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As agulhas podem aliviar as dores menstruais… e não só

Percorra a galeria e fique a conhecer oito sintomas e doenças que podem ser melhorados com a regularização da menstruação, através da acupuntura. [Fotografias: Shutterstock]
Ao regular a menstruação, a acupuntura reclama melhorias nas dores menstruais, minimizando-as
“As enxaquecas é um sintoma que nunca relacionaríamos com a menstruação, mas elas estão intimamente ligadas por que mexem com a circulação sanguínea”, conta Hélder Flor.
Regularizando a menstruação é possível também produzir melhorias em doenças dos sistemas hormonal, interno e circulatório.
Ao recorrer a este tipo de tratamento, há também benefícios ao nível da depressão. O especialista em medicina tradicional chinesa explica que “se as mulheres estão desreguladas, tal pode ter efeito nas patologias de foro psicológico”.
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“Mesmo os problemas ao nível da pele, que têm muitas vezes um fundo hormonal, também podem ser minimizados com estes tratamentos”, sublinha Hélder Flor.
“Há muitas mulheres que, na altura da menstruação, podem ter insónias ou, ao contrário, hipersónias, dormindo de menos ou de mais. Porque o ciclo menstrual pode, muitas vezes, provocar agitação ou cansaço. Agindo sobre isso, pode haver alguma estabilização”, justifica o especialista.
O apetite e a procura do doce – durante o período – pode também ficar mais controlado com o recurso a acupuntura, segundo refere Hélder Flor.

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Os números são preocupantes. Afinal, estima-se que em Portugal, segundo dados da plataforma Médicos Portugueses, 75% das mulheres em idade fértil sofram de dores menstruais, uma condição que – em casos graves – altera profundamente o quotidiano.

No mercado há soluções médicas. No âmbito do senso comum, há também alternativas que podem ajudar a aliviar ligeiramente os sintomas. A medicina tradicional chinesa reclama poder ajudar a combater a sintomatologia da dismenorreia e, com isso, outras patologias.

Na galeria acima fique a conhecer algumas delas.

Um estudo recente levado a cabo na Austrália e Nova Zelândia, pelas Universidades de Western Sidney e de Auckland, e publicado em julho no Journal Plos One, vem indicar que a acupuntura ter efeitos positivos na luta contra os efeitos desta condição feminina, conhecida por Tong Jing naquela prática milenar.

A investigação-piloto acompanhou 74 mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 45 anos e concluiu que mais de metade das participantes tinha registado, pelo menos, um decréscimo de 50% de dores. Os tratamentos duraram até três meses – ora 12 num único período ou três vezes numa semana em três ciclos menstruais – e as mulheres relataram efeitos que duraram mais de um ano.

Os mesmos investigadores também notaram que as melhorias são mais evidentes quando a acupuntura é feita de modo manual do que quando comparada com a que usa a corrente elétrica a atravessar as agulhas.


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“Este estudo foi muito interessante porque veio corroborar a eficácia e o que temos andado a fazer neste âmbito”, explica Hélder Flor ao Delas.pt. O especialista em medicina tradicional chinesa e osteopata, a desenvolver atividade há 15 anos, diz não haver dados para Portugal porque, “sendo um país pequeno e no qual a acupuntura ainda não está integrado no Sistema Nacional de Saúde, os estudos são mais limitados e é difícil encontrar amostra suficiente”.

“Já sabemos que podemos ajudar as mulheres através da acupuntura, mas ainda não é algo que elas procurem muito”

Ainda assim, este responsável pelas clínicas homónimas nas quais trabalha, nota que, muitas vezes, “os especialistas são procurados por outro tipo de dores e é em conversa com as pacientes que se percebe que têm dores menstruais desde a adolescência”. Ou seja, “já sabemos que as podemos ajudar através da acupuntura, mas ainda não é algo que elas procurem muito”.

Acupuntura ajuda, mas não resolve tudo

Não digo que a acupuntura resolva tudo, mas pode ajudar. Depende dos casos, da condição da pessoa, da situação em que se encontra, mas também é verdade que está instituído que é normal ter a menstruação desregulada, ter dores, ter uma série de patologias, ter coágulos na menstruação e nada disso é correto ou normal”, contextualiza Hélder Flor. O especialista diz mesmo que há outras doenças que – apenas pela regulação da menstruação – podem conhecer melhorias.


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A endometriose é sempre um caso à parte. “É uma situação muito complexa. Normalmente, conseguimos melhorar o padrão em termos de dor, fazendo que a mulher tolere muito melhor as crises, as fases menstruais e tenha dores e contrações uterinas mais suavizadas”, salvaguarda o especialista.

Uma coisa é certa: parar os ciclos não é aconselhado. “Somos completamente contra estas terapêuticas novas que interrompem a menstruação, a não ser em casos muito específicos”, ressalva Hélder Flor.

Custos e tratamentos

“Apontamos sempre, em termos médios, para um mínimo de quatro tratamentos para conseguirmos regular mais ou menos este tipo de situações não muito grave. E recomendamos que sejam feitos uma vez por semana. A endometriose requer mais”, diz o osteopata, lembrando que pode haver necessidade de tratamentos de “manutenção”. Este especialista também vinca que, consoante o caso da mulher, as consultas tenham lugar antes ou depois do período menstrual e não durante.

A acupuntura pode agir sobre estas dores logo desde a primeira menstruação, mas é importante dar tempo para perceber se esta condição se mantém na vida da mulher ou se é transitória. “Serão necessários sempre alguns meses para que a menstruação se estabeleça”, alerta Flor.

De acordo com o especialista, os preços médios praticados estão entre os “50 a 70 euros para primeira consulta e entre 35 a 45 para as seguintes”.

“Somos completamente contra estas terapêuticas novas que interrompem a menstruação, a não ser em casos muito específicos”

É também comum acompanhar a acupuntura com fitoterapia. “Há lugar a prescrição de plantas que ajudam a regular a menstruação, o fluxo, a periodicidade de forma a que o caso vá melhorando”, explica Hélder Flor, vincando que se trata de medicação que só pode ser comprada após receita passada em consulta e mediante posologias definidas pelos especialistas.

O que ingerimos e o exercício podem ser bons aliados no combate a esta condição feminina, mas não chegam.


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O osteopata deixa algumas recomendações. “O calor, como por exemplo um saco de água morna, pode ajudar no combate à dor”. Flor fala ainda de alimentos que “podem ajudar como os frutos vermelhos e os vegetais com cor”. Mais: “se a mulher tem pouco fluxo menstrual, todos os vegetais de folha escura como por exemplo os agriões, os espinafres e as nabiças são importantes”.

Imagem de destaque: Shutterstock