O melhor e o pior para a criadora Bouchra Jarrar, em apenas uma semana. A estilista, que recebeu uma das mais altas distinções francesas na semana passada – com a entrega do título de Oficial para a Ordem das Artes e das Letras -, está, desde quinta-feira, 6 de julho, sem emprego.
A designer acaba de sair da direção criativa para as coleções femininas da casa francesa Lanvin e, na base desta cisão, estão alegados problemas em torno da estratégia para relançar a marca, bem como a quebra de receitas. A verdade é que, 16 meses depois, a empresa volta a estar à procura de um responsável criativo.
Argumentos que geraram um mal-estar que Jarrar já tinha deixado subentendido em declarações recentes à imprensa. Em março, e ainda longe de terminar uma colaboração de 16 meses, Bouchra, com 46 anos, contava em entrevista que tinha “pressão”. Em declarações ao jornal South China Morning Post, a criadora justificava que estava “a dedicar-se inteiramente à Lanvin, a relançar a casa”, tendo, para tal, “fechado a sua própria marca”. Porém, acrescentou: “Mas preciso que toda a empresa me apoie; Sozinha é impossível”.
Por outro, de acordo com o site Business of Fashion, a detentora de marca, a investidora chinesa radicada em Taiwan, Shaw-Lan Wang, estaria, desde há alguns anos, pouco recetiva a investir na marca, tendo impedido outras acionistas de fazer injeção de capital.
Certo é que a mais antiga casa de moda independente francesa – fundada em 1889 e caso raro de uma marca que não está nas mãos dos grandes grupos – tem vindo a assistir a quebras de vendas, com 2016 a fechar com um decréscimo de 23% dos rendimentos para os 162 milhões de euros.
Um amor que durou pouco
Em 2015, a Lanvin tinha dispensado, de forma abrupta, o criador Alber Elbaz, o responsável durante 14 anos, e já na ocasião terão sido os desacordos em torno de investimentos e estratégia entre o designer israelita e a detentora da casa, Shaw-Lan Wang, que terão posto termo à colaboração.
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Cinco meses depois deste adeus, foi encontrada a mulher certa para o lugar. Pelo menos era isso mesmo que se dizia. Assim que a estilista assumiu o posto a CEO da marca, Michèle Huiban elogiava-lhe “o estilo intemporal” e antecipava “uma lufada de ar fresco e modernidade.
Imagem de destaque: Gonçalo Fuentes/Reuters