Estas são as razões pelas quais pensamos demasiado no passado

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Os receios da pandemia, as regras, o tempo disponível que todos passamos a ter com o novo Coronavírus colocou a vida em perspetiva. As decisões tomadas, os relacionamentos vividos e as opções que não foram feitas ou adiadas percorrem o pensamento de muitas pessoas que dão por si a desejar ter tudo isso de volta e até a quererem mudar alguns aspetos.

De acordo com o site norte-americano The Huffington Post, os especialistas em saúde comportamental suspeitam que este comportamento não é apenas uma coincidência.

Descubra agora a razão pela qual tantas pessoas estão a reviver o seu passado.

Há mais tempo livre

Mesmo que já tenha regressado ao seu local de trabalho, ainda pode sentir medo de sair de casa e, por essa razão, não faz tantas atividades como antes fazia. A principal razão pela qual as pessoas relembram tanto o passado é por terem mais tempo para o fazer.

Kathryn Crimmins, uma cidadã que vive na cidade de Nova Iorque, confessa ao The Huffington Post que está a pensar no passado, mais que nunca. “Muitos dos estímulos da rotina diária da minha vida acabaram e o passado transformou-se numa espécie de retiro“, revela.

Collin Reiff, psiquiatra no Centro Médico da Universidade de Nova Iorque Langone, diz ao mesmo órgão de comunicação que observou o mesmo fenómeno em muitos dos seus pacientes. “Se não há uma distração na vida quotidiana, é mais fácil voltar ao passado”, explicou.

O passado pode ser aterrador

Para alguns, o passado também pode proporcionar uma sensação de calma e estabilidade que as pessoas não estão a ter neste momento. Ainda que muitas restrições já tenham sido levantadas, continua a existir muita incerteza e instabilidade e as pessoas podem recorrer ao passado para encontrar paz.

De acordo com o psiquiatra, faz parte da natureza humana fazer suposições negativas quando somos confrontados com a incerteza. Neste caso, as pessoas podem ter dúvidas sobre o que o futuro que lhes reserva. Olhar para o passado é uma maneira de recuperar algum controlo de uma situação que a faz sentir impotente.

Mayra Mendez , psicoterapeuta do Centro de Desenvolvimento Infantil e Familiar de Providence Saint John, em Santa Monica, Califórnia, acrescentou que olhar para o passado pode ajudar as pessoas a entender de que forma lidaram com a incerteza noutras circunstâncias, podendo ajudá-las a superar as dificuldades mais uma vez.

“Quando uma pessoa se baseia na sua própria existência, estabiliza o seu pensamento, emoções, capacidade de resolver problemas e processa cognitivamente as informações”, explica Mayra Mendez ao The Huffington Post.

As pessoas estão a sofrer

Muitas pessoas também estão a sofrer várias perdas – dos seus empregos, entes queridos, objetivos e senso de normalidade – e estão a lutar para se adaptarem à nova situação. “Sentimos falta da vida como era antes e não sabemos se ela vai voltar”, aponta Collin Reiff.

Para o especialista, parece que muitas pessoas que relembram o passado podem ficar presas na fase do luto, durante a qual exploram o “e se” e “se fosse só” de decisões passadas, eventos da vida e escolhas.

O que fazer se estiver presa ou a lutar com o passado

Algumas reflexões podem ser saudáveis, especialmente se lhe estiverem a dar paz e reconforto e a ensiná-la a aprender mais sobre si própria. Ainda assim, esta situação pode tornar-se negativa, podendo mesmo chegar aos níveis da depressão e ansiedade. Neste caso, Mayra Mendez recomenda conversar com um profissional de saúde mental.

Também pode ajudar a falar sobre o seu passado com amigos, pois eles podem fornecer novas perspetivas e ajudá-la a ver as coisas de outra forma”, aconselha Collin Reiff.