Sente-se culpada quando não é produtiva? Não é a única

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Não podemos negar que, durante o tempo de quarentena, tentámos todos ao máximo mantermo-nos pessoas produtivas. Aprender novas receitas, praticar um novo desporto ou tirar um curso online foram algumas das coisas que acabámos por fazer em tempo de maior isolamento. Mas, porque é que nos sentimos culpados de “não fazer nada”?

Durante meses fomos impedidos de sair de casa, devido à pandemia provocada pelo Novo Coronavírus. Mesmo nos dias que correm, a vida voltou a uma normalidade até então desconhecida: distanciamento, máscaras de proteção individual e desinfetar as mãos com regularidade.

Depois dos primeiros tempos, em que as séries, filmes, livros ou os diretos nas redes sociais foram o nosso escape da realidade, há quem se tenha sentido realmente frustrado e culpado por não estar a “fazer nada”. Afinal de contas, muitas pessoas ficaram sem emprego ou não conseguirem manter as suas rotinas em regime de teletrabalho.

Será que a necessidade ou obrigatoriedade que colocámos em cima de nós mesmos para ser produtivos foi benéfico para a nossa saúde mental? Talvez não. Durante os meses de quarentena, tentámos ao máximo cuidar da nossa saúde mental ao manter-nos ativos e a Internet encheu-se de listas de coisas que podíamos fazer em casa e em segurança.

A verdade é que poucos eram aqueles que se sentiam bem com o facto de terem deixado de ser produtivos. Mas, afinal, o que é que é “não fazer nada”? Sara Villoria, psicóloga entrevistada pela revista S Moda, considera que grande parte dos desconfortos derivados do confinamento tiveram origem numa crença negativa.

“Às vezes chamamos de ‘não fazer nada’ às coisas que em termos de bem-estar podem contribuir muito, mas que não entram no conceito de se ser mais produtivo. Muitos entendem que ‘não fazer nada’ é sentar no sofá e assistir a uma série, ou ler um livro, mas isso pode ser maravilhoso e algo que nos está a proporcionar muitas coisas positivas”, destaca a especialista.

As próprias redes sociais encheram-se de sugestões que nos fizeram acreditar, explica a especialista, que se não saíssemos da quarentena mais tonificadas ou mais cultas, teríamos fracassado. E as pessoas acabaram por ficar com esta ideia na cabeça, acreditando que ser produtiva e não fracassar era sinal de tentar ao máximo fazer tudo e mais alguma coisa.

Em suma, aquilo que acreditávamos ser “não fazer nada”, como aproveitar para descansar, tratar de nós mesmas de forma saudável, colocar todos os filmes e séries em atrasado em dia ou, ainda, ler um bom livro apenas por lazer, é mesmo o melhor que poderíamos ter feito à nossa saúde mental, deixando de lado a pressão de tentar ser produtiva e melhor a todo o tempo.