Esta é a consequência do seu filho comer em frente ao ecrã

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[Fotografias: Pexels/Files]

Confrontados com um papel cada vez maior dos ecrãs na vida quotidiana, existe uma questão que continua a dividir os investigadores: até que ponto a exposição demasiado precoce e/ou excessiva aos ecrãs influencia o desenvolvimento infantil? Embora o desenvolvimento da linguagem esteja no centro da maioria dos estudos, outros domínios cognitivos têm sido menos estudados.

A equipa liderada pelo investigador do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica), Jonathan Bernard, procurou avaliar as associações entre o uso de ecrãs e o desenvolvimento cognitivo na infância, tendo em conta fatores ligados ao contexto social, perinatal, familiar e hábitos de vida. Para isso, foram recolhidos dados de quase 14 mil crianças da coorte francesa Elfe, dos 2 e 5 anos e meio de idade, entre os anos de 2013 e 2017.

O estudo revela que é possível observar um ligeiro atraso na comunicação entre as crianças de 2 anos (41%) que comem em família, mas em frente à televisão. Estas mesmas crianças também apresentam “pior desenvolvimento cognitivo global aos 3 anos e meio”. A televisão capta a atenção da família durante a refeição e “interfere na qualidade e quantidade das interações entre pais e filho”, analisa Shuai Yang, estudante de doutoramento e primeiro autor do estudo.

Segundo o próprio: “A televisão acrescenta sons de fundo que, quando sobrepostos às discussões familiares, dificultarão a decifração dos sons pela criança e limitarão a compreensão e expressão verbal”.

Estes resultados sugerem, assim, que o tempo de ecrã não é o único fator a ter em conta: o contexto em que ocorre a utilização do ecrã também pode representar um fator importante.

“Os primeiros anos de vida são decisivos para o desenvolvimento cognitivo, mas também no estabelecimento de hábitos de vida”, acrescenta Jonathan Bernard. “Quando uma criança utiliza excessivamente o ecrã, ela o faz em detrimento de outras atividades ou interações sociais essenciais ao seu desenvolvimento”, explica.

Além dos problemas que dizem respeito à linguagem, a televisão cria, também, pontuações negativas no desenvolvimento cognitivo geral, especialmente nas áreas de habilidades motoras finas, como apertar botões ou segurar em objetos, e autonomia.