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Nutricionistas querem pôr a alimentação sustentável nas salas de aulas

1. Pequeno-almoço: Nunca saia de casa em jejum. Pela sua saúde, mas também pelo orçamento familiar. Mais tarde ou mais cedo terá fome e será obrigado a gastar dinheiro. Por exemplo, se optar por um copo de leite, umas torradas com manteiga e uma maçã, este pequeno-almoço terá um custo aproximado de 0,30 euros. Se, por exemplo, tomar o pequeno-almoço fora de casa que pode rondar os dois euros.
2. Prepare refeições saudáveis: Se costuma preparar a alimentação para os seus filhos levarem para a escola ou é adepta da marmita no trabalho deve seguir os conselhos preciosos dos especialistas: caso gaste cerca de 7 euros por dia por um almoço com sopa, prato principal e sobremesa, ao final de uma semana de cinco dias foram 35 euros e, num mês 140 euros. Também um lanche constituído por produtos açucarados e ricos em gordura pode custar mais do dobro de uma refeição saudável.
3. Não se esqueça da sopa e fruta: A sopa é um dos alimentos mais ricos em nutrientes e até um dos mais económicos de preparar. A fruta, por outro lado, é uma excelente sobremesa, ou ‘snack’ entre refeições. Opte pelos produtos da época e prefira água aos refrigerantes.
4. Faça um menu semanal: Uma das formas de organizar a sua alimentação é fazer um menu semanal. Verifique os alimentos disponíveis em casa, consulte livros de receitas ou sites na Internet. E esteja sempre atento às promoções dos supermercados. Depois, defina um menu para cada dia da semana e siga a lista!
5. A importância da dieta mediterrânica: Praticada em Portugal, a dieta mediterrânica já foi considerada um dos padrões alimentares mais saudáveis do mundo: “Uma cozinha simples onde predominavam as sopas, os ensopados e as caldeiradas, reservando para os dias de festa uma culinária mais rica e elaborada assim como iguarias mais caras e também mais ricas em açúcar, gordura e calorias”, refere o guia da alimentação saudável.
6. Saber comprar: Fica mais barato comprar um frango ou um peixe inteiros, em vez de por partes ou às postas. O mesmo se passa em relação aos produtos de charcutaria. Evite comprar fiambre e outros produtos já fatiados e embalados. Peça para fatiar ao balcão. Aproveitar as promoções é outra forma de conseguir definir a ementa semanal a um preço mais reduzido.
7. Beba água. De preferência cerca de 1,5 a dois litros por dia. “A ingestão de água deve ser regular ao longo do dia, em pequenas quantidades de cada vez e frequentemente”, recomenda o manual da DGS. Os refrigerantes e outras bebidas açucaradas são muito mais caros do que a água e ricos em açúcar.
8. Leite e derivados. Compre sempre embalagens maiores (1lt ou 1,5lt), porque são mais baratas do que os pacotes individuais. Os iogurtes facilitam a absorção do cálcio e, em vez de optar por comprá-los diariamente utilize ‘packs’ de 6 ou 12.
9. Lista de supermercado: Para garantir que, quando vai às compras, não se esquece do que precisa faça uma lista. É a maneira mais fácil de ir controlando o que falta. Por isso, tenha sempre um caderno na cozinha ou despensa e nunca vá às compras com fome. É a melhor maneira de resistir aos impulsos.
10. Atenção à validade: Avalie se o rótulo diz “consumir até” ou “consumir preferencialmente antes de”. No primeiro caso, quando só diz “consumir até”, significa que o consumo fora de prazo pode representar um risco para a saúde. Já quando diz “consumir preferencialmente antes de”, isso quer dizer que mesmo depois do prazo não há necessariamente risco para a saúde.

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A Associação Portuguesa de Nutrição (APN) quer que o tema da alimentação sustentável seja discutido em contexto escolar junto dos mais novos de forma a conseguir “modelar os comportamentos dos futuros adultos”, disse a secretária geral Helena Real.

As crianças cada vez menos sabem de onde vem o alimento até chegar ao prato. Não há noção do impacto ambiental [consumo de água na produção ou de combustível no transporte, etc.] que o alimento tem no dia-a-dia. E essa mensagem pode ser passada facilmente às crianças e com isso conseguimos modelar os comportamentos dos futuros adultos que teremos”, apontou Helena Real à agência Lusa.

Esta ideia integra o conjunto de recomendações que a APN – que sucede à Associação Portuguesa dos Nutricionistas e que foi apresentada em julho no Porto, passando a deter uma função técnico-científica – apresentou, na fase de consulta pública, ao Governo no âmbito da Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável, um documento interministerial que apresenta metas para o período 2017/2020.

Helena Real referiu que a APN ficou “agradada” com o lançamento desta estratégia, até porque “não havia histórico na área da alimentação e nutrição”, mas para que “a estratégia seja consolidada, bem pensada e existam resultados”, esta associação recomenda o “reforço das mensagens associadas à sustentabilidade alimentar“.

“Há aspetos elencados de forma transversal mas devem ser reforçados. Uma alimentação sustentável é uma alimentação saudável e uma alimentação saudável poderá não ser uma alimentação sustentável. A nossa proposta é inserir no eixo de desenvolvimento da literacia e de autonomia da população, a mensagem da sustentabilidade alimentar“, referiu a secretária geral da APN.

Entidade sugere criação de disciplina extracurricular

A associação defende uma intervenção precoce junto da sociedade, ou seja através das crianças, sugerindo a criação de uma disciplina extracurricular no 1.º ciclo de ensino (com enfoque no 3.º e 4.º anos de escolaridade), podendo juntar várias áreas como a saúde, o ambiente, a economia e a agricultura e interligar várias disciplinas como as ciências, a matemáticae a geografia.

Como exemplo da pertinência de uma intervenção precoce, a APN lembra que o tema da reciclagem também foi tratado junto deste grupo etário, e sugere que a história do alimento seja contada aos mais novos, somando-se a promoção de visitas de estudo a quintas pedagógicas, entre outros locais.

É importante que todas estas medidas sejam implementadas por equipas multidisciplinares. É importante haver investimento nos recursos humanos. A estratégia [Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável] é interessante porque é ambiciosa mas há objetivos muito claros a atingir até 2020 e às vezes para haver poupança de recursos é importante que haja investimento em recursos”, referiu Helena Real.

Alimentação economicamente mais justa, pede a FAO

Partindo das definições da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma alimentação sustentável é uma alimentação mais amiga do ambiente, saudável, acessível à população, ou seja dando acesso facilitado aos alimentos locais e nacionais, e economicamente justa.

Ainda no âmbito deste tema, a APN criou recentemente o “Ebook Sustentabilidade Alimentar”, uma espécie de livro digital que está disponível gratuitamente aqui.

Além de conceitos, esta ferramenta dedica um capítulo a refeições sustentáveis, sendo o objetivo “despertar a população e incentivá-la a fazer escolhas mais informadas”.

O ‘ebook’ é dedicado à população em geral e a profissionais de saúde, tendo a secretária-geral da APN exemplificado à Lusa o porquê da associação também apostar na sensibilização dos próprios agentes da área: “Hoje em dia já não é suficiente que um nutricionista diga que é importante consumir fruta, é importante que diga que é necessário consumir fruta de preferência fresca, local e sazonal”, exemplificou.

Paralelamente, em setembro, a APN retoma o ciclo de conferências mensais com uma iniciativa no dia 8 em Tavira, seguindo-se até ao final do ano Porto, Guimarães e Coimbra.