Falsos psicólogos. Ordem recebeu mais de oito queixas por mês em 2024

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[Fotografia: Pexels/Shvets Production]

Em três anos, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) diz ter recebido 207 queixas de usurpação de título, ou seja, pessoas que se fazem passar por psicólogos e que não têm qualquer formação para tal. Números que parecem estar em crescimento.

“Durante os primeiros três meses deste ano deram entrada na OPP 25 queixas”, refere a entidade em comunicado enviado às redações. Ora, contas feitas, são mais de oito queixas por mês desde que este ano arrancou.

Para a entidade, urge alertar para “os perigos da pseudociência e de quem se faz passar por psicólogo”. “É fundamental que se saiba se se está a consultar um profissional que trabalha com base na evidência científica, como os psicólogos. Essa distinção é importante nas mais variadas áreas em que intervém a psicologia”, defende o bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Francisco Miranda Rodrigues, citado em comunicado.

Para lá deste guia que permite identificar um falso psicólogo, a OPP disponibiliza um diretório de especialistas – “onde pode confirmar se o profissional que pretende consultar é, efetivamente, psicólogo” – e um documento com “Perguntas e Respostas sobre queixas de más práticas”.

Muitas vezes, são consultores sem formação em psicologia. Vêm de outras áreas como a Gestão, a Economia e o Direito e fazem formação de coaching durante uns fins de semanas”, detalhava em entrevista à Delas.pt, em novembro de 2022, Francisco Miranda Rodrigues. O bastonário da OPP sublinhava, à data, que também havia casos de exercício ilegal de Psicologia (embora “de forma mais residual”) por pessoas que não terminaram o curso ou que nunca ingressaram na Ordem. Registavam-se, ainda, situações de “pessoas que achavam que têm muito jeito para os outros e passam a intitular-se ‘lifecoaches’”. Miranda Rodrigues alerta que a usurpação de funções é um negócio.

O responsável da OPP afirmava então que esperava que as denúncias por usurpação de título e de funções pudessem continuar a crescer, porque a população, notava, está cada vez mais consciente do que é a atividade da Psicologia. “Quanto mais as pessoas forem distinguindo o trigo do joio”, mais denúncias surgirão. “Creio que teremos uma ascensão dos números, antes da queda”, acrescentava o bastonário à Delas.pt. Muitas das queixas, revela, chegam através de “colegas psicólogos” e são comunicadas “frequentemente pelos pacientes”.