Biquinis. Desde a pandemia que “as pessoas pedem cada vez menos pano”

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Apresentação dos dez anos da Latitid, em Lisboa, em março de 2022 [Fotografia: Divulgação]

Os efeitos da pandemia e da guerra têm vindo a perpassar todas as costuras, e não ficarão por aqui. Em tempo de apresentação das novas coleções que trazem novidades nos modelos, nas cores fortes, novos acessórios e até conjugação de peças, Cantê e Latitid, duas das mais pioneiras insígnias portuguesas de biquinis e fatos de banho, traçam o cenário da moda de praia para este verão.

Ambas ‘costuram’ ao Delas.pt as marcas da pandemia e dos confinamentos e antecipam os desafios do futuro numa altura em que os preços de matérias-primas, produção e transportes estão a disparar devido à guerra da Ucrânia.

“Com a pandemia, notamos que as pessoas pedem cada vez menos pano”, conta Marta Fonseca. A fundadora da Latitid, insígnia que assinala dez anos em 2022, crê tal se deve ao facto de “as pessoas quererem aproveitar todos os momentos para conseguir o máximo no tempo possível, fatos de banho são usados depois para esconder os escaldões”, sorri.

Inês e Marta Fonseca, fundadoras de Latitid [Fotografia: Divulgação]
Inês e Marta Fonseca, fundadoras de Latitid [Fotografia: Divulgação]

Rita Soares e Mariana Delgado, fundadoras da Cantê há onze anos, partilham da mesma leitura. Com a pandemia, “voltámos a sentir uma maior procura de biquinis do que fatos de banho e sentimos que as clientes reagem melhor sempre que a Cantê lança uma coleção com cores fortes”.

Rita e Mariana criadoras e criativas da Cantê [Fotografia: DR]
Rita Soares e Mariana Delgado, criadoras e criativas da Cantê [Fotografia: DR]

Para esta dupla criativa e para a fundadora da Latitid, as cores são uma das chaves do êxito: “As clientes reagem melhor, mas também é uma tendência e talvez por tudo o que se está a passar no mundo, as pessoas estão a precisar de alguma cor e de alegria”, concordam Mariana e Rita. “As pessoas precisam mais de cor”, acrescenta Marta.

A guerra e o ‘swimwear’

E se o tempo não confinado foi a grande ameaça da pandemia, a guerra na Ucrânia traz agora outros efeitos: os preços dos materiais, da confeção e dos transportes. “Posso dizer que, desde o início do conflito, os preços da confeção que nos são propostos estão quase a mudar numa base diária”, antecipa Marta, da Latitid.

Ainda assim, prossegue a fundadora, “este ano, a Latitid decidiu assumir para si o aumento de preços porque nesta coleção Riviera Francesa – lançada no início de abril e que evoca uma década da marca – tivemos a sorte de conseguir acomodar os preços porque os materiais já estavam todos adquiridos antes da guerra começar”. Porém, não será possível adiar por muito mais tempo o impacto do aumento dos custos no produto final. “A subida dos preços das matérias-primas e da produção afetam a nossa margem e, obviamente, daqui para a frente, essa análise terá de ser feita numa base diária. Vamos ter de acompanhar essa alteração, não queremos ultrapassar”.

Esta é também, claro, a realidade da Cantê. “Desde a covid-19, os preços aumentaram bastante, não só da matéria-prima como da confeção, e os atrasos nas entregas são comuns, já fazem parte do nosso dia-a-dia. A guerra só veio agravar toda esta situação tudo o que já se sentia. No fundo, isto tem sido um desafio constante mantermo-nos firmes”, reconhecem Mariana Delgado e Rita Soares. “Esperamos que os clientes e a opinião pública consigam compreender todos estes constrangimentos, sabemos que não somos os únicos a passar por isto. Temos pena porque, neste momento, tudo está mais caro e não conseguimos planear com muita antecedência, os preços variam de mês para mês”, justificam.

Entre a Riviera Francesa e o Hawai

As inspirações da Latitid e da Cantê são diferentes, mas há detalhes que têm em comum. Ambas marcas made in Portugal contam com versões das suas coleções para crianças e apresentam, nesta estação, a possibilidade de se poderem conjugar cueca e soutien de biquini de tamanhos diferentes, acomodando a multiplicidade de corpos. No caso da Cantê, será possível também conciliar formatos e cores distintas entre as duas peças no âmbito de uma linha desenhada para o efeito: a basics.

Quanto às coleções 2022 e que começam a ser apresentadas agora, a primeira ‘mudou-se’ para os modelos emblemáticos da década numa antecipação de uma viagem ao sul de França, para o glamour gaulês e para reescrita das suas icónicas peças agora em novos materiais, brilhantes e texturas e a segunda escolheu o Hawai e as cores quentes.

Fomos mais arrojadas e a par das cores e dos brilhos, apostamos em estampados e nos pastéis dos anos 70”, conta Marta Fonseca, da Latitid.

[Fotografia: Latitid]
[Fotografia: Latitid]
[Fotografia: Latitid]

“A coleção Aloha quer trazer o espírito havaiano, conhecido por ser uma forma de estar e de viver leve, alegre, com respeito muito grande pela natureza, pelos ancestrais, pela tradição e cultura e pela importância dada às pequenas coisas”, explicam as responsáveis da Cantê.

[Fotografia: Cantê]
[Fotografia: Cantê]

Quanto a cores, as apostas concentram-se no “lilás, laranja, cor-de-rosa, verde, roxo e azulão”.