Violência sexual é utilizada “como tática de guerra, de tortura e de terrorismo”

violência pexels fist-blow-power-wrestling-163431
[Fotografia: Pexels]

“Em 2023, devido à emergência de novos conflitos e à escalada dos existentes, as populações civis foram expostas a graus mais elevados de violência sexual ligada aos conflitos”, estima o secretário-geral da ONU, António Guterres, no relatório anual da Organização das Nações Unidas para 2023 e sobre este matéria.

Violações, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidezes forçadas, casamentos forçados… estas violências continuam a “ser utilizadas como tática de guerra, de tortura e de terrorismo”, continuou Guterres.

As agressões e abusos sexuais ligados aos conflitos “intensificaram-se” em 2023, refere a mesma análise revelada na sexta-feira, 19 de abril.

O documento descreve em particular as “agressões sexuais” praticadas pelas forças israelitas na Cisjordânia e as “informações convincentes” sobre as violações realizadas pelo Hamas sobre os reféns na Faixa de Gaza.

O secretário-geral da ONU baseou-se nas situações existentes, nomeadamente, em Afeganistão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Birmânia, Sudão, Mali e Haiti. As vítimas são “na sua grande maioria” mulheres e raparigas, mas “homens, rapazes e pessoas com identidade de género diversas foram também afetados”, na sua maior parte em locais de detenção.

É o caso da Cisjordânia. “Informações verificadas pela ONU confirmaram as indicações de que homens e mulheres palestinianos detidos pelas forças israelitas, depois dos ataques de 07 de outubro, são frequentemente alvo de agressões, maus-tratos e humilhações, incluindo agressões sexuais, como pontapés nas partes genitais e ameaças de violação”, escreveu-se no relatório.

Mencionam-se também no documento violências “similares” praticadas na Faixa de Gaza pelos militares israelitas depois do lançamento da ofensiva terrestre.

Sobre as acusações de violência sexual cometidas pelo Hamas, na sequência do ataque inédito de 07 de outubro, no documento retomam-se as conclusões da representante especial da ONU, Pramila Patten, publicadas no início de março, depois de uma deslocação a Israel.

Então, apontou-se que “existem motivos razoáveis para acreditar que violências sexuais, como violações e violações coletivas, foram cometidas em pelo menos três locais”, em 7 de outubro e que também “existem motivos razoáveis para acreditar que tais violências podem continuar”.

LUSA