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Têxteis inteligentes dão saias brilhantes

Vestido Tornado, com impressão mimaki (marca de impressoras tecnologia de ponta) do fenómeno natural em acção. Nuvens e relâmpagos são impressos no tecido. Este foi também bordado com fios condutores e componentes eletrónicos que incluem luzes led super-brilhantes. 3 pequenas células fotovoltaicas detectam a quantidade de luz ambiente, que quando escassa fazem desencadear clarões nos leds
Vestido White Touchpad, da Subtela. A aplicação sobre o vestido tem entretecida fita feita com fibra Tajima de luz led, e oferece a possibilidade de ser programada para mostrar letras e outros grafismos carregados digitalmente de forma wireless
Bio Suit, por Dava Newman. Dava foi Professora de Aeronáutica e Astronáutica no MIT, e mais recentemente foi nomeada pela Casa Branca deputy administrator da NASA, segunda posição de liderança da agência espacial. Foi na NASA que Dava desenvolveu o Bio Suit. Este substituirá, mais tarde ou mais cedo o atual fato de astronauta, demasiado rígido e limitado
Tapete 100 Electronic Art Years, por Maggie Orth. Tecido com elétrodos e fios condutores, que quando ligados alteram pelo calor a cor dos tintos termocromáticos que tingem partes do tapete
Top por Iris van Herpen, colecção Crystallization, com a colaboração de Daniel Widrig e da MGX by Materialise, impressão 3D inspirada nas formas geradas durante a transformação de líquidos em cristais
Dita von Teese vestida por Michael Schmidt, com a peça The First Fully Articulated 3D Printed Dress, fotografia de Albert Sanchez. Como o nome indica gerado por impressão 3D
Projecto BioLace, por Carole Collet, que conjuga produção agrícola com ‘biologia sintética’, manipulando a morfologia das raízes num desenho intencional
Playtime, por Ying Gao, em super-organza e componentes electrónicos. Reactivo ao som e à luz; quando a eles submetido, as camadas do vestido movem-se num subtil movimento como que respiratório
Incertudes, por Ying Gao, em pvdf (fluoreto de polivinilideno), alfinetes de costureira e componentes electrónicos. Trajo coberto de alfinetes que ao ‘sentirem’ som se movem numa onda mais ou menos intensa consoante os decibéis
Papel de parede Living Wall, por Leah Buechley da High-Low Tech. Concebido com tintos reactivos, ilumina-se quando é tocado em alguns pontos pelo utente. Quando tocado noutros pontos, ouvem-se passarinhos, uma espécie canora para cada ponto tocado
T-shirt impressa com tinto termocromático, por Kerri Wallace. O estampado revela-se quando deteta calor, neste caso o do corpo do utilizador
Modelo de Iris van Herpen com colaboração de Jolan van der Wiel, tecido metálico magnetizado (fibras de resina misturada com metal de íman) e limalha metálica
Colecção Lo/Rez, por Sruli Recht. Lâminas de madeira de nogueira aplicadas sobre lã
Colecção MLE, por Marie Cunliffe. Tecidos com parte da trama e da teia em fio metálico, que para alem de um brilho característico, oferecem a possibilidade de serem moldados ou esculpidos depois de envergados. Foto de Scott Carthy
Colecção Air, do estúdio TheUnseen, tingida com reativos cromáticos à deslocação do ar, como a brisa ou o vento
Tecidos Wooden Mesh, por Diego Vencato, lâminas de madeira sobre feltro. Foto de Laura Chiarotto
Exemplos da técnica Steam Stretch, de Issey Miyake. Tecidos cujas tramas e/ou teias quando submetidas a vapor encolhem ondulando em qualquer direcção que se pretenda, dependendo da orientação dos fios-direitos aquando da montagem da peça

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Como a maior parte dos hi-tech’s que entram no nosso quotidiano, também os têxteis inteligentes começaram a carreira longe de ser saia. Mas agora são-no, brilhantemente.
No campo dos tecidos já quase tudo foi feito. Mas deste modo é um assunto novo de trabalho para os designers em várias áreas, não só nas técnicas, mas também e agora nas lúdicas.

A primeira forma de tecido high-tech foi novidade pela inovação tátil, desenhado para aumentar a performance em desportos como a natação; veios hidrodinâmicos e micro gravuras relevadas como a fina lixa da pele de um tubarão, bicho para nadar depressa.


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A tendência mais recente (e muito mais flamboyant) cruza componentes eletrónicos com as teias e as tramas do tecido. No topo da técnica, está a conceção da própria fibra que compõe o têxtil como um condutor de interatividade, seja luz, seja movimento.
O tecidos high-tech começaram por ser só tech, antes de chegar à moda, para colmatar brechas tecnicamente sentidas no foro científico; o melhor e mais atual exemplo disto será o Bio-Suit concebido por Dava Newman para a NASA. O fato atual é uma pequena maravilha da engenharia e da eletrónica, mas pouco fica a dever à performance: a maior parte da responsabilidade dos meneios toscos dos astronautas deve-se à pressurização com que o fato protege o utente, todo aquele volume é gás pressurizado que mantém o corpo em estado ótimo. O grande feito do novo fato de Dava é permitir muito maior liberdade de movimentos, substituindo a anterior ‘caixa-de-ar’ por pressão exercida diretamente sobre o corpo. Prático, justinho e sexy, como nos filmes de ficção científica.

A primeira entrada técnica nos têxteis de vestir começa pela animação dos tecidos, seja pelo uso de luzes led, seja pelo uso de tintos termo-cromáticos usados no todo ou em parte da teia e trama do têxtil. De início sempre com uma parafernália de fios ligando a origem da energia ao efeito pretendido; agora tal já sendo possível via wireless, com o efeito programado e controlado por um simples tablet.

Um novo tipo de tecido que fica ali na fronteira entre o têxtil e outra coisa já, é a impressão 3D, que pela sua especificidade entra ou melhor, ocupa sozinha uma nova categoria. Nomes como Iris van Herpen ou Michael Schmidt são alguns dos que deveremos atentar e seguir nesta nova classe de desenhadores e estilistas que acima de tudo fazem arte para vestir, ao contrário do status ainda corrente que é vestir com arte.

Novíssimo é também o conceito ainda experimental do têxtil ‘biofaturado’ ou da tecnologia viva, encabeçado pela investigadora Carole Collet, deputy director do Textile Futures Research do Saint Martins College. Esta visão de vanguarda explora a programação celular da morfologia do sistema de uma planta, numa espécie de ‘biologia sintética’; imagine um morangueiro que enquanto à superfície produz o seu fruto, no subsolo desenvolve uma delicada renda de raízes, desenhada com sentido.

São já muitos os designers que abraçam este mundo novo quase a estrear. O modo mais adotado – porque mais acessível – até agora é o uso de novos elementos nos têxteis, como fio metálico ou justaposição de matérias, como vidro, borracha ou mesmo madeira.

Mas o que toda a gente quer apresentar em passerelle é a interatividade do tecido, seja quando confrontado com mudanças luminosas, térmicas ou físicas, seja mesmo quando frente a presença de outro individuo.

O melhor fica para o fim: Ying Gao introduz conceitos de movimento autónomo ou animação de imagem sobre têxtil, onde finalmente o trajo suplanta completamente o aspeto tech, ocultando-o ao ponto de nos esquecermos que tudo aquilo é mecânico, eletrónico ou físico, e darmos por nós embalados num conto.
Porque todas estas novas formas vivem do não-estático, ao contrário da roupa que conhecíamos até agora, tem mesmo que ir aos sites dos criadores e ver os filmes das peças em ‘ação ‘ (a maioria tem-nos), e render-se-á também.