Pílula e níveis de stress elevados? Neurociência revela resultados surpreendentes

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[Fotografia: Simone van der Koelen/Unsplash]

A ingestão de contracetivos orais altera o humor e pode também ter impacto num maior risco de depressão, mas estudos indicam agora que as mudanças podem também tocar noutros planos: os níveis de stress.

Uma equipa multinacional composta por neurocientistas da Universidade dinamarquesa de Aarhus e o Centro de Neurociência da Universidade de Claremont, nos Estados Unidos da América procurou analisar o impacto da toma de pílulas juntos de mulheres que a usam e as que recorrem a métodos naturais para controlar os ciclos menstruais e concluiu que existe uma ligação entre o uso e o stress.

Para realizar este estudo, os cientistas mediram os níveis de ACTH, hormona do stress, presentes no sangue de 131 mulheres, com idade média de 20,5 anos, divididas em dois grupos: num deles as inquiridas tomavam pílulas anticoncecionais, noutro não.

Depois, os investigadores convidaram os participantes a integrarem atividades sociais como jogar jogos de tabuleiro, sessões de grupo, cantar músicas juntas ou assistir a uma missa, atividades conhecidas por diminuir os níveis de stress.

Após 15 minutos, a equipa de investigadores observou que os níveis de ACTH em mulheres que não tomavam pílulas anticoncecionais diminuíram, ao contrário do que aconteceu com o outro grupo.

Para o coordenador deste estudo, Michael Winterdahl, trata-se de estar a dar “um passo mais perto de entender como o cérebro regula o stress” e trazer pistas “sobre o mecanismo de resposta rápida que controla a reação do corpo ao stress”. “A bioquímica é complexa, mas assumimos que as pílulas anticoncecionais podem suprimir a produção de progesterona do corpo”, disse o neurocientista, acrescentando que os níveis de stress das mulheres que não tomavam pílulas, mas que acabaram de menstruar, também diminuíram. O estudo foi publicado no Behavioral Brain Research e os resultados, na versão original, podem ser consultados aqui.