O discurso poderoso de Amal Clooney na ONU

Está grávida de gémeos do ator George Clooney, mas isso não a impede de continuar a lutar pelos direitos das vítimas do Estado Islâmico (EI). Esta quinta-feira, a advogada Amal Clooney, represente legal de Nadia Murad, que foi sequestrada e mantida refém como escrava sexual pelo grupo extremista durante três meses, esteve novamente nas Nações Unidas e voltou a apelar para a necessidade de punir judicialmente o EI.

Na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, nos EUA, durante o debate The Fight Against Impunity for Atrocities: Bringing Da’esh to Justice (A Luta contra a Impunidade das Atrocidades: Levar o EI à Justiça), Clooney recordou não poder “haver paz duradoura sem justiça” e que “justiça é também o que as vítimas querem”.

“Falo para vocês, governo do Iraque, e vocês, Nações Unidas, quando pergunto: Porquê? Porque é que ainda nada foi feito?”, questionou. “Não deixem o EI sair impune com a questão do genocídio”, pediu.

“Nem um militante do Estado Islâmico foi levado a tribunal (…). Não estamos hoje mais perto de fazer justiça do que estávamos há um ano, quando vos falei disto. Excelências, senhoras e senhores, o que é chocante não é apenas a brutalidade do EI mas também o tempo em que aqueles que sabem dela permanecem passivos”, acrescentou Amal, de 39 anos.

“Se não mudarmos a nossa postura, a história irá julgar-nos e não haverá desculpa para a nossa falta de ação”, disse.

Há dois dias, a advogado admitiu em entrevista à BBC que ser mulher de um dos mais conhecidos atores de Hollywood lhe é benéfico, na medida em que pode aproveitar essa exposição para chamar a atenção para as causas em que acredita. “Creio que a popularidade ajuda a que mais pessoas se deem conta do que se está a passar no Estado Islâmico, e isso traduz-se em atitudes que ajudam os meus clientes. Por isso, sim, ser mulher de George Clooney dá-me uma boa publicidade”, justificou.

À rádio britânica, Amal recordou ter entrevistado “alguns dos rapazes soldados e das raparigas que foram violadas e feitas escravas pelos terroristas” e reforçou que foram as relatos mais aterradores que alguma vez ouviu.