Cancro da mama: avanços científicos, prevenção e fatores de risco

cancro mama

O mês de outubro é também conhecido como sendo o ‘mês cor-de-rosa‘, em alusão à prevenção do cancro da mama. Esta quarta-feira, 30 de outubro, assinala-se o Dia Nacional de luta contra o cancro da mama e o Delas.pt falou com representantes do Fundo IMM-Laço (Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes), sobre riscos, diagnóstico e avanços científicos.

Segundo explicam as representantes do fundo, Inês Domingues e Clara Artur, “anualmente há seis mil novos casos de cancro de mama diagnosticados só em Portugal. É um número muito elevado e que nos preocupa muito”. Ainda que o rastreio tenha permitido diagnosticar precocemente cada vez mais casos, é preciso mais informação sobre a temática.

“Precisamos saber mais sobre a biologia e fisiologia das células e dos tecidos para conseguirmos identificar as causas e conseguirmos compreender os mecanismos envolvidos no cancro da mama metastático”, referem as especialistas.

Sobre a forma como os familiares e amigos podem reagir e ajudar alguém próximo com o diagnóstico de cancro da mama, um dos grandes passos é “procurar ajuda em linhas de apoio ou associações de pacientes e familiares” de forma a “encontrar uma comunidade que está a passar pela mesma situação“.

cancro da mamaSérgio Dias, Investigador Principal do iMM-Laço, explicou ao Delas.pt quais os avanços que têm sido feitos, a nível científico, sobre o cancro da mama, bem como quais os fatores de risco para o aparecimento desta doença e ainda quais os cuidados a ter para que o diagnóstico possa ser feito o mais precocemente possível.

 

Leia abaixo a entrevista:

O cancro continua a ser um dos grandes receios da população. Quais os avanços científicos efetivos acerca do cancro da mama?

Há terapias dirigidas contra alvos moleculares (os recetores hormonais, por exemplo) identificados em vários tipos de cancro de mama que produzem respostas clínicas duradouras (vários anos, em certos casos). Sendo o cancro, na maior parte dos casos, uma doença crónica, os tratamentos e as respostas clínicas deverão ser analisadas e compreendidas nesse contexto.

Que investigações estão a ser feitas para o avanço do conhecimento desta doença?

Investigação fundamental (ou “básica”) para que novos alvos moleculares específicos e para os quais seja possível desenvolver abordagens terapêuticas eficazes. Como exemplo, a área do metabolismo do cancro (perceber as principais fontes de energia para as células tumorais e criar mecanismos que impeçam o acesso a esses nutrientes/metabólitos) e a área da imunoterapia (como melhorar a ação do nosso sistema imunitário para aumentar o reconhecimento e a capacidade de eliminação de células tumorais) são áreas de bastante investigação e com grande potencial.

Quais são os cuidados que as mulheres devem ter para que o diagnóstico deste cancro seja feito de forma mais precoce possível?

A vigilância do próprio corpo, como sugerido pelos médicos e amplamente mencionado nas campanhas de sensibilização do Fundo iMM-Laço, é uma das atitudes a ter. Outras passam por vigilância médica.

Há formas de evitar, ou ter comportamentos que não sejam de risco, para o aparecimento desta doença?

Para além dos comportamentos de risco habituais (evitar o consumo de Tabaco, álcool em excesso), bem como os bons hábitos de vida (evitar o sedentarismo, o stress em excesso), uma alimentação baixa em gorduras é recomendável, pela relação direta que existe entre risco de cancro de mama e níveis lipídicos (gorduras) elevados.

Existe alguma informação que gostasse de acrescentar sobre o tema, que seja relevante para as nossas leitoras?

O Conhecimento científico nas áreas que mais dizem respeito ao cancro de mama é recomendável para quem tenha curiosidade ou interesse por esses temas. Sugiro acompanharem (nas redes sociais, ou nos sites) os trabalhos realizados nos Institutos nacionais (entre eles o iMM) e estrangeiros para conseguir acompanhar e compreender melhor esta doença e o que está a ser feito para melhorar o tratamento e qualidade de vida das pessoas que venham a desenvolver esta doença.