O papa Francisco reconheceu estar terça-feira, 5 de fevereiro, que padres e bispos abusaram sexualmente de freiras.
Questionado sobre um assunto, por um jornalista, no regresso da viagem aos Emiratos Árabes Unidos, o papa confirmou que “havia padres e também bispos que faziam isso”. Esta é a primeira vez tinha abordado a questão diretamente, considerando ainda que é um tema relevante na Igreja.
Citado pela AFP, Francisco adiantou ainda que esses casos, embora possam ser encontrados “em todos os lugares”, são mais presentes em “algumas novas congregações e em algumas regiões”, não especificando quais.
No início do ano, uma investigação da agência de notícias Associated Press denunciou uma série de abusos sexuais e violações cometidos sobre freiras, na Índia, durante décadas, por padres.
Quase duas dúzias de freiras e ex-freiras queixaram-se de repetidas violações e do facto de uma hierarquia católica pouco ter feito para as proteger. As vítimas detalharam também situações de assédio sexual frequentes, ao que se somaram relatos de sacerdotes que afirmaram terem tido conhecimento direto deste tipo de incidentes.
Congregações femininas compactuaram com “essa corrupção”, lembra o Papa
Ontem, o Papa garantiu que se está a trabalhar num dossiê sobre os abusos cometidos por membros da igreja Católica “há muito tempo”. “Suspendemos vários clérigos que foram demitidos por causa disso (…) Não sei se o julgamento [canónico] acabou, mas também dissolvemos algumas congregações religiosas femininas que têm estado muito ligadas a essa corrupção”, acrescentou o papa, observando que a Igreja não se pode refugiar em negação.
Como exemplo, Jorge Bergoglio deu as medidas levadas a cabo ainda pelo seu antecessor, Bento XVI, que teve “a coragem de dissolver uma congregação feminina” na qual “esta escravidão de mulheres foi estabelecida, escravidão que foi tão longe quanto a escravidão sexual das mulheres pelos clérigos e pelo fundador”.
O papa Francisco referia-se à congregação francesa das Irmãs contemplativas de São João, disse após a conferência de imprensa o seu porta-voz.
O chefe de Estado do Vaticano referiu ainda outra congregação religiosa, culpada de “corrupção sexual e económica”, na qual o papa Bento XVI insistiu em investigar. “Ele era um homem forte e consistente”, declarou o papa Francisco.
O papa chamou ao Vaticano, no final de fevereiro, os presidentes de conferências episcopais de todo o mundo para uma cimeira sobre “a proteção de menores”.
AT com Lusa
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