E se lhe pagassem sete euros por consertar um salto em vez de deitar os sapatos fora? França diz ‘oui’

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[Fotografia: Pexels/James Superschoolnews]

No último trimestre do ano, o governo francês começará a pagar um bónus para incentivar as pessoas a repararem as roupas e sapatos danificados, em vez de os deitar fora e comprar novos.

“A partir de outubro, os consumidores poderão ser apoiados no arranjo das suas roupas e sapatos”, disse a secretária de Estado para a ecologia, Berangere Couillard, durante uma visita às instalações parisienses de La Caserne, um centro de moda responsável.

A governante convidou “todas as lojas de costura e sapateiros a aderir ao sistema”, para serem rotulados pela organização ecológica Refashion.

Recorde-se que em março de 2022, a Europa anunciou a intenção de implementar medidas concretas contra o greenwashing, propondo que os fabricantes garantam, por exemplo, que as roupas sejam ecológicas e resistentes, com informação aos consumidores de como reutilizar, reparar e reciclar as suas peças de vestuário.

Segundo a estratégia europeia, roupa, móveis, acessórios e até telemóveis vão mesmo de ter de ser mais duradouros e, por isso, mais sustentáveis e amigos do ambiente. O objetivo é dinamizar o mercado de têxteis feitos de forma sustentável e limitar o desperdício e o lixo provocado por uma indústria de bens mais acessíveis, mas também menos resistentes (‘fast fashion’, moda rápida em tradução literal).

Apoio de sete euros por calçado, 10 a 25 por forro

De acordo com o esquema, os clientes poderão receber sete euros para arranjar um salto e 10 a 25 euros para, por exemplo, refazer um forro. Descontos a aplicar diretamente na faturação do serviço de reparação. O volume global de verba alocado para a medida é de 154 milhões de euros e deverá ser usado no período 2023-2028.

Em França, 3,3 mil milhões de peças de roupas, sapatos e roupas de casa foram colocadas no mercado em 2022, segundo a Refashion, que foi mandatada pelo governo a apoiar uma indústria mais sustentável.

O objetivo é apoiar quem faz as reparações”, disse Couillard, referindo-se às costureiras, mas também às marcas que prestam serviços de reparação.

Pensado a partir do apoio ao arranjo de eletrodomésticos, este novo subsídio faz parte de uma ampla reforma do setor têxtil, uma das indústrias mais poluentes do planeta, iniciada pelo governo francês desde o final de 2022.

Entre os objetivos elencados está a obrigação de as marcas terem mais rastreabilidade e apoiar financeiramente organizações especializadas em reutilizar e reciclar roupas.

Com AFP