Morreu o escultor das “mulheres volumosas”. Botero tinha 91 anos

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Botero [Fotografia: Bertrand GUAY / AFP]

Conhecido pelas suas criações volumosas de mulheres, homens, animais, Fernando Botero, um dos mais famosos artistas da Colômbia, morreu aos 91 anos, no Mónaco.

“Não pinto gordas”, disse o escultor, em tempos, em entrevista ao jornal espanhol El Mundo. “Ninguém acredita em mim, mas é verdade. Pinto volumes. E prosseguia: “Sou atraído pelo volume, a sensualidade da forma. Se pinto uma mulher, um homem, um cão ou um cavalo, faço-o sempre com a ideia do volume, mas não é que eu tenha uma obsessão pelas mulheres gordas”, afirmou.

A obra de Botero, que chegou a estar em exibição em Portugal em 2012, tornou-se mundialmente célebre pelas formas rechonchudas e ligeiramente surreais, sendo frequentemente exibida em espaços públicos. Atualmente, em Lisboa, é possível ver uma escultura em bronze, intitulada Maternidade, no topo do Parque Eduardo VII.

Esta sexta-feira, 15 de setembro, o presidente da Colômbia Gustavo Petro anunciou a morte do artista plástico. “Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes, morreu”, publicou o chefe de Estado nas redes sociais.

A cidade natal de Botero, Medellín, declarou uma semana de luto, com o presidente da câmara Daniel Quintero a lembrar que as obras do artista plástico expostas naquela cidade “viverão para sempre”. Apelidado de “Picasso da América Latina”, era um artista apaixonado e incansável, e a obra de mais de três mil pinturas e 300 esculturas provava um apetite insaciável pela criação.

Fernando Botero, que fez ilustração e cenografia, viveu nos Estados Unidos, mas em contra-corrente com a ‘pop art’; estudou em Espanha, viveu em França e em Itália, onde descobriu os renascentistas – fez a sua própria interpretação volumosa de “La Gioconda”, de Da Vinci –, admirou a arte pré-colombiana e os murais de Rivera e Orozco, mas construiu a sua própria identidade dentro da arte figurativa, ao ponto de ser designada de “Boterismo”.

Para a filha, Lina Botero, Fernando Botero “teve uma vida extraordinária e desaparece no momento certo”, como lembrou hoje à rádio colombiana Caracol.

Ao longo da carreira, Botero recebeu vários prémios e homenagens, como o Prémio Nacional de Artes da Colômbia, em 2000, e a Ordem Nacional da Legião de Honra da França, em 2004.

com agências