A razão pela qual torcemos para que as celebridades voltem a namorar

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Brad Pitt e Jennifer Aniston na entrega de prémios do Sindicato dos Atores, o SAG Awards 2020 [Fotografia: EPA]

Acabamos por viver os amores e desamores das celebridades quase como se fossem de pessoas próximas a nós. Desde os mais recentes rumores de casais de Hollywood, como Bradley Cooper e Ana de Armas, passando por todas as separações que 2019 nos trouxe a público ou ainda aqueles casais que estão sempre no “volta e acaba”, vivemos sempre estes episódios como se nos fossem bem próximos.

Um dos mais recentes casais, ou melhor, ex-casais, que têm dado que falar nos últimos meses são mesmo Brad Pitt e Jennifer Aniston. Tendo sido casados durante cinco anos – e o ator logo depois do divórcio começou a namorar com a também atriz Angelina Jolie – parece que os fãs nunca se esqueceram de uma das uniões mais icónicas dos anos 2000. Recentemente, o ex-casal reuniu-se num evento e todos os fãs especularam por uma possível nova história de amor.

Mas, ao que parece, existem mesmo razões psicológicas que explicam o porquê de fantasiarmos com os amores e desamores dos famosos, nomeadamente ficando tristes quando se separam ou ansiando para que façam as pazes. Duas especialistas, entrevistadas pela revista feminina S Moda, vieram mostram as razões.

O sentimento de familiaridade é real

“A culpa é do afeto de familiaridade, que aumentou nos dias de hoje com as redes sociais”, começa por explicar a psicóloga e sexóloga Susana Ivorra, que admite que existe cada vez mais uma falsa sensação de que conhecemos uma figura pública – quer porque a vemos constantemente na televisão ou porque seguimos o seu dia-a-dia nas redes.

“Idealiza-se facilmente uma relação entre as pessoas porque é passado para fora apenas uma parte superficial: duas pessoas bem-sucedidas, atraentes, que geralmente têm consenso por parte de todos. Fazemos então a ideia de que foram feitos um para o outro, mas não sabemos como são na privacidade, se têm valores em comum ou projetos de vida semelhantes”, frisa a mesma especialista.

Segunda grande razão: procuramos modelos a seguir

Mas voltando à temática de os internautas terem ficado ao rubro com uma possível reaproximação de um casal que se divorciou há mais de 15 anos – no caso, Brad Pitt e Jennifer Aniston – qual será a possível razão para que façamos isto e o que é que isso diz sobre a nossa perceção de amor?

“A maioria de nós deseja ter um amor eterno e, por isso, procura modelos de referência que, no caso, são muitas vezes pessoas famosas. Se esses modelos terminam a sua relação, parece que perdemos essa referência”, explica Silvia Sanz, também psicóloga. O nosso desejo para que o casal volte é quase que uma tentativa de continuar a acreditar no amor. Quando acreditamos que duas pessoas são ideais uma para a outra e depois vemos que, afinal, a relação termina, cria um sentimento de frustração, devido à expectativa que criámos.

“O amor acaba por ter também este ponto tóxico em que acreditamos que as nossas relações são como a dos filmes e que as pessoas estão destinadas a ficarem juntas e que, por isso, conseguem e devem superar todos os obstáculos a fim de encontrar o amor para sempre. No caso deles [Brad Pitt e Jennifer Aniston], foi criada a imagem de que eles nunca pararam de se amar mas sim a de que alguém se meteu no meio [neste caso, Angelina Jolie]. Quando esse ‘obstáculo’ desapareceu, tudo poderia então voltar ao normal. Assim sendo, temos depois a tendência de inclinar a realidade de forma a encontrar uma imagem que nos dê alento, como um gesto de amor entre eles que nos faz acreditar que poderão ser felizes para sempre”, acaba então por terminar de dizer a psicóloga e sexóloga Susana Ivorra.

Isto mostra-nos que ainda que a forma como as pessoas se relacionam, nos dias de hoje, tenha mudado muito com o aparecimento das redes sociais, a verdade é que ainda temos muito a ideia que de existe um príncipe encantado e uma história de amor infinita por viver. Por isso, procuramos nas celebridades esse modelo, acabando por tomar as suas dores e acreditando que irão voltar a manter uma relação amorosa.