Claudia Weber, de 55 anos, é funcionária de uma agência de viagens em Munique, na Alemanha. Todos os dias se desloca de transportes públicos desde a sua casa, em Moosburg, na zona nordeste da cidade, para o trabalho. O percurso demora cerca de 40 minutos mas, devido aos atrasos nos transportes, há dias em que passa a ser de duas horas.
Para descarregar as suas frustrações, a alemã não revirou os olhos nem escreveu reclamações nas redes sociais. Decidiu tricotar um cachecol a que chamou de “lenço de atrasos de comboio”.
Desde o início de 2018, todos os dias fez duas filas de lã: as cinzentas para os atrasos de menos de cinco minutos, as cor-de-rosa para os atrasos até 30 minutos e as vermelhas para os atrasos de mais de meia hora ou em ambas as direções. Sara Weber, jornalista e filha de Claudia, partilhou uma fotografia do cachecol no Twitter e teve mais de 23 mil ‘gostos’ e quase 400 comentários. Entre eles vários pedidos de entrevista de órgãos de comunicação social locais e internacionais.
Ao observar o cachecol, dá para ver que durante a primavera há poucos atrasos, predominando as linhas cinzentas e cor-de-rosa. Contudo, no verão, com o aumento das obras, os atrasos foram tantos que estão representados por uma larga faixa vermelha.
“Não é uma estatística, é um ano e o que eu senti durante esse mesmo ano. Percebo os problemas que estão a ter. Há cada vez mais passageiros a cada ano que passa, mas eu gasto muito tempo à espera”, explicou Claudia Webber numa entrevista ao New York Times.
A alemã acabou por colocar o cachecol à venda no eBay, com o objetivo de juntar dinheiro para uma instituição de solidariedade no país que dá assistência gratuita a passageiros vulneráveis ou a pessoas que passam por situações de emergência durante as viagens de comboio. O “lenço de atrasos de comboio” foi vendido por 7 550 euros.
Agora Claudia Weber já está a fazer mais um cachecol com os atrasos deste ano.