A investigadora Elvira Fortunato, que venceu o Prémio Pessoa 2020, sublinhou a importância desta distinção como um reconhecimento do seu trabalho e, sobretudo, da ciência, admitindo que tem um valor especial por carregar o nome de Fernando Pessoa.
Elvira Fortunato venceu o Prémio Pessoa 2020, anunciou esta quinta-feira, 11 de março, o júri, numa transmissão ‘online’, que a distinguiu por “uma carreira de excecional projeção, dentro e fora do país” e pelo “contributo notável para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação português”.
“Fico muito contente por ter ganho este prémio que, no fundo, reconhece o trabalho que tenho feito nesta área em particular e, em geral, na área da ciência”, reagiu a investigadora.
Em declarações à Lusa, Elvira Fortunato sublinhou que esse reconhecimento acontece numa altura particularmente relevante, num contexto de pandemia da covid-19 que se prolonga há mais de um ano, mostrando “a importância da ciência” no combate à crise sanitária.
Por outro lado, destacou ainda o valor especial do prémio que carrega o nome de Fernando Pessoa, um poeta que admira e que a inspira no seu trabalho.
“Há um pedacinho de um poema dele que eu tenho em letras coladas num anfiteatro, que mostra que nunca devemos pensar pequenino, devemos pensar sempre grande e pensar sempre que conseguimos”, contou, citando “Para ser grande, sê inteiro: nada”, da autoria do heterónimo de Pessoa Ricardo Reis.
Para o futuro, a palavra de ordem é “continuar”: “Continuar com os projetos que temos em mãos e agarrar novos desafios”, sublinha.
Cientista, professora catedrática e vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, Elvira Fortunato é especialista em Microelectrónica e Optoelectrónica, e uma das inovações pela qual se destaca é a do transístor de papel.
“A ideia de usar o papel como um ‘material eletrónico’ abriu portas, em 2016, para futuras aplicações em produtos farmacêuticos, embalagens inteligentes ou microchips recicláveis, ou até páginas de jornal ou revistas com imagens em movimento”, relembrou o júri.
O Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, e visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país.
O júri deste ano foi composto por Francisco Pinto Balsemão (presidente), Emílio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
O anúncio do Prémio Pessoa 2020 deveria ter acontecido em dezembro, mas foi adiado para hoje, por causa da pandemia da covid-19.