome oficial: ‘selfitis’

Os investigadores da Universidade de Nottingham Trent e a Escola de Administração Thiagarajar, na Índia, decidiram olhar com maior detalhe para esta realidade no país com mais utilizadores de Facebook (o segundo mais populoso do mundo) e com maior registo de mortos aquando do momento de tirar uma selfie em lugares perigosos. Este ano, 30 pessoas morreram naquelas circunstâncias e 14 desses acidentes foram registados na Índia.

Este é o cenário fotográfico preferido das mulheres portuguesas

Aquela investigação confirmou que a selfities existe mesmo, definindo uma Escala de Comportamento semelhante à do Autismo e que pode ser utilizada para avaliar a gravidade da dependência.

Mark Griffiths, professor de dependências do comportamento no Departamento de Psicologia de Nottingham Trent, é um dos autores – a par do indiano Janarthanan Balakrishnan – daquele mapa comportamental definido na Índia. Segundo a investigação, numa primeira fase foram ouvidos, em esquema de focus group, 200 alunos para estabelecer os itens da doença. Mais tarde, esses mesmos pressupostos foram submetidos a 400 estudantes indianos.

Assim, se numa primeira fase foram encontradas cerca de duas dezenas de frases como “sinto-me mais popular quando publico selfies no Facebook”, “Consigo reduzir o meu nível de stress quando publico imagens” ou “quando não tiro selfies, sinto que não faço parte do grupo”. A segunda fase do estudo consistiu em perceber reações junto das quatro centenas de alunos.

A escala de reação determinada pelos investigadores vai de 0 a 100 e consiste, então, na determinação de fatores que impulsionam a autoestima. Os autores concluíram que não se trata apenas de um comportamento normal, havendo inclusivamente margem para o transtorno psiquiátrico. De sublinhar que o estudo ressalva que 90% dos inquiridos tinha menos de 25 anos, não pretendendo, por isso, ser uma pesquisa representativa de toda a população.

Há três níveis de doença!

A investigação – intitulada Estudo Exploratório de Selfitis e Desenvolvimento de uma Escala de Comportamento (An Exploratory Study of Selfitis and the Development of the Selfitis Behavior Scale, no original) – foi publicada na revista Internacional de Saúde Mental e Dependências e conclui que há três níveis de ‘selfitis’: o de risco, agudo e crónico.

O primeiro diz respeito aos que tiram fotos a si próprios três vezes por dia, mas não as colocam nas redes sociais, já o segundo aplica-se aos que se fotografam pelo menos três vezes por dia e postam cada uma nas plataformas de social media. Por fim, estão os que revelam ter um impulso descontrolado para a prática durante o tempo e publicam as imagens mais de seis vezes por dia.

A procura de atenção, a carência de afeto e falta de confiança própria são ingredientes que potenciam o desenvolvimento deste transtorno, segundo revelam os pesquisadores. Estes dizem ainda que este tipo de prática é posta em marcha por aqueles que acreditam que, com esta opção, conseguem elevar-se na sua posição social e sentem, com isso, pertencer a um grupo.

A designação selfitis surgiu, pela primeira vez em 2014 e para designar uma propensão obsessiva para tirar fotos e si próprios. Na altura, foi considerada uma notícia falsa uma vez que a Associação de Psiquiatria norte-americana não tinha catalogado tal comportamento como um transtorno. Os professores Griffiths e Balakrishnan consideraram, por sua vez, que era necessário investigar e tomaram a dianteira. Os resultados foram conhecidos agora.

Imagem de destaque: Shutterstock

É perigoso tirar selfies a mostrar os dedos