Vem aí saúde mental para crianças e jovens a preços mais acessíveis. Mas há regras

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[Fotografia: Pexels/RDNE Stock Project]

O projeto começou a ser desenhado há já algum tempo, mas chega agora o público. A Fundação do Gil está a abrir portas a uma clínica com serviços para a saúde mental e que se propõe acompanhar crianças e jovens até aos 18 anos. “O foco na saúde mental das crianças que apoiamos transformou-se num dos principais da intervenção da Fundação do Gil. Esta mudança surgiu no contexto do projeto da Casa do Gil, onde ganhámos consciência dos traumas e das marcas resultantes de abusos e negligências vivenciados por crianças e jovens em situação de risco”, revela à Delas.pt a presidente executiva da entidade.

Patrícia Boura revela que os dados sobre saúde mental na infância trouxeram uma nova urgência a esta matéria. “Quando nos deparámos com os relatórios da Organização Mundial de Saúde, em 2019, antes da pandemia, ficámos chocados com os dados que nele constavam. Uma em cada cinco crianças apresentava já questões de saúde mental, apenas 20% dessas crianças tinha o apoio necessário e 50% das questões de saúde mental na idade adulta provém da infância e da adolescência. Afinal, a questão da saúde mental não dizia respeito apenas às crianças institucionalizadas”, detalha. Por isso, prossegue, “começámos a desenhar um projeto que teria de dar resposta em primeiro lugar, às necessidades das crianças da Casa do Gil e das outras casas de acolhimento, mas também às crianças em geral, teria de ser aberto a toda a comunidade”.

Pedopsiquiatria, psicologia clínica, terapia da fala, psicomotricidade, arteterapias e musicoterapia são algumas das valências disponíveis e que, a preços de mercado, têm preços entre os 40 e os 110 euros. Porém, estes custos passarão a metade (chamados preços sociais) ou serão mesmo gratuitos em casos específicos, como no caso das famílias beneficiárias das Bolsas do Fundo Social.

“Será um espaço inclusivo onde todos têm lugar, funcionando numa lógica de negócio social, ou seja, apresenta preços de mercado e preços sociais para famílias com maior fragilidade financeira (hoje, a classe média) e estamos ainda a construir um Fundo de Apoio Social para apoiar as crianças institucionalizadas para que possam ter acesso de forma gratuita aos serviços da clínica e para as famílias mais desfavorecidas”, explica Patrícia Boura.

O projeto pretende, segundo a presidente executiva, apoiar “300 crianças” e conta com uma equipa de “cerca de 30 profissionais reconhecidos”. “Teremos três áreas de intervenção numa abordagem holística e integrada, de trabalho multidisciplinar onde cada criança poderá usufruir do expertise de vários profissionais de saúde. Uma área de intervenção terapêutica na saúde mental através de Grupos Terapêuticos especializados, numa oferta alargada de grupos, que estarão disponíveis para consulta no site da Clínica do Gil05”, detalha a presidente executiva.