Publicidade Continue a leitura a seguir

Socorro! Sou mãe, faço listas para tudo, TPCs e sinto-me culpada

Longe das angústias da alimentação com glúten, com gordura trans, com açúcares adicionados, os pais dos adultos de hoje viveram livres dessas obsessões. É verdade que muitos ainda beneficiavam dos produtos chegados das hortas da família, mas já havia dietas muito pouco indicadas para as crianças. Mas a ida às compras era seguramente mais breve e muito mais interessante para quem era pequeno. [Fotografia: Shuttertsock]
"Já fizeste os trabalhos de casa?" Esta era a única pergunta que o caso gerava entre pais e filhos, nas últimas décadas do século passado. A responsabilidade era integralmente das crianças, quanto mais não fosse porque os pais tinham uma vida muito ocupada. Até por isso, não havia tempo para culpas. Hoje, além de os progenitores terem de colaborar e ajudar nos TPCs dos filhos em idade escolar, há já escolas que os mandam só a pensar neles. [Fotografia: Shuttertsock]
Ora bem. Lanche da manhã: pão com queijo e marmelada; lanche da tarde: pão com queijo. Se o dia implicasse uma visita de estudo, então as sanduíches poderiam ser enriquecidas com ovo ou um panado... e talvez com queijo, também. A preocupação por uma alimentação diversificada era já recorrente nas famílias, mas ainda se vivia muito longe de uma realidade - a atual- em que de mães e pais se veem obrigados a preparar verdadeiras listas de refeições diversificadas para que os filhos comam saudavelmente. Mas, já agora, tanto queijo fez-nos assim tão mal? [Fotografia: Shuttertsock]
Noticiário, talvez a novela ou um programa especial e, claro, futebol. Estes eram os poucos momentos em que as crianças do fim do século passado perdiam direito à televisão e à opinião. De resto, o pequeno ecrã era todo delas e nunca os pais de então se sentiram mal por isso. No entanto, o número de aparelhos nos quartos era incomparavelmente menor. Hoje, deixar um filho ver televisão tem hora, canal e programas marcadas. Mais uma lista, portanto! [Fotografia: Shuttertsock]
Um dos maiores horrores vividos pelos pais de hoje com filhos em idade pré-escolar e escolar passa pelo drama de não ter nada programado para os pequenos fazerem. Isso nunca foi um problema para os, hoje, avós. Quem não ouviu: 'Vai brincar para a rua que está sol' ou 'arranja qualquer coisa para fazer, porque agora não posso'? No final do século passado, ser criança ou adolescente e acordar em férias com dias inteiros recheadas da perspetiva de nada ter para fazer era comum. Mas, curiosamente, acabava-se sempre por fazer qualquer coisinha. Hoje, quem não reservar o campo de férias de verão com quatro ou cinco meses de avanço vai ter problemas. E a culpa é o maior deles todos.[Fotografia: Shuttertsock]

Publicidade Continue a leitura a seguir

Nas últimas décadas do século XX, ser criança era brincar na rua, comer umas guloseimas – e até refeições – pouco ortodoxas, ter momentos em que não se sabia o que fazer ao tempo e ver televisão até não poder mais.

Essas crianças de há umas décadas são as mães de hoje que, carregadas de culpa, correm os mercados biológicos à procura dos melhores alimentos, fazem listas para proporcionar a alimentação mais variada possível, elaboram ainda mais listas de atividades para contrariarem o aborrecimento dos mais pequenos, arranjam tempo para ajudar os filhos nos trabalhos da escola e ainda controlam, ao detalhe, os programas de televisão que os mais novos podem ver.

Mas se atualmente sabemos que os excessos de outrora trouxeram problemas – e grande parte das progenitoras viveram alheias a eles -, que dramas trazem estes novos comportamentos?

O site Working Mother elaborou uma lista na qual põe em evidência a culpabilidade em torno da maternidade que existe hoje face à do fim do século passado, e que não foi assim há tanto tempo. Ora veja, se não se revê nestes dilemas.

Imagem de destaque: Shutterstock