A clínica ProFam, em Birmigham, no Reino Unido, está a pôr em prática um procedimento médico que permite às mulheres atrasar a menopausa até 20 anos. O processo demora 30 minutos e consiste em retirar um pedaço do ovário de uma mulher e congelá-lo a uma temperatura de -150ºC. O pedaço de tecido é guardado até que a mulher chegue à idade da menopausa e, nessa altura, é-lhe recolocado, “enganando” assim o relógio biológico.
“Esta não é uma técnica nova, pois tem sido utilizada sobretudo nas clínicas de infertilidade, nas doentes enviadas pela oncologia com patologia, sobretudo do colo do útero e que necessitam de fazer radioterapia ou têm outros tumores que necessitem de quimioterapia e exista o desejo de preservar fertilidade. A colocação do tecido ovárico é intra abdominal, junto às trompas. A finalidade é preservar a capacidade reprodutora da mulher com doença oncológica”, explicou ao Delas.pt Conceição Telhado, ginecologista e obstetra no Hospital CUF Descobertas (percorra a galeria de imagens no topo do texto para perceber quais são as principais dúvidas da especialista em relação a este procedimento).
Os médicos britânicos afirmam que esta operação pode beneficiar milhares de mulheres que enfrentam sérios problemas de saúde durante a menopausa, como por exemplo doenças cardíacas ou osteoporose. No Reino Unido, já nove mulheres, com idades entre os 22 e os 36 anos, se submeteram à cirurgia. No entanto, Conceição Telhado ressalva que ainda é tudo muito experimental.
“Nas últimas reuniões da EMAS (Sociedade Europeia de Menopausa) falou-se desta técnica, com a colocação do tecido ovárico intra abdominal, mas só ainda a título experimental. Não sabemos os riscos oncológicos de uma menopausa aos 70 anos. Portanto acho prematuro criar falsas expectativas com esta abordagem sem uma avaliação adequada a nível clínico e logístico antes de se poder propor como medida a aplicar nos nossos serviços”, acrescentou a ginecologista.
O procedimento custa entre 6 mil e 11 mil dólares (entre 5400 e 9900 euros).
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