Morreu Teodora Cardoso. Economista e primeira presidente do Conselho de Finanças Públicas tinha 81 anos

Teodora Cardoso
[Fotografia: Jorge Amaral / Global Imagens]

A economista e primeira presidente do Conselho de Finanças Públicas, de 2012 a 2019, Teodora Cardoso, morreu este sábado, 9 de setembro, em Lisboa aos 81 anos.

Nascida em Estremoz, licenciada em Economia pelo Instituto Superior de Economia (atual ISEG), Teodora Cardoso foi técnica do Banco de Portugal (BdP), no departamento de Estatística e Estudos Económicos, entre 1973 e 1992, tendo chefiado este departamento entre 1985 e 1990. No BdP foi também consultora da administração em 1991 e 1992.

A economista, que desenvolveu grande parte da sua carreira no Banco de Portugal, encontrava-se reformada atualmente.

Foi economista do banco central durante quase duas décadas, chefiou o Departamento de Estatísticas e Estudos Económicos, foi consultora da administração e administradora entre 2008 e 2012.

Entre março de 1973 e setembro de 1992 esteve no Departamento de Estatística e Estudos Económicos, com funções de coordenadora do núcleo de Economia Monetária, Diretora de Departamento e Consultora da Administração.

Além disso, participou em vários projetos do banco central, nomeadamente na elaboração da Lei Orgânica do Banco de Portugal (1975) e na reformulação geral das estatísticas monetárias (1976/1977).

Esteve envolvida na negociação dos acordos de estabilização com o Fundo Monetário Internacional (1984/1985) e representou o Banco de Portugal no Sub-Comité de Política Monetária do Comité de Governadores da Comunidade Europeia, de 1990 a 1992.

Em 1992, passou a trabalhar para o Banco Português de Investimento, onde foi consultora da administração até 2008, segundo a biografia patente na página do Conselho de Finanças Públicas, organismo que nasceu na sequência do programa de ajustamento financeiro, e a que presidiu entre 2012 e 2019.

Teodora Cardoso assumiu a liderança do Conselho das Finanças Públicas (CFP), em 16 de fevereiro de 2012, afirmando que iria trabalhar com “a maior isenção” para que a política orçamental respeitasse uma “trajetória de sustentabilidade”.

Porém, logo no primeiro relatório apresentado ao parlamento, ainda no Governo de Passos Coelho, os deputados da oposição não pouparam nas críticas ao CFP, órgão cuja fundação fazia parte do memorando de entendimento entre Portugal e a ‘troika’.

Em 2015 integrou o Conselho Consultivo do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.

Quando abandonou a liderança do CFP, o parlamento aprovou, por maioria, um voto de louvor à economista pelo seu contributo para a transparência no acompanhamento do processo orçamental.

O BE, PCP, PEV e o deputado do PS Ascenso Simões votaram contra, enquanto as bancadas do PSD, PS, CDS e PAN votaram a favor.

Em 2019, Teodora Cardoso afirmou que os sete anos que passou na instituição foram “difíceis como devem ser” e indicou que o trabalho tem de continuar porque ainda há muito por fazer nesta área em Portugal.

Questionada, na altura, sobre se deixava algum conselho para a sua sucessora, a professora universitária Nazaré Costa, Teodora Cardoso referiu que “cada pessoa tem a sua personalidade” e que é preciso manter a equipa a funcionar.

“Dar muitas entrevistas não é boa ideia porque senão tornamo-nos um fenómeno mediático e não é isso que o Conselho deve ser. Boas relações com os deputados dependem mais dos deputados do que de nós. Cada pessoa tem a sua personalidade”, disse a economista.

Recebeu o Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique em 2005 e em 2019.

LUSA