Malhas de Susana Bettencourt continuam confortáveis e práticas

O verde água, amarelo, preto e roxo foram as cores predominantes da coleção para o outono/inverno de 2018 que a designer portuguesa Susana Bettencourt apresentou em março, no Portugal Fashion, e mantiveram-se na coleção apresentada na sexta-feira, para a primavera/verão de 2018. Apesar das semelhanças entre as duas coleções, a fonte de inspiração da estilista mudou.

Se na edição passada Susana se tinha inspirado nas contas de Instagram das artistas plásticas Alyssa Rosev e a Camielle Walala, desta vez a designer quis passar para a roupa os movimentos de luta pela igualdade levados a cabo pela associação ERA (Equal Rights Amendtment), nos EUA, desde que Donald Trump foi eleito. E conseguiu-o não só através de símbolos como setas, cruzes e o símbolo matemático de “igual a” desenhado nas suas malhas, mas também com frases como “My work is a statement. This t-shirt is not” e “Creative Resistance”, o nome da coleção, estampadas em duas t-shirts.

“Costumo ler e estudar os conceitos para que a minha vida não seja simplesmente moda e ao estudar o movimento ERA li um artigo que se chamava ‘Creative Resistance’ referia todos os artistas que começaram a usar a sua voz e arte para enfrentarem as medidas que Trump estava a impor e que os fez andar para trás uns 10 ou 15 anos”, explicou ao Delas.pt Susana Bettencourt.

“A Amelia Earhart surge por ter sido a primeira piloto a fazer um voo transatlântico”

Os movimentos da ERA não foram, no entanto, a única fonte de inspiração da estilista. O ano 1897, que aparece gravado em alguns dos quimonos, vestidos e saias de Susana Bettencourt, remete para a data de nascimento de Amelia Earhart, uma primeira piloto nos EUA e defensora dos direitos das mulheres.

“A Amelia Earhart surge por ter sido a primeira piloto a fazer um voo transatlântico e por ser uma das primeiras mulheres a criar esse movimento. Ela tem uma história muito engraçada. Desapareceu no mar, está dada como morta, mas ainda pode andar por aí e nós não sabemos”, afirmou a designer.

Cores e fios com assinatura própria

Calçadas pela marca internacional Birkenstock, as modelos que desfilaram com as peças de Susana Bettencourt tinham o cabelo curto ou apanhado e uma maquilhagem bastante leve, com o objetivo de representar a mulher descontraída e prática que a portuguesa costuma ter como cliente.

Pela primeira vez a designer apresentou uma coleção feita com o apoio da Fifitex, uma fábrica de tecidos de algodão de Moreira de Cónegos. Uma parceria que lhe permitiu criar peças com uma cor e fio próprios, tornando-as ainda mais únicas.

“Quando tive oportunidade de fazer esta parceria, com quem tenho muito que crescer, pude inventar o meu próprio fio e cor. Não há pantone nem é igual a ninguém, não vem em nenhum cartaz. Os fios e as cores são completamente meus”, acrescentou Susana Bettencourt.

Portugal Fashion dia 2: veja o vídeo