Publicidade Continue a leitura a seguir

José Carlos Garrucho: “Nunca houve distanciamento social, pelo contrário. Foi apenas físico”

Publicidade Continue a leitura a seguir

Há mais de dois meses que ouvimos falar em conceitos como distanciamento social. O objetivo, segundo os peritos, é que as pessoas entendam que é importante não manter contacto físico umas com as outras, em função de conter a propagação face à pandemia da Covid-19. Mas será que este será o termo mais correto? José Carlos Garrucho, psicólogo clínico e terapeuta familiar, afirma ao Delas.pt que não.

Numa altura em que já estamos “carecas de ouvir falar” sobre a importância do distanciamento social, o especialista alerta que o termo está não só incorreto como também a sua própria associação. Nunca existiu um distanciamento social, mas sim físico.

Para José Carlos Garrucho, o que deveria, de facto, ter sido recomendado é que existisse um afastamento ou distanciamento físico, até porque é na proximidade física que o vírus se transmite, não na proximidade emocional: “As emoções não transmitem o vírus”.

Segundo o especialista, entrevistado pelo Delas.pt, “a política adotou um termo de ‘isolamento social’ que é paradoxal, porque nunca existiu um distanciamento social mas sim físico, e um distanciamento no espaço público”, começa por defender o terapeuta. “Houve uma limitação do uso do espaço público. Eu não estava proibido de me encontrar com pessoas na rua: eu estava proibido de ir à rua”, defende o mesmo.

De facto, conta o especialista, as pessoas não reduziram as suas interações sociais, pelo contrário, até as aumentaram: “quer no seio da família como no seio das suas redes sociais. Ou seja, nós passámos a telefonar muito mais, passámos a estar muito mais nos canais virtuais de comunicação e, portanto, até passámos a ter uma socialização mais intensa. Apenas não era em presença física”, continua a defender o psicólogo.

Ainda que o distanciamento físico possa ter várias implicações na vida em sociedade e na forma como as pessoas estavam habituadas a conviver, é importante frisar a ideia de que as pessoas, com este confinamento, acabaram por criar ainda mais relações afetivas quer com os seus entes queridos, como familiares e amigos, como a nível profissional.

Será que já tinha pensado nesta questão?