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Seul e Japão não vão renegociar acordo sobre escravas sexuais

A expressão “mulher de conforto” tem sido um eufemismo usado pelos japoneses para designar as sul-coreanas que foram forçadas a prostituírem-se e a sofrer abusos por parte dos militares nipónicos durante a Segunda Guerra Mundial. Há anos que as lutas destas mulheres sul-coreanas são travadas e o acordo estabelecido há dois anos parecer estar longe de satisfazer os pedidos que exigem. Percorra a galeria e conheça as histórias destas antigas escravas sexuais. [Fotografias: Reuters]
Gil Won-ok foi uma “mulher de conforto” e tem dado voz às lutas que reivindicam um pedido de desculpa e uma compensação por parte do Japão. Nascida em 1927, foi levada para um bordel militar em 1940, na China. Segundo relata a Reuters, contraiu sífilis, teve vários tumores durante o tempo em que foi forçada a prostituir-se e revelou que um médico militar japonês lhe extraiu o útero, impedindo-a de ser mãe. [Fotografia: Kim Kyung- Hoon/Reuters]
Nos relatos que fez a investigadores, Lee Ok-sun, nascida também em 1927, foi levada em 1942 para a China, onde foi repetidamente violada. Mais tarde, foi sendo levada para diversos bordéis militares japoneses. Em 2015, vivia numa “Casa Partilhada”, um refúgio especialmente construído para as mulheres que sofreram aqueles abusos. [Fotografia: Kim Kyung- Hoon/Reuters]
Lee Yong-soo, antiga “mulher de conforto” tem sido uma das vozes mais ativas no protesto, que tem tido lugar frente à embaixada do Japão em Seul. [Fotografia: Kim Hong-Ji/Reuters]
Gil Won-ok também vive numa Casa-Abrigo que junta as mulheres que foram forçadas pelos japoneses a prostituir-se, durante a IIª Guerra Mundial.[Fotografia: Kim Kyung- Hoon/Reuters]
A estátua de uma "escrava sexual" - "mulheres de conforto", diz-se eufemisticamente - que está também no centro desta polémica [Fotografia: Reuters]
Memorial dedicado às sul-coreanas feitas escravas sexuais durante a IIª Guerra Mundial e situado no Museu da Guerra e dos Direitos Humanos das Mulheres, em Seul. [Fotografia: Reuters]

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A Coreia do Sul anunciou hoje que não vai renegociar com o Japão o controverso acordo de 2015 para compensar as mulheres coreanas que o exército japonês forçou à escravatura sexual durante a Segunda Guerra Mundial.

O anúncio foi feito pela ministra dos Negócios Estrangeiros sul-coreana, Kang Kyung-wha, que explicou que Seul vai destinar os seus próprios recursos para compensar as vítimas do exército imperial nipónico, e que não utilizará para esse fim a verba canalizada por Tóquio após o acordo de dezembro de 2015 entre o Governo japonês e o anterior executivo sul-coreano.

Relativamente aos fundos japoneses, Kang indicou, em declarações reproduzidas pela agência sul-coreana Yonhap, que Seul ainda deve discutir com Tóquio o destino a dar a esse dinheiro. Coreia do Sul e Japão concluíram em dezembro de 2015 um acordo descrito como “final e irreversível” relativamente à questão das escravas sexuais, conhecidas pelo eufemismo “mulheres de conforto”, ao abrigo do qual Tóquio pediu desculpa pelos abusos cometidos durante a colonização da Coreia e concedeu 1.000 milhões de ienes (7,4 milhões de euros) a uma fundação de vítimas.

No entanto, associações de “mulheres de conforto” e mesmo parte da opinião pública sul-coreana consideraram que um pedido de desculpa é insuficiente, apontando ainda que Seul e Tóquio não tiveram em consideração as vítimas dos abusos na hora de fechar o acordo, pelo que reivindicaram uma revisão do mesmo. Após a sua revisão, em dezembro passado, o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, concluiu que o acordo excluiu “as vítimas e os cidadãos” e que a questão das escravas sexuais “não se pode resolver” por via desse documento, sinalizando “falhas graves”.

A maioria dos historiadores estima que até 200 mil mulheres – a maioria coreanas, mas também chinesas – tenham sido forçadas a prestar serviços sexuais a tropas nipónicas entre os anos 30 do século passado e o final da Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945.
Apenas 38 das mulheres citadas na lista oficial detida pelo Governo sul-coreano estavam vivas em meados do ano passado.

A questão das “mulheres de conforto” dificultou, durante décadas, as relações do Japão com os países que colonizou ou invadiu.

Escravatura sexual na IIª Guerra Mundial divide Coreia do Sul e Japão